quarta-feira, 6 de abril de 2022

Pará perde 280 mil hectares de superfície de água em 10 anos



O Pará é um dos estados menos afetados pela perda de superfície de água no Brasil, de acordo com dados da plataforma MapBiomas. No entanto, apresenta sinal de perda dos recursos hídricos localmente. Considerando o ano de 1991, o de maior superfície anual com 4,45 milhões de hectares e 2021 com 4,17 milhões de hectares, a perda total de superfície de água no Estado corresponde a 280 mil hectares. Práticas anti-ambientais são responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente.

Carlos Souza, coordenador do Grupo de Trabalho MapBiomas Água, destaca que o Pará é um dos estados brasileiros menos afetados pela perda de superfície de água, sendo o segundo estado com maior superfície aquática em território nacional, com média em torno de 4,2 milhões de hectares, no entanto, o especialista ressalta que há tendências locais de redução de superfície de água mais na porção centro-leste do Marajó, na região de Oriximiná, próximo a Itaituba, e ao longo do Xingu e do Rio Iriri.

De acordo com o geólogo, as causas da redução de água na superfície do estado estão associadas ao desmatamento, à construção de barragens e reservatórios de hidroelétricas, e ao aquecimento global. A diminuição não é um fator crítico, afirma Carlos Souza. “O que mais preocupa no Pará é a contaminação dos rios e lagos por mercúrio utilizado nos garimpos, a construção de barragens, muitas vezes sem licenciamento, e as grandes represas que já inundaram áreas extensas, o que afeta o fluxo hídrico e a biodiversidade aquática”, diz o especialista.

Para mudar esse cenário, o coordenador do GT do MapBiomas Água sugere que seja eliminada a poluição causada pelos garimpos, licenciada a monitoração da construção de pequenas barragens em rios, nas fazendas. E acrescenta: “É preciso também reduzir drasticamente o desmatamento, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e porque a remoção da vegetação natural aumenta o escoamento superficial da água, reduzindo o suprimento para os aquíferos”.

Ainda conforme os dados disponibilizados pela plataforma, a região oeste do Pará está entre os 20 melhores territórios com superfícies de água. O especialista explica que “a vasta extensão de superfície de água no oeste do Pará se deve à planície de inundação do Rio Amazonas com ampla rede de lagos; e aos Rios caudalosos e largos como o Tapajós, Trombetas e Arapiuns dentre outros”. As chuvas na região amazônica interferem positivamente por alimentarem os rios e a água subterrânea, afirma o geólogo, no entanto, ele ressalta que o verão amazônico tem sido mais longo e mais quente, o que influencia para a redução da superfície de água neste período.

Panorama nacional e reflexo na socioeconomia

Em um panorama geral, a quantidade de superfície de água no Brasil reduziu aproximadamente 16%, no período de 1985 a 2021. Na Amazônia foram perdidos mais de 10% dos recursos hídricos no mesmo período. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), responsável pela coordenação técnica do Grupo de Trabalho MapBiomas Água, chama atenção para o impacto que a mudança nas águas, causada pela crise climática pode trazer à socioeconomia.

Segundo a instituição, um dos maiores influenciadores para o aumento do preço do café, além da alta do dólar, é a crise climática. O Imazon afirma que as secas e as geadas afetaram gravemente a produção, fenômenos que ocorrem com maior frequência e intensidade por causa do aquecimento global. Neste ano, outro impacto foi causado também no açaí, que ficou salgado, após e prejudicou a principal fonte de renda de 58 comunidades ribeirinhas no Amapá, que somam 14 mil habitantes.

O preço da energia também foi afetado. Ainda conforme afirma o instituto, cada vez que os reservatórios das hidrelétricas têm volume de água reduzido, é preciso acionar termelétricas, cuja produção é mais cara e poluente. Apenas com a escassez hídrica na bacia do rio Jaguaribe, no Ceará, entre 2016 a 2019, o acréscimo repassado aos consumidores foi de R$148 milhões, segundo um estudo divulgado pelo Instituto Escolhas.

Ranking das maiores superfície de água no Pará

Dez maiores

1° Santarém (362.423)

2º Chaves (297.025)

3º Afuá (278.185)

4º Porto de Moz (168.051)

5º Prainha (165.959)

6º Altamira (162.322)

7º Oriximiná (161.503)

8º Gurupá (135.164)

9º Óbitos (132.905)

10º Monte Alegre (120.439)

Dez menores

135º Garrafão do Norte

136º Mãe do Rio

137º Pau D’Arco

138º São Francisco do Pará

139 º Bonito

140º Santa Maria

141º Abel Figueiredo (23 )

142º São Domingos do Araguaia

143º Concórdia do Pará

144º Terra Alta


com informações OLIBERAL

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