terça-feira, 16 de novembro de 2021

Preços dos alimentos podem variar até 86,6% entre redes de supermercados, revela pesquisa


O Norte ficou em terceiro lugar entre as regiões onde houve o maior avanço do preço da cesta básica em setembro, na comparação com agosto, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) na última sexta-feira (12). A variação foi de 1,76%, atrás apenas do Sudeste (2,09%) e do Centro-Oeste (2,05%). Em seguida ficaram o Sul (0,96%) e o Nordeste, que teve uma queda no preço da alimentação básica, de 0,07%. A nível nacional, a alta foi de 1,37% entre agosto e setembro deste ano, e de 18,84% na comparação com o mesmo período do ano passado. Desta forma, é possível notar que o reajuste no Norte foi maior que a média brasileira.
Entre os 35 produtos que compõem a cesta básica no país, a Albras mostra que o café torrado e moído, o açúcar e o biscoito cream cracker tiveram as maiores altas deste ano, respectivamente, de 33,85%, 30,33% e 24,54%, além da margarina cremosa (23,45%), do ovo (22,53%) e do frango congelado (21,26%). Já as maiores quedas foram registradas nos preços da batata (-28,87%), cebola (-19,67%) e arroz (-14,52%).

Da mesma forma, o café e o açúcar lideram a lista de produtos com as maiores altas em Belém em 2021, até outubro. De acordo com um levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o reajuste dos itens foi de 46,54% e 33,71%, respectivamente. Na tarde desta segunda-feira (15), a reportagem visitou alguns supermercados e encontrou o café a um custo de R$ 4,25 até R$ 8,95, pelo pacote de 250 gramas, dependendo da marca. Já o açúcar tem uma variação entre R$ 3,54 e R$ 5,29 nos locais visitados.

Em seguida, segundo o Dieese, aparecem a manteiga (14,67%), leite (10,44%), carne (10,11%), pão (6,92%) e arroz (4,26%), entre outros, na lista dos produtos com maior variação de preços. Somando todos os itens, a alta no ano já alcança 7,5%, e a do mês, 1,1%.
Pesquisar é a melhor saída

Como o estudo também aponta que o preço de um produto de mesma marca ou qualidade pode variar até 86,6% de uma rede supermercadista para outra, o economista Nélio Bordalo ressalta a importância de fazer pesquisas antes de ir às compras. Afinal, a alta nos preços dos alimentos vem afetando o orçamento das famílias brasileiras e qualquer economia é bem-vinda.

“É muito importante que o consumidor faça pesquisas para verificar qual local está com os melhores preços no geral, principalmente para pagar o total da compra com menor valor possível. Muitos supermercados ou atacarejos costumam colocar preços baixos em alguns produtos só para atrair o cliente, mas praticam preços altos nos produtos que possuem maior valor agregado de venda. Ou seja, o consumidor é atraído por alguns preços, mas paga mais no final da conta e não percebe isso”, alerta.

Nélio diz que também é essencial que o consumidor observe as marcas dos produtos, e compre a que estiver com preços compatíveis com seu orçamento doméstico, mas também ficando de olho na qualidade do produto. Além disso, comprar em locais que possuem ofertas reais é um diferencial no bolso do consumidor, na opinião do economista.
Consumidores têm hábito de pesquisar

Na capital paraense, com o avanço dos preços na alimentação, os consumidores já têm o costume de pesquisar os valores de cada produto em várias redes de supermercado. A cabeleireira Arlene Melo, de 51 anos, e o gráfico Mauro Melo, de 50, estavam fazendo compras no feriado de ontem e não negaram o que todo mundo também sentiu: tudo está mais caro.

“Já faz tempo que observamos isso, desde que a pandemia começou”, conta Mauro. Por conta disso, os dois precisaram cortar uma série de alimentos e substituir outros por opções mais baratas. “Antes, eu comprava pela qualidade, escolhia o melhor, agora vou pelo preço mais baixo”, relata Arlene. Uma das mudanças é que eles não compram carne, frango e peixe em supermercados – agora somente nas feiras, onde o preço é mais baixo.

Outra consumidora que estava fazendo compras é a economista Juliane Francês, de 50 anos. Ela comenta que todos os produtos estão mais caros, até os que não fazem parte da cesta básica. “Está tudo com preço elevado, acima do normal que estávamos acostumados. Por isso eu tenho, sim, o costume de pesquisar antes de comprar, mas acho que não há um ganho real, porque o que fica mais barato aqui é mais caro em outra empresa e vice-versa. Eles tiram de um produto e aumentam em outro. Então nenhum supermercado está realmente com preços bons”, opina a consumidora.
Veja as diferenças de preços encontradas em dois supermercado de Belém

Supermercado 1:
Carne: de R$ 23,9 a R$ 36,35 o quilo do picadinho, e R$ 26,8 o do cupim
Leite: não estava exposto no momento
Arroz: de R$ 3,38 a R$ 5,99 o quilo
Feijão: de R$ 4,99 a R$ 8,58 o quilo
Café: de R$ 4,25 a R$ 6,58 o pacote de 250g
Açúcar: de R$ 3,68 a R$ 4,68 o quilo
Óleo: R$ 8,10 a R$ 9,74 o litro
Manteiga: de R$ 7,76 a R$ 12,39 a embalagem de 200g
Margarina: de R$ 2,55 a R$ 4,99 a embalagem de 250g
Ovo: R$ 16,49 a bandeja grande, com 30 unidades
Frango: de R$ 9,94 a R$ 15,5 o congelado, e de R$ 11,25 a R$ 11,3 o resfriado.

Supermercado 2:
Carne: de R$ 27,9 a R$ 29,95 o quilo do picadinho, e R$ 28,6 o do cupim
Leite: de R$ 4,99 a R$ 5,85 o litro integral
Arroz: de R$ 3,75 a R$ 4,99 o quilo
Feijão: de R$ 5,69 a R$ 8,59 o quilo
Café: de R$ 5,98 a R$ 8,95 o pacote de 250g
Açúcar: de R$ 3,54 a R$ 5,29 o quilo
Óleo: de R$ 8,4 a R$ 8,65 o litro
Manteiga: de R$ 7,69 a R$ 11,7 a embalagem de 200g
Margarina: de R$ 2,95 a R$ 4,99 a embalagem de 250g
Ovo: de R$ 11,89 a R$ 23,36 a bandeja grande, com 30 unidades
Frango: R$ 9,95 o congelado e R$ 17,9 o resfriado

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