Responsável por duas mortes em 2014 no
Pará, a Doença de Chagas pode ter feito mais uma vítima no Estado.
Diagnosticado com a enfermidade há cerca de dois meses, o médico
obstetra Manoel Cardoso, 63 anos, morreu, na última quarta-feira (8), em
um hospital particular de Belém. A suspeita é de que ele tenha
consumido açaí contaminado com o parasita causador da doença.
Segundo informações repassadas pela
Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em 2015 já foram
registrados 39 casos da enfermidade, a maioria provocada pela
transmissão oral através do consumo de alimentos contaminados. Ainda
segundo a Sespa, seis municípios do Estado tiveram registros da doença
neste ano. O maior número de casos ficou concentrado em Ananindeua e na
capital, Belém. Em 2014, foram confirmados 137 casos da Doença de Chagas
aguda em vinte municípios paraenses.
Moradora do bairro da Cidade Velha -
onde o médico costumava comprar açaí-, a cozinheira Marcele Sanches
afirmou que ficou apreensiva ao saber do caso. Ela disse que, mesmo
antes da notícia da morte do médico, sua família já comprava o produto
apenas de lugares que sabidamente cumprem as regras da Vigilância
Sanitária. “O meu avô toma meio litro de açaí todos os dias, mas ele não
tem essa noção de verificar de onde está comprando”, contou,
referindo-se ao avô, Francisco Barra, 78. “Mas a minha avó tem essa
preocupação e sempre tem o cuidado de comprar em locais seguros. Com
esse caso da morte do médico, nossa preocupação redobrou”.
Habituada a consumir o produto sempre
de um mesmo ponto, Marcele destaca que prefere ficar sem tomar açaí nos
dias de falta, do que arriscar a comprar em um ponto
desconhecido. “Quando não tem no local onde compramos, preferimos não
adquirir em outro lugar. O meu avô até fica aborrecido, mas não
arriscamos”, afirmou.
CUIDADO
Cliente do mesmo ponto de venda de
açaí há 20 anos, a dona de casa Cezarina da Silva, 71, também diz que
tem o cuidado em saber a procedência do produto. Diante do ponto
equipado para possibilitar todas as fases do processo de branqueamento -
como é chamado o procedimento recomendado para a eliminação do parasita
causador da doença-, ela confirma a confiança no local escolhido. “Há
mais de 20 anos, eu só compro açaí aqui. Nunca tive problemas”, disse.
“Eu evito comprar em outro lugar. Sem açaí, não dá pra ficar. Então,
compro aqui, porque sei que é bom e saudável”.
Garantindo o cumprimento do
procedimento recomendado, o batedor de açaí Vitor Moraes lembra que fez
um curso específico para aprender a maneira correta de preparar o fruto
para a extração da polpa e, assim, evitar os riscos de contaminação de
doenças por meio da ingestão de açaí. “São três fases para poder fazer o
branqueamento. Os clientes veem que aqui a gente faz tudo isso
certinho”, declarou o proprietário de um ponto localizado também no
bairro da Cidade Velha. “Eu fiz um curso sobre tudo isso na Vigilância
Sanitária”.
(Diário do Pará)
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