A pena aplicada ao réu de 22 anos de reclusão foi somada em mais dois anos pelo crime de ocultação de cadáver, totalizando 24 anos de reclusão e mais 15 dias multas. Na sentença condenatória, a juíza negou ao sentenciado o direito de aguardar o julgamento de recursos em liberdade, mantendo o réu preso para iniciar a execução da pena.
A decisão acolheu o entendimento do promotor do júri Samir Dahás Jorge que sustentou a acusação em desfavor do réu, de ser autor do crime de homicídio qualificado com pena prevista de 12 a 30 de reclusão.
Em defesa do acusado atuaram o criminalista Hilário Carvalho Monteiro Júnior e o advogado Rinaldo Ribeiro Moraes, que sustentam a tese de negativa de autoria, requerendo a absolvição do réu. Entre os argumentos usados pelos advogados está o fato do réu ser “um respeitado professor que nunca cometeu nenhum tipo de crime”. A tese não foi acolhida por maioria dos votos dos jurados.
Após a leitura do veredicto, os advogados da defesa anunciaram recorrer da decisão.
Para a acusação, as provas reunidas no processo comprovam, “sem qualquer dúvida, que o réu cometeu o crime, por motivo fútil, em virtude da professora não ter cedido ao seu assédio sexual”, argumentou a promotoria.
Conforme a acusação, o réu atraiu a vítima até o local e sem a presença de testemunhas, num local ermo, onde a vítima não poderia sair só do local, provavelmente usando uma faca, matou a professora. Em seguida, transportou o corpo até a mata, ateando fogo no cadáver para esconder o crime, e contou com a ajuda do caseiro do seu sítio.
Após o crime, familiares foram procurar pela vítima no sitio do réu, descobrindo no local uma mão carbonizada. A polícia foi acionada e prendeu o réu, que já estava imobilizado por familiares da professora.
Conforme testemunhas, o caseiro deixou o local ao lado de irmãos do réu, enquanto o réu foi detido inicialmente pelos familiares, e preso em flagrante com a chegada da polícia. O caseiro, posteriormente, foi localizado no município de Itaituba, sendo ouvido pela justiça daquela comarca, negando qualquer participação no crime.
Professora desaparece
A vítima passou a ser procurada pelos familiares no final da tarde do dia 25/11/2016, sendo encontrado restos mortais incinerados no dia seguinte, por familiares, e policiais do município de Curuçá. A polícia também localizou no interior do carro do réu a aliança e o anel de formatura da professora.
Com um plenário lotado por familiares e amigos da vítima, a sessão foi aberta por volta das 09h e estendeu-se até as 22h, no Fórum Criminal de Belém. A primeira a depor, na frente do réu, foi a filha da vítima, que relatou de forma precisa como descobriu o local onde a mãe teve o corpo incinerado e o desespero de descobrir uma das mãos carbonizada da professora.
Mais três testemunhas, familiares que foram ao sítio onde foi cometido o crime, relataram o cenário. Em seguida, foram ouvidas três testemunhas da defesa que conheciam o réu, além de uma quarta, dispensada.
A professora costumava se comunicar, diariamente por mensagens e telefonemas com as filhas e o marido, também professor em outro município. E por telefonema, os familiares sabiam que a professora viria de carona com o colega professor até certo trecho da estrada, no km 39, próximo à Terra Alta.
Era o último dia do ano letivo na escola municipal de São João da Ponta, onde ambos trabalhavam como professores, e houve uma confraternização.
Versões apresentadas pelo réu
Em interrogatório, o réu apresentou mais uma versão do fato. A primeira foi prestada à polícia no ato do flagrante. Ele alegou que a professora teria lhe assediado e queria ter relações com ele. Diante da importunação, aplicou duas facadas, uma cabeça e outra no braço da professora. Após o crime, com medo de ficar na cadeia, colocou o copo num carrinho de mão e o levou para a mata para queimá-lo.
Diante dos jurados, o réu negou a autoria do crime, atribuindo a morte da professora ao seu empregado Andrésio Ferreira, que teria ficado só com a vítima no sítio enquanto ele saiu para comprar um churrasco. Nessa versão, o acusado alegou que a vítima foi atingida por disparos de arma de fogo do caseiro, tendo sido obrigado a assumir o crime, sendo ameaçado por Andrésio, que mataria seus irmãos e mãe.
O acusado, que costumava dar caronas a professores, levou naquele dia em seu carro apenas a professora. Weider alegou que a vítima foi até sua propriedade para ajudá-lo a encontrar um documento, que usariam numa minuta que a vítima estaria preparando para apresentar ao prefeito de São João da Ponta para cobrar o salário e décimo terceiro, que até então não haviam sido pagos.
O crime
O corpo da vítima foi encontrado na manhã do dia seguinte 26/11, no sítio de Weider, na área rural de Curuçá, nordeste do Estado. A professora estava desaparecida desde a tarde do dia anterior, 25/11, após despedida dos professores, no último dia de aula do período letivo da escola municipal de São Feliciano, de São João da Ponta. A vítima foi vista na carona do carro do colega professor da mesma escola, após a comemoração.
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