sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Terra indígena no Pará que teve agentes federais cercados é a mais desmatada do Brasil no último ano


A terra indígena Apyterewa, dos parakanã, no Pará, foi a mais desmatada do Brasil entre agosto 2020 e julho 2021, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). O território é alvo de constantes invasões e de garimpo. Todas essas atividades são criminosas, já que a legislação determina a preservação integral destas áreas demarcadas.
Os números que colocam as terras dos parakanã no topo da lista das mais desmatadas são do relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). O levantamento oficial do governo mostra que o desmatamento na Amazônia passa de 13 mil km² entre agosto de 2020 e julho de 2021, um aumento de 22%.

A terra indígena Apyterewa é reconhecidamente alvo de criminosos. No final de 2020, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Força Nacional foram cercados dentro da base federal. As equipes de fiscalização estavam notificando os invasores sobre o prazo para que eles se retirassem da terra indígena Apyterewa.

Na lista do Prodes aparecem, em segundo e terceiro lugar, as terras indígenas de Trincheira Bacaja e Kayapó, que também estão localizadas no Pará.

Desmatamento em Apyterewa, Trincheira Bacaja e KayapóTri

km² em 2019/2020km² em 2020/2021comparação %
Apyterewa63,368,5+ 8,21%
Trincheira Bacaja23,535,7+ 51,91%
Kayapó16,526,1+58,18%



Além do desmatamento, as três áreas são afetadas pelo garimpo, como esclarece José Cleanton, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no estado e também no Amapá

"No último ano, a Apyterewa está em processo de regularização, embora ela já seja demarcada, mas ela continua invadida. Essas invasões foram crescendo. E neste governo aumentou escrachadamente. Não é a primeira vez que essa terra aparece no ranking. Mas, de um ano para cá, com o aumento de garimpos, a situação se agravou", disse Cleanton.


Cleanton aponta que, em Trincheira Bacaja, a busca por madeira ficou reduzida "até por falta de matéria-prima", já esgotada e que agora o desmate está mais associado a garimpagem.


"Já Kayapó fica na área do sul do Pará, onde o garimpo sempre falou mais alto. Sempre predominou. Agora recentemente tem aumentado em proporções alarmantes", explicou o coordenador do Cimi.

Cachoeira Seca, historicamente afetada

Após 6 anos seguidos com uma taxa de desmatamento em alta, a terra indígena Cachoeira Seca, historicamente a mais devastada do país, teve uma queda na taxa de destruição da floresta. Neste ano, foram 23,4 km² de desmate, contra 72,5 km² entre 2019 e 2020 — uma queda de 67,7%.
Desmatamento na TI Cachoeira Seca

44,1
18,8
23,6
18,6
14,2
15,7
5,8
10,5
12,8
15,9
54,2
61,3
72,4
23,4

Cachoeira Seca foi homologada em 2016, depois de 30 anos de espera. A terra indígena do povo Arara já havia sido reconhecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai), mas aguardava a posição do Ministério da Justiça. Com o projeto da Usina de Belo Monte, a homologação passou a ser pré-requisito para a liberação do governo federal. A região foi muito afetada pela construção.

Antes disso, já estava sob forte pressão de madeireiros. Em relatório de 2014, o Instituto Socioambiental (ISA) fazia uma estimativa "conservadora", segundo a entidade, de que o equivalente a R$ 400 milhões em madeira teriam sido roubados ─ ipês, jatobás e angelim-vermelhos, cujo mercado principal costuma ser as indústrias no Sul e Sudeste.

fonte: G1PARÁ

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