segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Governo federal despreza garimpeiros e populações ribeirinhas, Jatene fica calado

Se tal ameaça, de fato, acontecer, adeus Rio Tapajós e seus afluentes, adeus à nascente indústria do turismo no Oeste do Pará, adeus à salubridade das águas e à excelência do pescado daquela região, um dos principais pólos pesqueiros da Amazônia. Adeus a milhares de empregos e investimentos crescentes no turismo. Adeus à saúde pública e às belezas das quilométricas praias que atraem visitantes de todo o Brasil e do exterior. 
Este homem e milhares de outros garimpeiros merecem respeito
e atenção. Trabalho humilhante e insalubre para ele e para as
populações vizinhas
Justamente num momento em que se pretende disciplinar a atividade da mineração artesanal e industrial do médio e alto Rio Tapajós, a fim de impedir a contaminação deste e de mais quatro rios importantes além de centenas de igarapés da região, o governo federal ameaça transferir de Rondônia para o Pará milhares de trabalhadores garimpeiros que hoje se acham próximos às obras da hidrelétrica de Jirau. O destino exato seria o município de Jacareacanga, já largamente afetado pela poluição física e química dos garimpos.
Conforme revelação do blog do Jota Parente, o advogado e minerador de Itaituba, José Antunes, disse no fim de semana passado, numa rádio daquela cidade, que "essa é uma decisão que o governo federal já tomou, e que é quase impossível reverter a situação".
A questão, segundo ele, é que os garimpeiros do Tapajós já têm problemas demais, pela total falta de apoio do governo federal, que nunca olhou para esta região com o devido respeito. Os garimpeiros de Rondônia estão para ser transferidos porque a hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho, está para entrar em funcionamento, sendo impossível a permanência deles por lá, porque a área onde eles trabalham vai ser inundada.
O problema, ressalta Antunes, é que "daqui a alguns anos vai ser aqui no Tapajós que haverá inundação de uma grande área que vai cobrir boa parte da reserva garimpeira".
Além de utilizar os garimpeiros como massa de manobra, sem nenhuma política social destinada a oferecer a esses trabalhadores uma atividade sustentável e menos danosa à sua saúde do que a garimpagem, o governo cai na contradição de retirar a massa trabalhadora das proximidades de um canteiro de obras de hidrelétricas para realocá-la exatamente noutro canteiro, já que cinco usinas estão planejadas para o Tapajós, duas delas já em estado adiantado de estudos  e início das obras.
Com Hélio Gueiros foi diferente
No final da década de 1980, quando o governo federal tentou depositar lixo atômico e restos venenosos de césio-137 na Serra do Cachimbo, o então governador Hélio Gueiros adotou  medidas duras contra essas tentativas, impedindo-as.
Segundo recorda em seu blog Héber Gueiros, a respeito de seu avô Hélio,  "o então governador do Pará, Hélio Gueiros, reagiu de forma devastadora, diante da possibilidade de o Pará vir a ser destinatário de lixo atômico. Diante dessa possibilidade, ele tratou de desqualificar o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, enviado a Belém pelo Palácio do Planalto, um militar chamado Rex Nazaré. “O Pará não vai ser destinatário de lixo nenhum e eu não vou perder tempo discutindo com um sujeito com nome de cachorro”, disse o governador, despertando risadas nos jornalistas encarregados de entrevistá-lo".
Hoje não se trata de lixo atômico, mas de milhares de seres humanos humilhados. O lixo que se quer agora evitar é o despejo de barro e venenos dentro dos rios.
O palavreado de Gueiros era próprio de sua personalidade. O que se quer ver agora é a posição do governo de Simão Jatene diante da nova ameaça. O que vai dizer o governo do Pará, hoje? A federação vai continuar tentando ou mesmo tratando o Pará como terra de ninguém.
Por Manuel Dutra 

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