Após décadas como um dos principais produtores de ouro do planeta (o auge foi nos anos 1980, com o garimpo de Serra Pelada), o Pará ganha uma refinaria de ouro e vai gerar uma cadeia econômica a partir da verticalização da produção.
Por questões estratégicas, como a segurança, a refinaria será implantada em terreno cedido pelo Infraero dentro da área do aeroporto de Belém. A Tony Goetz terá capacidade instalada para refinar até 20 toneladas de ouro por ano, gerando 50 empregos diretos na operação e centenas de indiretos, na cadeia gerada (artesãos, Polo Joalheiro, fábricas de jóias e acessórios, ourives, joalherias). O investimento é de R$ 35 milhões, podendo chegar a R$ 40 milhões. A previsão é começar a operar em dezoito meses.
Verticalização - O processo de instalação da refinaria é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), com apoio da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec).
O titular da Sedeme, Adnan Demachki, destacou que a implantação de uma refinaria de ouro no Pará é especialmente emblemática por ser na cadeia da mineração, uma das mais fortes do Estado, entre as 14 desenvolvidas no âmbito do Pará 2030. “A refinaria se junta a outras importantes conquistas nessa área, como a ampliação da produção da Alubar, em quase 50%, e a implantação da Alloys, que vai produzir, entre outros, tarugos, esquadrilhas e rodas, também a partir do alumínio”, detalhou.
Conrad Issa, representante da Tony Goetz, garantiu que a refinaria “será uma das indústrias mais modernas do mundo no setor, trazendo para cá a tecnologia belga desenvolvida em vários continentes, inclusive na África”.
Roselito Soares, representante da Omex, sócia da Tony Goetz no projeto, elogiou os eixos e a estratégia do programa Pará 2030 e disse que a nova indústria vai refinar, em Belém, não apenas ouro proveniente do Pará, mas também de todo o Centro Oeste. Com isso, em vez de enviar ouro para refinar em São Paulo, como acontece, o Pará inverterá o processo. “Vamos competir em pé de igualdade com qualquer empresa nacional”, afirmou.
Roberto Guimarães, da Brazauro, gigante canadense que implanta uma mineradora de ouro em Itaituba (investimento de 500 milhões de dólares, para produzir 5 toneladas anuais de ouro, gerando na operação 650 empregos diretos, a partir de 2020) disse que está no radar da empresa produzir também outros metais preciosos e ligas de prata, além de matérias-primas para joalherias.
Fábio Costa, presidente da Codec, disse que a implantação da refinaria abre um leque de grandes oportunidades, pois vai gerar uma cadeia em torno do ouro refinado, desenvolvendo o Polo Joalheiro e atraindo grandes fabricantes de joias e acessórios. “Já estamos prospectando estes parceiros, com o fim de consolidar um projeto mínero-metalúrgico com a cadeia completa”, informou.
Ulisses Melo, da Sarubi Gold, destacou que a qualificação de mão-de-obra é fundamental no processo de empregos qualificados no Pará, especialmente no interior, e foi informado pelo secretário Adnan Demachki que o governo do Estado criou o Pará Profissional, que desenvolve mão-de-obra qualificada para as 14 cadeias enfeixadas no Pará 2030.
Mercado bilionário - O ouro é um dos ativos financeiros mais sólidos do mercado, sempre utilizado como reservas por causa da alta liquidez e da segurança. O Brasil hoje é o 12° maior produtor mundial e o Pará, o 2° maior produtor nacional (em 2016, foram 19,7 toneladas, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro).
O Pará abriga hoje várias plantas, grandes e pequenas, de produção de ouro e a demanda nacional é maior que a oferta. Com a refinaria, o Estado se insere num mercado que movimenta 2,3 bilhões de reais no Brasil, e também se tornará, em 2019, o maior produtor mineral do país, superando Minas Gerais.
A refinaria vai produzir barras de ouro certificadas internacionalmente, pela Associação do Mercado de Metais Preciosos de Londres (LBMA - London). “Isso possibilita a atração de empreendimentos joalheiros de todos os portes e insere o Pará de forma consistente no mercado internacional”, finalizou o secretário Adnan Demachki.
Por Edson Coelho
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