Depois de uma denúncia, 18 pessoas entre mulheres, uma adolescente e um travesti foram resgatadas na última quarta-feira (13) de uma boate nas proximidades do sítio Pimental, um dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Em depoimento à polícia as vítimas alegaram que foram aliciadas em cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A promessa teria sido de R$ 10 mil a R$ 14 mil para trabalharem como prostitutas em Vitória do Xingu.
Mas chegando ao Pará, as vítimas encontraram situações precárias e foram mantidas em cárcere privado. Doze vítimas já estão em Belém, sob proteção do Estado, e quatro decidiram permanecer em Altamira. Dois funcionários da boate foram presos e o proprietário, cuja identidade não foi revelada, permanece foragido.
Em coletiva de imprensa, realizada ontem (19) pela manhã, na sede da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), o secretario Luiz Fernandes, afirmou que o caso da última semana é resultado de um trabalho que o Estado vem realizando desde 2011. “O Pará já dispõe de um Plano Estadual de Combate ao Tráfico de Pessoas e tem uma rede estruturada para combater as ações criminosas. O que nós precisamos é fortalecer essa rede e, para isso, é fundamental o apoio da população nos ajudando e denunciando através do 181 ou de outros números nacionais”, afirma.
Como medidas de combate ao crime foram anunciados o fortalecimento da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, em parceria com o governo federal, instalação de uma unidade Pro Paz em Altamira, envio de uma nova comitiva do Estado para a região, ainda esta semana, e a criação de um Grupo de Trabalho para desenvolver ações de prevenção e combate às redes criminosas.
O objetivo é aprimorar as políticas públicas de promoção, defesa e assistência social na região do Xingu. Na última semana, pelo menos 32 pessoas foram identificadas como vítimas de exploração sexual nos municípios de Altamira e Vitória do Xingu, no sudeste paraense. Parte das vítimas era de outros Estados e estava em situação de cárcere privado.
Segundo dados da Segup, três casos de tráfico de pessoas foram registrados em 2011, sete em 2012 e três até fevereiro deste ano. As denúncias também podem ser feitas por meio de ligações gratuitas para o número 100.
De acordo com Christiane Lobato, delegada geral adjunta da Polícia Civil, as redes que controlam o tráfico de pessoas são chefiadas por criminosos poderosos que costumam diversificar suas atividades. “O tráfico de pessoas costuma estar associado ao tráfico de drogas e até ao tráfico de armas. É uma organização perigosa que ameaça não só as vítimas, mas também as famílias das vítimas, o que torna o processo de investigação mais difícil porque as denúncias não chegam à polícia”, explica.
Na última sexta-feira (15), incursões das polícias Civil e Militar em casas noturnas na região de Altamira interditaram cinco estabelecimentos e encontraram mais 14 jovens vítimas de exploração sexual.
O Grupo de Trabalho que vai atuar na região de Altamira será composto pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Instituto Federal do Pará (IFPA) e Pro Paz.
(Diário do Pará)
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