Representantes discentes (alunos) no Conselho Superior da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) manifestaram, no sábado (11), “total repúdio e indignação” contra as atitudes supostamente praticadas por um professor do Instituto de Formação Intercultural e Indígena (IFII).
Campus da Ufopa em Santarém. Foto: Ufopa |
A nota, assinada pelos estudantes, cita “atitudes abusivas e desrespeitosas” recentemente expostas em vídeos e denúncias de alunos.
Conforme o documento, o docente estaria se comportando de forma “violenta, agressiva e intimidadora”, incluindo gritos com estudantes em sala de aula, batidas em portas e a criação de um “clima de medo”.
Os estudantes alegam que tais situações “não são isoladas e já vinham sendo denunciadas há tempos”, mas sem “retorno efetivo por parte da administração do instituto”.
A nota sustenta que o caso viola a Resolução CONSUN nº 313/2025, que institui a Política para a Prevenção e Enfrentamento da Discriminação e da Violência na Ufopa.
Proteção das vítimas
Segundo o texto, a resolução determina que a universidade deve “acolher denúncias, proteger vítimas e aplicar sanções disciplinares a docentes que pratiquem violência, assédio ou discriminação”.
Os discentes apontam ainda uma possível “omissão institucional”, citando relatos de que “denúncias feitas à ouvidoria da universidade acabam sendo arquivadas, e processos disciplinares raramente resultam em medidas concretas”.
Diante do exposto, os representantes discentes listam cinco exigências à administração da Ufopa.
Eles reivindicam:A abertura de uma “investigação formal, transparente e independente”, com a “suspensão preventiva do professor até a conclusão das apurações”;
A atuação da Comissão de Ética da Ufopa, “conforme previsto na Resolução 313/2025, garantindo celeridade e imparcialidade”;
A “revisão do funcionamento da Ouvidoria e das instâncias de apuração interna”, considerando que “denúncias anteriores foram arquivadas sem retorno efetivo”;
A “possibilidade de auditoria externa” sobre o Comitê de Ética e a Ouvidoria Interna;
A “garantia de acolhimento psicológico, pedagógico e social imediato” aos alunos que se sentiram ofendidos.
A nota conclui afirmando que “a Ufopa não pode ser conivente com práticas que desrespeitam a dignidade humana e os direitos estudantis” e que é hora de “romper com a cultura do medo e da impunidade”.
O documento não divulgou o nome do professor ou dos cursos envolvidos.
Leia a íntegra abaixo:
Os representantes discentes no Conselho Superior da Universidade Federal do Oeste do Para (Ufopa) vêm, por meio desta manifestar total repúdio e indignação diante das atitudes abusivas e desrespeitosas praticadas por um docente lotado no Instituto de Formação Intercultural e Indígena (IFII), que foram recentemente expostas em vídeos e denúncias de alunos.
É inadmissível que, dentro de um ambiente universitário — espaço que deveria ser de aprendizado, acolhimento e respeito —, um docente se comporte de forma violenta, agressiva e intimidadora, gritando com estudantes em sala de aula, batendo portas e criando um clima de medo entre os alunos.
Tais atitudes ferem não apenas o decoro e a ética profissional, mas também os direitos humanos e a dignidade dos discentes.
As mensagens e relatos recebidos de discentes são alarmantes. Dentre eles, constam casos de expulsões arbitrárias, discriminação, comentários inadequados sobre temas sensíveis, e até humilhações públicas.
Situações assim não são isoladas e já vinham sendo denunciadas há tempos — porém, sem retorno efetivo por parte da administração do instituto.
Este caso viola frontalmente os princípios e deveres estabelecidos na Resolução CONSUN nº 313/2025, que institui a Política para a Prevenção e Enfrentamento da Discriminação e da Violência na Ufopa.
Essa resolução determina que a universidade deve acolher denúncias, proteger vítimas e aplicar sanções disciplinares a docentes que pratiquem violência, assédio ou discriminação (Arts. 3º, 4º, 8º e 22º a 25º).
A Política da Ufopa tem como fundamentos:Respeito à dignidade humana e aos direitos humanos;
Garantia da igualdade de tratamento e da equidade de oportunidades;
Promoção de um ambiente acadêmico seguro, inclusivo e livre de discriminação;
Enfrentamento sistemático a todas as formas de violência e assédio moral.
Além disso, o Artigo 8º obriga a universidade a acolher as denúncias, resguardar a integridade física e moral das vítimas, e aprimorar os fluxos de apuração, enquanto o Artigo 35 assegura que todo acolhimento deve ser humanizado, sigiloso e com prioridade ao bem-estar da pessoa ofendida.
O descumprimento desses dispositivos configura omissão institucional e contradiz o compromisso público da universidade com os valores que ela mesma promulgou.
É preocupante constatar que, segundo relatos, denúncias feitas à ouvidoria da universidade acabam sendo arquivadas, e processos disciplinares raramente resultam em medidas concretas.
Isso gera a sensação de impunidade e o entendimento de que “o maior sempre vence”, como muitos alunos têm ouvido, o que é inaceitável em uma instituição pública de ensino superior.
Diante disso, exigimos que providências imediatas sejam tomadas. Não podemos mais tolerar que abusos sejam normalizados e que estudantes, especialmente indígenas, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade, sejam silenciados por medo de represálias.
Diante desse cenário, exigimos providências imediatas e transparência total no tratamento do caso.
Reivindicamos:A abertura de uma investigação formal, transparente e independente, com a suspensão preventiva do professor até a conclusão das apurações;
A atuação da Comissão de Ética da Ufopa, conforme previsto na Resolução 313/2025, garantindo celeridade e imparcialidade;
A revisão do funcionamento da Ouvidoria e das instâncias de apuração interna, considerando que denúncias anteriores foram arquivadas sem retorno efetivo;
A possibilidade de auditoria externa sobre o Comitê de Ética e a Ouvidoria Interna, para esclarecer por que processos de violência e discriminação não resultam em punições concretas;
A garantia de acolhimento psicológico, pedagógico e social imediato às alunas e alunos que sofreram assédio, constrangimento ou violência moral.
A Ufopa não pode ser conivente com práticas que desrespeitam a dignidade humana e os direitos estudantis.
Falar em diversidade, interculturalidade e ações afirmativas não basta, se na prática a instituição se cala diante de abusos cometidos em seu interior.
É hora de romper com a cultura do medo e da impunidade e reafirmar o compromisso da universidade com a dignidade, o respeito e os direitos de seus estudantes.
Fonte : Blog do Jeso
Assinam

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe do Blog do Xarope e deixe seus comentários, críticas e sugestões.