Ocorreu no dia 19 de fevereiro de 2013 a aula inaugural do primeiro curso de doutorado da região Oeste do Pará, o Programa de Pós-graduação Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND) da
UFOPA, em Santarém. O evento, ocorrido no Auditório do Campus Tapajós,
teve a participação de doutorandos da primeira turma, professores
permanentes e colaboradores do curso, pró-reitores da UFOPA, convidados
de outras instituições e comunidade acadêmica.
O pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Tecnológica
(PROPPIT), Prof. Dr. Marcos Ximenes, proferiu o discurso de abertura do
doutorado, que, para ele, representa um momento histórico para a
universidade. Segundo o professor, os programas de pós-graduação
estimulados p
ela UFOPA estão alinhados às políticas nacionais para a
área, que têm como uma de suas preocupações o desequilíbrio nacional. “A
pós-graduação está concentrada no Sul e no Sudeste do Brasil. Criar
programas de pós-graduação na região significa um passo muito forte na
política nacional”. Ele citou, ainda, como elementos importantes a
formação de recursos humanos para atender à demanda dos grandes
programas do país, desenvolvendo políticas públicas em diversos setores,
e para a atividade produtiva, tornando o país mais competitivo.
Professor associado da UFOPA, o Dr. David McGrath faz parte do quadro de
docentes do doutorado. Sua intenção é trazer a experiência da abordagem
interdisciplinar que ajudou a desenvolver no Núcleo de Altos Estudos
Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Vim aqui com a
expectativa de adaptar aquele modelo à realidade desta região, onde
trabalho há 20 anos com vários tipos de iniciativas. Eu vejo o doutorado
como uma oportunidade de trazer essas experiências para a sala de aula,
e da sala de aula, com os projetos dos alunos, contribuir para o
desenvolvimento sustentável da região”, disse. Segundo ele, uma das
diferenças fundamentais é que o NAEA tem foco na Bacia Amazônica,
enquanto na UFOPA o enfoque será na Bacia do Tapajós, no Oeste do Pará,
dentro do contexto da Amazônia e do Brasil.
Aluno do curso, Wilderclay Machado explica que a interdisciplinaridade
foi o que lhe despertou o interesse no doutorado. “Esse é um grande
desafio para todos os professores e pesquisadores. Eu, como físico,
quero tentar aplicar meu conhecimento em Física e em Física da atmosfera
para contribuir mais para o combate aos problemas da região. Vou
pesquisar outros ramos, como História, Antropologia e Sociologia, e
quero integrar os conhecimentos nas várias áreas para tentar chegar a um
conceito bem amplo”, disse ele, que é mestre em Ciências Ambientais.
Desmatamento e mudanças climáticas
A aula inaugural teve como tema “Amazônia rumo ao desenvolvimento
sustentável” e foi ministrada pelo Dr. Daniel Nepstad, diretor do
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM/Internacional – e
coordenador do projeto de pesquisa “Cenários amazônicos: modelando as
interações entre o uso da terra, fogo e clima”. Para Nepstad, a Amazônia
está cada vez mais globalizada e a pergunta-chave é: “como chegar à
sustentabilidade nesse novo contexto?”. Ele destacou que o Brasil obteve
uma conquista histórica com a redução do desmatamento nos últimos anos,
mesmo com o aumento na produção de rebanhos, soja e outros produtos. A
taxa caiu 76% na Amazônia brasileira, número que, para o especialista,
“representa o caminho para o desenvolvimento sustentável, mais do que
qualquer outro índice”.
Por outro lado, pesquisas apontam impactos preocupantes das mudanças
climáticas na Amazônia. “Nas próximas décadas, os impactos principais
devem ser eventos extremos: grandes secas, grandes enchentes e períodos
de altíssimo calor e frentes frias. A região do Baixo Amazonas é o olho
do furacão, é onde mais se sente o efeito El Niño, por exemplo. A longo
prazo, aí sim, o clima vai mudar, com aumento generalizado da
temperatura”. O pesquisador explica que os incêndios florestais deverão
ser cada vez mais comuns, levando a um ciclo com grandes impactos
socioambientais. Além do combate ao fogo e a manutenção da redução do
desmatamento, ele aponta o aumento de incentivos positivos, a eficiência
e o investimentos em instituições governamentais que atuam na região
como caminhos para o novo modelo de desenvolvimento.
Jussara Kishi – Comunicação/UFOP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe do Blog do Xarope e deixe seus comentários, críticas e sugestões.