Essa pergunta tem sido uma “pedra no sapato” de muitas pessoas ao
longo dos séculos, sejam elas crentes ou não, simplesmente porque temos
medo da resposta, apesar da consciência geral(equivocada) de que vamos
para o céu. O ser humano, de uma forma geral, tem um pavor tão grande de
morrer, e consequentemente do que virá depois, que formar teorias sobre
o assunto, mesmo que estranhas às escrituras, passou a ser um forma de
amenizar o terror e diminuir a ansiedade pela volta de Jesus (parousia).
Talvez, esse sentimento tenha surgido na Igreja Primitiva a partir do
final do séc. I, muito em função das especulações sobre a demora de tal
evento.
A partir de uma leitura simples de Gênesis e dos textos subsequentes,
podemos constatar que não há, no texto bíblico, absolutamente nada que
comprove a tese da imortalidade da alma. Ao contrário, é a partir do
livro da criação que começamos a entender o que Deus tencionou fazer,
mostrando inicialmente que, o “fôlego de vida” de homens e animais é
exatamente o mesmo! Vejamos a clareza de alguns textos:
Na formação do homem, Deus fez conforme escrito em Gênesis 2:7, que diz:
“Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe
soprou[nefesh] nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma
vivente”.
Perceba que o homem “passou a ser” alma vivente e não a “ter” uma
alma vivente! Esse versículo é a chave para a compreensão da verdade
escondida até aqui.
Se fôssemos descrevê-lo através de uma fórmula matemática, diríamos:
Pó da Terra (corpo) + fôlego de vida (espírito) = Alma vivente.
Pó da terra – fôlego de vida = cadáver (sem vida).
Pó da Terra (corpo) + fôlego de vida (espírito) = Alma vivente.
Pó da terra – fôlego de vida = cadáver (sem vida).
A união do corpo com o fôlego de vida de Deus resultou em uma alma
vivente. Como dissemos, podemos ver que o homem “é uma alma” e não
“possui uma alma”. O texto de Deuteronômio 10:22 é esclarecedor para
demonstrar essa diferença:
“Com setenta almas (vidas) teus pais desceram ao Egito; e agora o Senhor teu Deus te fez, em número, como as estrelas do céu.”
É importante lembrar que, tanto na versão da sociedade bíblica
britânica quanto na bíblia de Jerusalém, lê-se VIDAS, e não “almas”,
como apresentado propositalmente na versão Almeida, acima.
O fôlego de vida (espírito) humano, dado por Deus, a fonte de toda a
vida (Salmos 36:6) é o mesmo de todos os animais; isto quer dizer que
este alento de vida não pode ser algo inteligente, pois se o fosse, o
fôlego de vida dos animais teria de ser algo racional também. Do mesmo
modo, este espírito (sopro ou fôlego de vida) não é algo pensante, pois
na morte, o ser humano deixa de existir como um todo.
Vejamos Gênesis 1:30, que diz:
“E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a
todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida[nefesh], toda a erva
verde lhes será para mantimento. E assim se fez”.
Ainda em Gênesis 6:17, lemos:
“Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará”. (grifo próprio)
Note que, no dilúvio, Deus promete que tudo que possui espírito de
vida debaixo dos céus, morrerá: isso inclui homens e animais(Gênesis
7:22-23). Em Gênesis 7:15, temos:
“E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca”.
Repare que o Senhor estava referindo-se aos animais quando mencionou
quem entrava na arca. O início do engano reside no fato de alguns amados
dizerem que, embora os seres humanos tenham o mesmo espírito dos
animais, julgam que esse espírito nos foi dado por Deus de forma
diferente deles, tendo soprado apenas em nós, talvez desconhecendo o
texto de Eclesiastes 3:19-21, que diz:
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também
sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim
morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre
os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um
lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o
fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para
baixo da terra?”
É importante observar que, ao contrário do que pensávamos, não há
diferença alguma entre o fôlego de homens e animais (leia ainda Gênesis
7:21-22; Números 31:28). Além disso, a posse do “fôlego de vida” não
confere, em si mesmo, imortalidade a ninguém; pois, por ocasião da
morte, “o fôlego de vida” retorna para Deus. A vida deriva de Deus, é
mantida por Deus, e volta para Deus. Essa verdade é claramente expressa
em Eclesiastes 12:7, que diz:
“…antes que o pó volte à terra, de onde veio e o espírito [ruach] volte para Deus, que o concedeu.”
Note que, o que retorna para Deus não é uma “alma imortal” humana,
mas o espírito divino que transmite vida e que, nas Escrituras, é
igualado ao fôlego de Deus, o seu espírito, conforme Jó 34:14-15, que
diz:
“Se Deus…recolhesse o seu espírito [ruach] e o seu sopro [nefesh], toda carne pereceria juntamente, e o homem retornaria ao pó”.
O paralelismo de linguagem nesse versículo confirma que o “fôlego de
Deus” é o Seu espírito, transmissor de vida. E observem que não é
somente o “espírito [fôlego]” dos crentes que vai para Deus, mas sim, o
“espírito [fôlego]” de TODOS os homens. Isso não significa que todos os
homens vão participar do reino de Cristo, mas o texto diz, simplesmente,
que o espírito de todo e qualquer ser humano que morre, volta para
Deus, conforme Eclesiastes 12:7.
Na bíblia, a morte é caracterizada, não como a separação entre uma
suposta alma e o corpo, mas como a retirada do fôlego de vida (o
espírito divino que concede vida). Isso demonstra que o “fôlego de vida”
não é um espírito ou alma imortal que Deus confere a suas criaturas,
mas o dom da vida que os seres humanos possuem pela duração de sua
existência terrena. Enquanto permanecer o fôlego de vida, os seres
humanos são “almas viventes”. Quando, porém, o fôlego se vai, tornam-se
corpos mortos, conforme Tiago 2:26, que diz: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.”
Até aqui, descrevemos apenas o início da história e formação do homem
à luz da bíblia, e não constatamos menção do Criador sobre uma “alma
imortal” como elemento constitutivo da natureza do ser criado “à imagem e
semelhança” Dele. O que a Palavra de Deus nos revela é que Deus formou o
homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o “fôlego de vida” e este
tornou-se uma “alma vivente” (não que recebeu uma alma vivente).
Vejamos agora, um trecho bastante significativo envolvendo o profeta
Ezequiel, em seu capítulo 37, que descreve um evento espetacular de
ressurreição: a famosa visão do vale de ossos secos. Embora esse texto
ressalte o relacionamento particular de Deus com os judeus, essa visão
relata e nos ensina algo bem concreto referente à formação do homem:
O Vale dos Ossos Secos
Ezequiel 37:1-14 diz: “Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me
fez sair no Espírito do Senhor, e me pôs no meio de um vale que estava
cheio de ossos. E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui
numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos. E me
disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse:
Senhor Deus, tu o sabes. Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e
dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor
Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E
porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós
estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que
eu sou o Senhor. Então profetizei como se me deu ordem. E houve um
ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos
se achegaram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos
sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima;
mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito,
profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor
Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos,
para que vivam. Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído,
enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se
achegaram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre
eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas
não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito,
profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor
Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos,
para que vivam. E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito
entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em
extremo. Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de
Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa
esperança; nós mesmos estamos cortados. Portanto profetiza, e dize-lhes:
Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos
farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de
Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos
sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu”.
É importante comparar diferentes traduções referentes a esse texto
para desfazer qualquer dúvida no sentido dos termos. A tradução judaica
The Holy Scriptures According to the Masoretic Text (Escrituras
Sagradas, Segundo o Texto Massorético), da The Jewish Publication
Socitey of América (Sociedade Americana de Publicações Judaicas), de
Philadelphia, EUA, bem como a King James e a New International Version
falam de “fôlego”, em lugar de “espírito”, no que tange ao retorno do
último componente para transmitir vida ao conjunto dos ossos
“sequíssimos” que se unem a nervos, músculos e pele. Por fim, o
recebimento desse “fôlego” transforma aquela miraculosa reconstituição
em seres humanos, pessoas viventes e bem ativas.
Também é preciso ressaltar que, na versão de “A Bíblia na Linguagem
de Hoje”, da Sociedade Bíblica do Brasil, encontramos as seguintes
declarações relacionadas a esse capítulo: “Porei respiração dentro de
vocês e os farei viver de novo”; “porém, não havia respiração nos
corpos” e “Homem mortal, profetize para o vento…para soprar sobre esses
corpos mortos a fim de que vivam de novo”. Uma nota de rodapé explica:
“Vento: a mesma palavra hebraica pode significar espírito, ou
respiração, ou fôlego”. Essa palavra hebraica é ruach, já citada
anteriormente, a mesma de Eclesiastes 12:7 – “…antes que o pó volte à
terra, de onde veio e o espírito volte a Deus, que o concedeu”.
Nos versos 12 e 13 lemos:
“Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas
sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que
eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir
das vossas sepulturas, ó povo meu. Porei o meu espírito dentro de vós e
vivereis…”.
Em uma leitura isenta, logo atentaremos para o fato de que os
elementos básicos que formam esse exército, sob o comando do Senhor,
procedem das sepulturas, sem qualquer menção a almas oriundas de
qualquer lugar, no universo. O texto diz que o “espírito” (fôlego) de
Deus é adicionado aos componentes reconstituídos de carne e ossos, e a
vida é restaurada. Mais uma vez percebam: não vemos nenhuma menção a
qualquer alma imortal sendo reintegrada aos seres, para que vivam.
Precisamos enfrentar o fato de que, se a ressurreição humana
dependesse da integração de uma alma que venha transmitir vida a quem
jaz morto, as Escrituras teriam mencionado! Contudo, não encontramos tal
coisa em nenhuma parte do relato bíblico.
Além disso, a bíblia não apóia, em absoluto, a doutrina popular de
que os mortos permanecem conscientes até a ressurreição. Pelo contrário,
enfaticamente refuta tal ensinamento.
Emprega-se, comumente, o verbo dormir como símbolo da morte: João 11:11-13; I Coríntios 15:51; I Tessalonicenses 4:13-17.
Nas Escrituras, a morte é comparada a um “sono” por cerca de 53
vezes, indicando assim o estado de inconsciência dos mortos até a volta
do Messias.
Veja a simplicidade da sequência dos textos a seguir:
“Assim falou e depois lhes disse: Nosso amigo Lázaro dorme, mas
vou despertá-lo do sono. Disseram-lhe, então, os discípulos: Senhor, se
dorme, ficará bom. Jesus tinha falado da morte de Lázaro; mas eles
supunham que falasse do repouso do sono.” (João 11:11-13).
Quando o Mestre conversava com as irmãs enlutadas, por ocasião da
morte de Lázaro, não as consolou dizendo coisa alguma sobre ele estar
“na glória”, como é a crença popular. A ênfase da conversação deles é a
FUTURA ressurreição dos mortos por todo o capítulo 11 de João. Por isso,
Ele pôde dizer em João 11:25-26, sem deixar margem à dúvida: “Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E
todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá. Crês tu isto?”
Note que, se o texto dissesse: “…ainda que morra, vive.”, poderíamos
crer que existem almas aguardando o juízo em algum lugar! Mas o verbo
viver está no futuro porque isso só acontecerá no FUTURO, na
ressurreição dos justificados!
Além disso, amados, percebam na clareza desse texto que, se a alma
fosse imortal, a morte do Messias seria desnecessária, porque ao morrer e
ressurgir, Ele possibilitou a nossa ressurreição dos mortos! Crer em
Jesus e obedecê-lo durante a vida é o que vai garantir-nos também
ressurgir dos mortos para reinar com Ele, e não a introdução de uma
‘alma eterna’ que esteja em algum lugar esperando para reencarnar…isso
não é bíblico!
A Igreja do tempo do fim precisa ser direta e objetiva: se dependemos
de um elemento imaterial ou imortal para poder ressuscitar, então
devemos rasgar a página da nossa Bíblia com o texto acima: “…quem crê em
mim, ainda que esteja morto, viverá”. E esse trecho não se refere à
morte espiritual, mas física, pois aquele que crê, nunca morrerá!
“Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos
seremos mudados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da
última trombeta. A trombeta soará, os mortos serão ressuscitados
incorruptíveis, e nós seremos mudados.” (I Coríntios 15:51).
Esse texto deixa claro que os filhos de Deus vencedores que estão
DORMINDO, acordarão no momento da ressurreição, ao som da última
trombeta! Na última trombeta vem a ressurreição e transformação, certo?
Então como é possível a Igreja afirmar tão enfaticamente que quando um
servo do Altíssimo morre ele vai direto para junto de Deus? Antes da
ressurreição e transformação? E se fosse, para quê haverá ressurreição?
Imagine a cena. Os salvos na presença do Eterno. Aí Cristo os chamam em
suas sepulturas para a ressurreição e eles são sugados da presença do
Eterno, de volta para o corpo e saem da sepultura. É isso, Igreja?
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes a respeito
dos que dormem, para que não vos entristeçais, como fazem os demais que
não têm esperança. Pois se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim
também Deus trará com Jesus os que nele dormem.” (I Tessalonicenses
4:13-14).
“Como as águas se retiram do mar, E o rio se esgota e seca, assim
o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus, não
acordará, nem será despertado do seu sono.” (Jó 14:11-12).
Veja que quem se deita e “dorme” é o homem inteiro, e não apenas seu corpo!
“Considera e responde-me, Jeová, Deus meu. Alumia os meus olhos para que não durma eu o sono da morte.” (Salmos 13:3).
Aqui, o salmista tem certeza de que não quer dormir o sono da morte, não o seu corpo apenas, mas o seu “EU”!
É importante notar que, dentre todos os textos contidos na bíblia
sobre a morte, nenhum deles se refere a almas se desprendendo dos corpos
e vagando em algum lugar à espera de serem chamadas de volta, na
ressurreição. Ao contrário, o “sono” indica uma inconsciência completa.
“Acaso mostrarás maravilhas aos mortos? Porventura levantar-se-ão
as sombras dos mortos e te louvarão? Será referida a tua benignidade na
sepultura? Ou a tua fidelidade em Abadom? Acaso serão conhecidas nas
trevas as tuas maravilhas? E a tua justiça na terra do esquecimento?
(Salmos 88:10-12)
“Com efeito, não é a morada dos mortos que vos louvará, nem a
morte que vos celebrará. O que desce à sepultura não espera mais em
vossa bondade. Quem está vivo, somente quem está vivo pode louvar-vos,
como eu o faço hoje. O pai dá a conhecer a seus filhos vossa fidelidade,
diante da casa do Senhor.” (Isaías 38:18-19a).
Se o texto diz que “o que desce à sepultura…” não espera mais pela
bondade do Senhor, precisamos ter fé para crer que isso é verdade!
Também fica claro que o texto de Apocalipse 6:9-11 (de “almas” clamando
embaixo do altar) refere-se a uma figura de linguagem para revelar uma
outra verdade(que trataremos mais adiante), pois não podem haver almas
clamando pela justiça divina embaixo do altar, porque isso contradiria o
texto bíblico! Além disso, o trecho “somente quem está vivo pode
louvar-vos…” mostra que, ao contrário do que aprendemos, o louvor a Deus
só cabe aos vivos e não aos que “descem à sepultura”, não havendo
também aqui, distinção entre corpo e alma.
“Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.”
(Salmos 115:17). Também por esse texto, concluímos que a ideia que temos
de pessoas, após a morte, louvando a Deus e a Jesus no céu é fruto de
entendimento equivocado! Pelo texto, a realidade dos mortos é o
silêncio, ou seja, inconsciência.
“Preparou caminho à sua ira; não poupou as suas almas
(psyqué=vidas) da morte, mas entregou à pestilência as suas vidas.”
(Salmos 78:50).
Perceba que essa versão fala de “almas que morreram”, o que não contradiz a Escritura, pois o termo é traduzido como “vidas”!
Uma passagem que deixa bem clara a correspondência entre “alma e vida” é Ezequiel 18:4, que diz: “Eis
que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a
alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.”
Na realidade, o contexto diz que cada ser humano será julgado
INDIVIDUALMENTE, não importando o grau de parentesco ou de intimidade.
Ainda que sejam pai e filho (ou marido e mulher), um NÃO levará a culpa
do outro. Nem tampouco, um salvará o outro, mas aquele que pecar, esse
morrerá.
Por outro lado, por quê essa passagem diz, claramente, que a alma
MORRE, ao contrário do que dizem a maioria das religiões? A resposta é
simples: porque a palavra “alma”, comumente, significa VIDA(no grego,
psique), como se observa, facilmente, na COMPARAÇÃO das versões bíblicas
abaixo, bastando substituir “vida” por “alma”. Veja:
Ezequiel 18:4 (TNM) diz: “Eis que todas as ALMAS a mim me
pertencem. Como a alma do pai, assim também a alma do filho a mim me
pertence. A alma que pecar, ela é que morrerá.”
Ezequiel 18:4 (TEB) diz: “Sim, todas as VIDAS me pertencem; a
vida do pai como a vida do filho, ambas me pertencem; quem pecar, esse
morrerá.”
Ezequiel 18:4 (ALMEIDA Rev. e Cor. – 1966) diz: “Eis que todas as
ALMAS são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha: a
alma que pecar, essa morrerá.”
Ainda, em Gênesis 35:18, quando Raquel morreu, “saiu-lhe a VIDA” e
quando Paulo ressuscitou Êutico, em Atos 20:9-10, disse que “a VIDA”
ainda estava nele, ou seja, que ele tornaria a ser uma “alma vivente”,
por meio da ressurreição, do mesmo modo que Lázaro, depois de morto,
voltou a ser uma “alma vivente”, quando Jesus o ressuscitou.
“Não depositais a segurança nos nobres e nos filhos dos homens,
que não podem salvar; sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse
mesmo dia, perecem todos os seus planos.” (Salmos 146:3-4)
“Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para
uma vida eterna, outros para a ignomínia, a infâmia eterna.” (Daniel
12:2).
Esses dois textos acima refletem com clareza que, quando o espírito
deixa o corpo, a pessoa passa a dormir no pó da terra, e é a partir do
pó que despertará para reinar com Cristo(na 1ª ressurreição) ou para o
juízo(na 2ª ressurreição).
“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem
coisa nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua
memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o seu ódio e a
sua inveja já pereceram e já não têm parte alguma neste século, em coisa
alguma do que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes 9:5-6).
Se a Bíblia diz que “os mortos não sabem coisa nenhuma…eles têm
jamais recompensa”, não pode haver um estado intermediário bom(céu, seio
de Abraão, etc.) ou mal(inferno, purgatório, etc.), pois qualquer
dessas situações seria uma recompensa, o que contraria esse texto e o de
Lucas 14:14, que diz: “E serás bem-aventurado, pelo fato de não terem
eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na
ressurreição dos justos”. Veja que não podemos receber NENHUMA
recompensa no momento da morte, mas somente na 1ª ressurreição!
O entendimento acima é confirmado pelo texto de I Coríntios 15:17-18,
que diz: “…mas se Cristo não foi ressuscitado, a vossa fé é vã, e
estais ainda em vossos pecados. Também, por conseguinte, os que dormiram
em Cristo, pereceram.”
Paulo mostra claramente que, se Jesus não houvesse ressuscitado, os
crentes continuariam DORMINDO para sempre, e não em um estado de gozo!
Portanto, o apóstolo NÃO concorda com a crença de que, ao morrermos,
vamos para o céu!
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem
reflexão, nem conhecimento nem sabedoria.” (Eclesiastes 9:10).
De acordo com esse texto, em que estado devem encontrar-se AGORA, as
pessoas que já morreram, senão o de total inconsciência? Note que, pelo
texto, quem vai para a sepultura é a pessoa(tu) e não somente o seu
corpo.
“Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará?” (Salmos 6:5).
Se os mortos em Cristo estão, agora, louvando ao Senhor em algum lugar, então esse texto também precisa ser retirado da Bíblia!
“Quando juntas cantavam as estrelas da manhã, E jubilavam todos os
filhos de Deus?” (Jó 38:7). Nesse contexto, Deus desfila Sua onipotência
e soberania diante de Jó, sendo que, nesse versículo, especificamente,
Ele mostra que o seres espirituais existem desde antes da criação do
homem. Veja que eles existem, mas não dependem dos humanos para nada,
muito menos para existirem. São de outra natureza, não carnal. Deus
nunca precisou que os humanos morressem para “povoar a dimensão
espiritual”, que já era povoada ANTES da humanidade ser criada.
Portanto, os seres espirituais que existem nos céus de Deus, nunca foram
e NÃO são “almas” das pessoas que morreram na Terra.
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas
transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos,
ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E,
quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que
é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que
está escrita: Tragada foi a morte pela vitória”. (I Coríntios 15:51-54).
O texto deixa claro que, somente quando o nosso corpo puder ser
revestido de INCORRUPTIBILIDADE e IMORTALIDADE, poderemos dizer que a
morte foi derrotada, o que acontecerá somente ao soar da última
trombeta, e NUNCA antes!! Se a Bíblia fizesse menção de almas que vêm
encarnar nos corpos, não teríamos, de fato, deixado de existir para
ressuscitar e derrotar a morte para sempre, e esse texto não faria
sentido! Nós só poderemos dizer que a morte foi tragada pela vitória
quando, a partir do pó, do NADA, passarmos a existir novamente!
“De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e
nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.”
(João 6:40).
Perceba que, se já fôssemos eternos(ou seja, com almas imortais), não
precisaríamos crer no Filho e nem formar Cristo em nós para alcançarmos
a imortalidade como prêmio, NO ÚLTIMO DIA!
Veja Mateus 12:40-41, que diz: “Pois assim como Jonas esteve três
dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem
estará três dias e três noites no coração da terra. Os ninivitas se
levantarão no juízo juntamente com esta geração, e a condenarão, porque
se arrependeram com a pregação de Jonas; e aqui está quem é maior do que
Jonas.”
Esse texto nos dá duas informações importantes: primeiro, o próprio
Jesus, ao responder aos fariseus, profetiza sobre Sua morte, dizendo que
estará no “coração da terra”, ou seja, no túmulo, na sepultura, por
três dias e três noites, contrariando que Ele estaria em outro lugar,
que não ali, crença baseada na interpretação equivocada de I Pedro 3:19,
cujo contexto está em I Pedro 1:11. (Leia também I Coríntios 15:3-4).
Segundo, que aquela geração de fariseus seria condenada pelos
ninivitas, somente no JUÍZO. Até lá, estariam aguardando a sua
ressurreição, como o próprio Jesus fez.
“Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos
reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em
seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda.” (I Coríntios
15:22-23).
Veja que tudo acontecerá “…na ocasião da vinda de Cristo”. Se ao
morrer, fôssemos para o céu ou para o seio de Abraão, que necessidade
haveria de Jesus voltar e nos ressuscitar, se já estivéssemos “vivos” em
algum lugar? Não faria sentido sermos trazidos “de algum lugar” em
‘espírito’ para a sepultura, para dar vida ao corpo e ressuscitar! Não é
possível harmonizar os textos sobre a ressurreição bíblica com a crença
da imortalidade da alma! Como crer nessa doutrina, se a eternidade do
homem era condicional à obediência a Deus e, por desobedecer, Adão foi
privado da árvore da vida(Gênesis 3:22-23) para que não se tornasse
imortal, como Deus?
“Todos estes, tendo alcançado bom testemunho pela sua fé, contudo
não alcançaram a promessa, tendo Deus provido alguma coisa melhor no
tocante a nós, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.”
(Hebreus 11:39-40).
Esse texto mostra que os santos vencedores do tempo do fim serão
responsáveis por consumar a vitória da Igreja de todos os tempos. Como
crer que, ao morrermos, vamos para o “céu” se, pelo texto, os heróis da
fé ainda não obtiveram a concretização da promessa, pois Deus não quer
que sem nós, eles sejam aperfeiçoados? (Lembremos de I Coríntios 15:20).
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue
do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem
na cidade pelas portas” (Apocalipse 22:14).
“e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e
das coisas que se acham escritas neste livro” (Apocalipse 22:19).
Se já tivéssemos uma alma imortal, não haveria necessidade de comer do fruto da árvore da vida para, então, viver eternamente!
“…que retribuirá a cada um segundo as suas obras: dará a vida
eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam glória, honra e
incorrupção;” (Romanos 2:6-7).
Esses versículos levantam uma pergunta: se tivéssemos almas imortais,
porque deveríamos ainda “buscar a imortalidade e a incorruptibilidade”?
Se devemos buscá-las, é porque não as temos.
“O último inimigo que será destruído, é a morte.” (I Coríntios 15:26).
Se a morte do crente fosse o começo de uma nova existência com Deus
no “céu”, ou de descanso e espera no “seio de Abraão”, não poderia ser
chamada pelas Escrituras de nossa “inimiga”; teria de ser chamada de
amiga, pois estaria nos ajudando a estar “perto de Jesus” antes do
último dia, o que contraria a Bíblia!
“Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em
que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem
viverão…Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que
estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão
para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição
da condenação.” (João 5:25, 28 e 29)
“…a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo
bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o único
que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem
algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém!”
(I Timóteo 6:15-16).
Veja que o novo testamento também é bastante farto de textos que
clareiam a questão sobre a suposta “imortalidade da alma”, e nem poderia
ser diferente, pois a Bíblia não se contradiz, e o NT não poderia negar
o AT. De acordo com esse texto, o único que possui a imortalidade é
Deus. O quê, então, confere aos crentes a pretensão de serem imortais,
senão um terrível engano conduzido por satanás, ao longo dos séculos?
Ao analisarmos sinceramente os textos acima, chegamos à conclusão
simples de que, na morte, o corpo humano “dorme” e vai para a sepultura,
onde aguardará o dia que o Senhor o chamará à ressurreição, seja na
primeira, para os santos vencedores ou na segunda, para o julgamento
final da humanidade. E não é preciso fazer parte de uma denominação(seja
ela adventista, testemunha de Jeová ou qualquer outra que o valha) para
crer nessa verdade bíblica! Mesmo com a clareza desses textos, alguns
amados ainda insistem na tese de que a sepultura e o sono estão
referindo-se somente ao corpo, pois a “alma” estaria em algum lugar, bom
ou ruim, o que não é respaldado pelas Escrituras. (Veja ainda:
Deuteronômio 31:16; II Samuel 7:12; I Reis 11:43).
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