terça-feira, 17 de agosto de 2010

GANSO E BUCHADA

Dilma vira Dona Flor e adota dois maridos

Com a nova resolução do TSE – o Tribunal Superior Eleitoral, os presidenciáveis que tiverem candidatos de sua base aliada em disputa nos estados poderão aparecer nos respectivos programas pedindo votos e abençoando os ditos cujos e suas miragens de sedução dos sufrágios. Com essa liberalidade, Dilma Roussef vira Dona Flor e adota Ganso e buchada, Omar e Alfredo, dois maridões políticos de olho naquilo, ou seja, a manutenção do status quo, o esquema de poder de Luiz Inácio e sua turma, planejado para durar pra lá de 20 anos. Com a novidade, nessa quarta-feira, segundo dia do programa eleitoral gratuito na TV, Dilma acende uma vela a Omar enquanto queima outra em forma de incenso à Buchada de Alfredo. De quebra, ela retira deste, o ex-ministro dos Transportes, o glamour de ser o candidato único do esquema de Lula. E de resto, reafirma o respeito ao direito do eleitor amazonense de avaliar e reafirmar os acertos da gestão Eduardo/Omar ou de Alfredo/Serafim. Que mala, mano!

Flor, Vadinho e Teodoro
O sagaz escritor baiano, Jorge Amado, desmaiaria de emoção ao contemplar a reedição de um de seus épicos da permissividade tropical redesenhado nas páginas da literatura política baré. A saga de Dona Flor e seus dois maridos, que levou às telas a libido recatada de uma dona-de-casa, transformou fantasia do desejo em realidade do prazer. O caso se deu durante o carnaval de 1943 na Bahia, representado nas telas por Vadinho (José Wilker), um mulherengo e jogador inveterado, que morre repentinamente e sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável. É que, apesar dele ter vários defeitos, era um excelente amante.

Fantasma do marido
Pouco depois ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranqüila, mas tediosa e, de tanto "chamar" pelo primeiro marido, ele um dia aparece nu na sua cama. Então ela pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo Flor quer que ele fique, pois há um forte desejo que precisa ser saciado. As conclusões sobre a lira desse delírio competem a cada um elucidar.



Nas telas e na vida



A vida imita a arte e a política que se preza topa tudo pra emplacar a adesão do eleitor. Amazonas não é o único caso já que a nova instrução normativa se aplicará a pelo menos mais 12 unidades federativas. O affair Manaus se reafirma apenas pela sintonia e afinidade da candidata de Lula com o glamour equatorial. Como não existe o superego psicanalítico freudiano do lado debaixo do equador, a sedução eleitoral tem tudo para ser um “pecado rasgado debaixo do cobertor”, como profetizaria Chico Buarque de Holanda, nos velhos tempos, quando os anos sombrios da repressão impediam a calma, o luxo e a volúpia da transformação. Omar sai na frente pois tem tudo pra dizer dos acertos de sua obstinação. Se Dilma aparece ao seu lado, é porque Lula o abençoa e encara com naturalidade e contentamento sua determinação de disputar. Isso se ele estiver no papel de Vadinho. É mole?



Buchada de Alfredo. De quebra, ela retira deste, o ex-ministro dos Transportes, o glamour de ser o candidato único do esquema de Lula. E de resto, reafirma o respeito ao direito do eleitor amazonense de avaliar e reafirmar os acertos da gestão Eduardo/Omar ou de Alfredo/Serafim. Que mala, mano!







Flor, Vadinho e Teodoro



O sagaz escritor baiano, Jorge Amado, desmaiaria de emoção ao contemplar a reedição de um de seus épicos da permissividade tropical redesenhado nas páginas da literatura política baré. A saga de Dona Flor e seus dois maridos, que levou às telas a libido recatada de uma dona-de-casa, transformou fantasia do desejo em realidade do prazer. O caso se deu durante o carnaval de 1943 na Bahia, representado nas telas por Vadinho (José Wilker), um mulherengo e jogador inveterado, que morre repentinamente e sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável. É que, apesar dele ter vários defeitos, era um excelente amante.



Fantasma do marido



Pouco depois ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranqüila, mas tediosa e, de tanto "chamar" pelo primeiro marido, ele um dia aparece nu na sua cama. Então ela pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo Flor quer que ele fique, pois há um forte desejo que precisa ser saciado. As conclusões sobre a lira desse delírio competem a cada um elucidar.







Nas telas e na vida



A vida imita a arte e a política que se preza topa tudo pra emplacar a adesão do eleitor. Amazonas não é o único caso já que a nova instrução normativa se aplicará a pelo menos mais 12 unidades federativas. O affair Manaus se reafirma apenas pela sintonia e afinidade da candidata de Lula com o glamour equatorial. Como não existe o superego psicanalítico freudiano do lado debaixo do equador, a sedução eleitoral tem tudo para ser um “pecado rasgado debaixo do cobertor”, como profetizaria Chico Buarque de Holanda, nos velhos tempos, quando os anos sombrios da repressão impediam a calma, o luxo e a volúpia da transformação. Omar sai na frente pois tem tudo pra dizer dos acertos de sua obstinação. Se Dilma aparece ao seu lado, é porque Lula o abençoa e encara com naturalidade e contentamento sua determinação de disputar. Isso se ele estiver no papel de Vadinho. É mole?


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