Foco maior da devastação se verifica nos arredores das áreas conhecidas como Vila Canopus e Vila Fumaça, onde pelo menos 100 quilômetros estão tomados por derrubadas para fazer pasto.
Somente nos quinze primeiros dias do mês de agosto o Pará já registrou 165 focos de queimadas em todo o seu território, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No primeiro semestre inteiro, foram notificados 1.079 focos de queimadas no intervalo entre 1 de janeiro a 15 de julho de 2019.
Os dados foram obtidos na página do instituto, por meio do Banco de Dados de Queimadas, disponível na internet. Os índices mostram ainda que o Pará ocupa o oitavo lugar no ranking dos estados brasileiros com as maiores ocorrências de focos de queimadas. Se analisar somente os dados deste mês, o Estado cai para décimo no número de focos registrados. Em junho foram 315, então a tendência deve ser de alta até o dia 31. Altamira e São Félix do Xingu lideram os municípios com focos de queimadas.
Na semana passada, a coluna Repórter 70, do jornal O Liberal, registrou que uma grave ocorrência de crime ambiental está ocorrendo nas barbas do Ibama e do Ministério Público Federal na divisa dos municípios de São Félix do Xingu e Altamira. Grileiros estão tocando o terror na área com derrubadas e queimadas que assolam toda a região. A área atingida corresponde a mais de 30 mil hectares, ou seja, mais de 40 mil campos de futebol. O foco maior da devastação se verifica nos arredores das áreas conhecidas como Vila Canopus e Vila Fumaça, onde pelo menos 100 quilômetros estão tomados por derrubadas para fazer pasto.
Segundo a nota, que teve grande repercussão na capital paraense, O Ibama não consegue chegar aos reais desmatadores da área porque, como a terra não é documentada, os agentes indagam quem encontram na área sobre que seria o responsável pelo desmate. Um nome qualquer e CPF, geralmente de laranjas, são fornecidos ao Ibama, que aplica a multa no nome fornecido, “deixando o verdadeiro responsável pela degradação ambiental, livre, leve e solto para continuar derrubando e queimando a mata”.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que faz o monitoramento periódico dos focos de queimadas no território do Pará. O objetivo é fazer o acompanhamento do fenômeno que pode ocorrer de forma natural ou provocada.
Dados mais recentes do satélite NOAA 15, usado como referência pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que o município de São Félix lidera o ranking de focos de calor no Pará. Em agosto, até o dia 20, São Félix do Xingu teve 1.073 registros de possíveis queimadas. Em 2009, no mesmo período, haviam sido 274 - um aumento de 358%. A fiscalização, que poderia esclarecer a questão, é inexistente. Ninguém é punido. A maior parte dos processos judiciais abertos contra autores de queimadas no município acabou engavetada e prescreveu. As multas, mesmo as milionárias, são ignoradas.
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