quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Agente infiltrado que ajudou investigação que prendeu dois delegados morreu fuzilado


Operação da corregedoria prendeu policiais civisO delegado Gilson Emiliano Soares, corregedor da Polícia Civil, informou que um agente infiltrado na 53ª DP para colaborar com as investigações que levaram à prisão de sete policiais nesta quinta-feira foi assassinado com tiros de fuzil na capital, no fim do ano passado. Apesar de ressaltar que ainda não há indícios de vinculação do assassinato do colaborador com as investigações da Corregedoria, Gilson Emiliano não descarta a possibilidade e aguarda a conclusão da apuração feita pela Delegacia de Homicídios da capital.

— Parte das provas foi colhida por um agente infiltrado. Um colaborador, que confessou a prática de crimes com este determinado grupo e que também fez uma colaboração premiada. Ele se comprometeu, com ordem judicial e acompanhamento policial, a colher dados probatórios. Este colaborador, que também ia responder pelos crimes, mas com pena reduzida por face da colaboração premiada, foi posteriormente assassinado. É bom que se ressalte não haver nenhuma informação que vincule a sua morte a esta investigação da Corregedoria.
A morte do colaborador, de nome Fabrício, está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da capital.
— Ele foi assassinado com tiro de fuzil no Rio de Janeiro no ano passado. O colaborador tinha envolvimento com várias outras delegacias, o que leva à interpretação de que muitas pessoas tinham interesse de matá-lo — contou o corregedor, acrescentando que não houve pedido de proteção.
Segundo o corregedor, a prisão preventiva foi decretada por dois motivos: para assegurar a ordem pública e para garantir a integralidade da instrução criminal, ou seja, que testemunhas e vítimas não sejam coagidas pelos acusados.
Gilson Emiliano Soares contou que informações colhidas em maio do ano passado revelaram um caso de estorsão mediante sequestro de um traficante conhecido como Orelha, da Chatuba. Inicialmente, segundo ele, foi exigida a quantia de R$ 53 mil de seus parentes, mas o valor acabou sendo reduzido para R$10 mil.
Havia uma investigação em andamento que tinha uma interceptação telefônica. Então, no dia 31 de maio de 2017, no interior da 53ª DP, o agente infiltrado captou um áudio e vídeo no qual o chefe do Grupo de Investigação Criminal (GIC) estaria mantendo em cárcere um traficante da área denominado Orelha.
— Ele condicionou ao pagamento essa libertação indevida, diga-se de passagem, porque contra este traficante existem mandados de prisão. Eles negociaram a libertação sob a exigência de inicial de R$ 53 mil, valor associado ao número da delegacia, a 53ª DP. Após as negociações, o valor caiu para R$10 mil. Este traficante foi posto em liberdade por volta das 16h, quando foi paga a quantia exigida de seus familiares.
A partir de então, a Corregedoria começou a caçada pelo traficante Orelha, preso em agosto de 2017:
— Ao ser preso, Orelha contou tudo o que aconteceu. Por isso eles foram denunciados por extorsão mediante sequestro, que é crime hediondo — detalhou.
Segundo o corregedor, para alguns crimes, os acusados aceitavam a quantia de R$ 500 apenas:
— Não importa se é mixaria. O crime é o mesmo, só muda a escala de valores, infelizmente. Mas não existe crime perfeito, nem mentira que dure para sempre. Um dia a casa cai.
O corregedor Gilson Emiliano disse que o seu sentimento com o resultado dessa investigação mistura tristeza e alegria.
— Muita tristeza, à medida que policiais que foram nomeados para defender a sociedade desviam de seus deveres funcionais. Mas há uma alegria, porque a sociedade pode ter certeza de que os órgãos correcionais estão fazendo seu trabalho. Estamos com o sentimento do dever cumprido. Mas também com o sentimento de que é necessário se fazer muito mais. Temos certeza de que o número de policiais que praticam desvios é ínfimo em relação ao efetivo. São pouquíssimos policiais que desviam de suas funções. É triste ver autoridades policiais sendo presas, mas, evidentemente, a corrupção não afeta somente a Polícia Civil.
Gilson Emiliano disse que, somadas, as penas para os crimes cometidos por esse grupo podem ultrapassar até mais de 40 anos de prisão. Eles também podem ser demitidos da Polícia Civil.

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