O recuo rápido das águas dos rios Tapajós e Amazonas preocupa as autoridades e leva à declaração de escassez hídrica na região.O alerta feito pelo Portal OESTADONET na semana passada, sobre o rápido recuo das águas no trecho entre Itaituba e Santarém, no Pará, desencadeou uma onda de preocupações entre autoridades locais e federais. A queda significativa nos níveis dos rios Tapajós e Amazonas gerou impactos severos no uso da água, especialmente para a navegação e captação de recursos hídricos.
Nesta segunda-feira (23), durante a 916ª Reunião Deliberativa Ordinária, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou uma Declaração de Situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos para o trecho baixo do Rio Tapajós, compreendido entre Itaituba e Santarém. A medida terá validade até 30 de novembro e busca mitigar os efeitos da estiagem prolongada na região.
Nesta terça-feira(24), o rio Tapajós, em Itituba, baixou 12 cm, em comparação com a medição de segunda-feira(23), atingindo o nível de 1,07 metro. Em Santarém, o rio recuou para 1,15 cm.
Medições de profundidade feitas por uma empresa de transporte de cargas mostrava, no dia 17, os pontos críticos da vazante no trecho entre Itaituba e Santarém, e revelava que o nivel mais baixo do rio Tapajós se concentrava nas comunidades de Pederneira e Itapaiuna, o os menos vazados e Monte Cristo e Praia do Roque,. Confira os dados completos AQUI.
No último domingo, novas medições revelam que a situação se agravou no baixo Tapajós. Há recuo das águas variando de 10 até 50 cm. A maior vazante se deu no trecho Calminas, onde o nivel do rio que estava no dia 17 em 3,40 cm baixou para 2,90 cm. Outro ponto crítico se agravou na Praia do Roque, onde o rio, em cinco dias, baixou de 4,30 cm para 3,90 cm. Confira no gráfico abaixo:
De acordo com a ANA, o acumulado de chuvas na bacia do Tapajós entre outubro de 2023 e agosto de 2024 ficou abaixo da média histórica, e a previsão para o atual período seco é de manutenção dessa tendência negativa. Como consequência, o volume de água no rio está em níveis críticos, abaixo dos mínimos históricos registrados, comprometendo o transporte aquaviário e o abastecimento de transporte ribeirinhas.O transporte aquaviário, vital para o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia, tem sido um dos setores mais afetados. Em 2023, foram transportados aproximadamente 14,6 milhões de toneladas de carga pela Hidrovia do Baixo Tapajós, sendo 90% desse volume composto por milho e soja. Além da exportação de produtos agrícolas, os rios são a principal via de acesso para muitas comunidades da região, que dependem da navegação para acesso a serviços essenciais como saúde e educação.A Declaração de Situação de Escassez Hídrica, prevista na Lei nº 9.984/2000, permite que a ANA declare uma deficiência de recursos hídricos em rios sob o domínio da União, com base em dados de monitoramento e projeções hidrometeorológicas. Os estudos indicam que os níveis de água podem atingir patamares ainda mais críticos nos meses de setembro e outubro, aumentando os riscos para o uso da água.A medida aprovada pela ANA visa garantir maior segurança hídrica para a região e conscientizar a população sobre a gravidade da seca. Além disso, a declaração permite que gestores e usuários adotem medidas preventivas para minimizar os impactos da deficiência, sinalizando ainda a possibilidade de a Agência alterar as regras de uso da água, caso a situação seja grave.
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