Por OSWALDO NETO
"Durante
operação, 19 foram presos por diversos crimes como estelionato, lavagem
de dinheiro e falsificação. Segundo a polícia, quadrilha atuava em no
mínimo cinco Estados".
Após
mais de sete meses de investigação, a Delegacia de Repressão ao Crime
Organizado (DRCO) desarticulou uma sofisticada rede de estelionato e
lavagem de dinheiro atuante em Manaus e em outros quatro Estados. Na
operação, intitulada “Puro Malte”, 19 mandados de prisão foram cumpridos
ao longo desta terça-feira (8), entre eles está o do gerente do
supermercado DB da avenida Grande Circular. Segundo a polícia, o roubo
chegava a R$ 10 milhões por ano.
As
investigações foram iniciadas em setembro de 2013 quando uma
testemunha, dona de uma empresa, alegou ter sofrido prejuízo de R$ 120
mil em um cartão corporativo. Segundo a polícia, o grupo agia de forma
meticulosa e dividia as tarefas para executar o esquema liderado pelo
empresário Claudino Alves do Prado, 51, vulgo “Show”, e Luís Fabiano
Oliveira de Lima, 35.
“A
quadrilha usava de meios sofisticados pois convocava cinco carteiros da
empresa Correios na aplicação dos golpes. Esses indivíduos atuavam no
sentido de guardar correspondências com cartões e senhas para depois
entregar à quadrilha. As vítimas, donas dos cartões, eram principalmente
de áreas nobres como Ponta Negra, Parque das Laranjeiras e Vieralves,
lugares de alto poder aquisitivo, consequentemente com cartões de
limites maiores”, explicou o diretor da DRCO, Sandro Sarks.
Em
outro "setor" da quadrilha, pessoas ficavam responsáveis por
desbloquear os cartões. “Se o dono do cartão fosse mulher, uma mulher
ligava para o banco e solicitava a ação, sendo a mesma coisa no caso do
indivíduo ser do sexo masculino. Em algumas situações, os carteiros
violavam o lacre das correspondências, retiravam o cartão, entregavam a
essas pessoas que, em seguida, trocavam a senha, gastavam e devolviam
aos entregadores. Isso tudo acontecia num prazo de até três dias”,
disse.
Por
semana, o grupo poderia alcançar o lucro de R$ 400 mil. Os golpes
atingiam vítimas de Estados brasileiros como Rondônia, Mato Grosso,
Ceará, Goiás, além da cidade de Manaus.
Durante
a “Puro Malte”, foram apreendidos dez veículos, mais de R$ 63 mil reais
em residências, 26 folhas de cheque em branco e 77 cartões de crédito,
assim como aparelhos eletrônicos, duas armas – uma PT 380 e um revólver
calibre 38 – e 100 munições intactas de vários calibres.
Lavagem do dinheiro
Para
não ser descoberta, a quadrilha via a necessidade de lavar o dinheiro
roubado das vítimas de forma rápida. Sendo assim, com documentos falsos e
o valor obtido dos cartões, empresas de bebidas foram criadas para
revender de forma mais barata cervejas e alimentos. Segundo a polícia,
os produtos eram comprados no supermercado DB da avenida Grande Circular
e o gerente do estabelecimento, Carlos César Bruno da Silva, sabia do
procedimento ilegal.
Em
comércios espalhados pela capital amazonense, indivíduos também atuavam
como receptadores. Na ocasião, Elielson de Amaral Sousa, 25, e Márcia
de Amaral Sousa, 34 foram presos por mandado de prisão. “Os líderes
compravam cervejas em grandes quantidades – com aval de Carlos - ou até
caminhões inteiros para fazer essa distribuição. Essas pessoas que
recebiam os produtos também sabiam do crime”, afirmou Sandro Sarks.
Luxo
Viagens,
carros e casas eram alguns dos gastos da quadrilha. Apontado como o
"cabeça" do grupo, Claudino chegou a comprar com o dinheiro dos cartões
um veículo - modelo BMW de placas OAE–5504 - à vista no valor de R$ 150
mil. “Ele comprou o carro com nome e falso e passou para o nome da
esposa, Jusele Lemos Leal. Essa é a típica ação de uma quadrilha
extremamente articulada para não ser pega”, afirmou o delegado adjunto
da DRCO, Mário Junior.
Aposentadoria fraudulenta
Além
dos diversos crimes descobertos pela polícia, duas pessoas,
identificadas como Mário Pereira, 50, e Célia Regina de Jesus, 37, foram
presas em Fortaleza (CE) suspeitas de praticar crimes contra a
Federação ao falsificar documentos de idosos e obter lucro por meio do
valor da aposentadoria, benefício do Instituto Nacional de Seguro Social
(INSS).
“Eles
chegavam ao cartório com o idoso, que tirava uma certidão e emitia
carteira de identidade. Porém, foi constatado que pelo menos cinco
dessas pessoas possuíam várias identidades em Estados diferentes”. A
polícia desconfia que a quadrilha arrecadava o valor e entregava uma
porcentagem aos verdadeiros donos. Segundo a Polícia Civil, o crime será
investigado agora pela Polícia Federal.
De
acordo como Sarks, o grupo foi autuado em flagrante pelos crimes de
estelionato, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro,
aposentadoria fraudulenta, compra, venda e clonagem de cartões de
crédito. A quadrilha está em regime de prisão preventiva, onde todos os
integrantes devem ser ouvidos pela Polícia para ficarem à disposição da
Justiça.
Leia abaixo os nomes divulgados pela Polícia Civil:
- Luís Fabiano Oliveira de Lima, 35 (compra cartão de crédito dos funcionários dos Correios);
- Claudino Alves do Prado,
51 (foi preso cinco vezes em Estados diferentes pela compra de cartão
de funcionários dos Correios. Tinha mandado de prisão em aberto da
comarca do Ceará por homicídio de Fernando Araújo Borges. Comprou uma
BMW no cartão de crédito com o nome de Cláudio);
- Jusele Lemos Leal, 32 (esposa de Claudino. Foi presa em 2002 com o marido no Ceará por estelionato);
- Manoel de Jesus Alves de Araújo, 25 (comprava cartão de crédito dos carteiros e se passava pelas vítimas para desbloqueá-los);
- Cinara Giselle de Souza Andrade, 23 (cunhada de Luís Fabiano. Usou cartões de crédito para fazer compras);
- André da Silva de Almeida, 30 (carteiro que vendia cartões);
- Makson Tomaz Santos de Oliveira, 31 (carteiro que vendia cartões);
- Fábio da Silva Chaves, 33 (carteiro que vendia cartões);
- Márcio Moraes de Oliveira, 55 (carteiro que desviava e vendia cartões de crédito e senhas);
- Clóvis Matos da Silva, 44 (carteiro que vendia cartões);
- Paulo Sérgio Borgneth Pantoja, 44 (cometia crimes de estelionato. Foi preso em flagrante ao comprar cartões de crédito);
- Carlos César Bruno da Silva, 40
(gerente do supermercado DB localizado na avenida Grande Circular onde
Luís comprava bebidas com cartão de crédito dos carteiros. Carlos sabia
que os cartões não pertenciam a Luís Fabiano);
- Elielson de Amaral Sousa, 25 (empresário do ramo de bebidas, receptador);
- Márcia de Amaral Sousa, 34 (empresária do ramo de bebidas, receptadora);
- Diego Jansen de Paula Caetano, 31 (fabricava carteiras de identidade falsas e é parceiro de Luís Fabiano);
- Jardel Ferreira Bezerra, 28 (fazia compras com cartões de crédito de terceiros);
- Nailson Gama da Silva Júnior, 20 (namorado do Manoel, fazia compras no comércio de Manaus usando cartões de crédito comprados dos carteiros);
- Mário Pereira, 50 (preso no CE, cometia crimes de estelionato com uso de cartões de crédito desviados e fraude de aposentadoria);
- Célia Regina de Jesus, 37 (esposa de Mário. Participava das fraudes).
e triste dizer que os carteiros vendiam cartoes sem o termino do processo
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