Na área identificada como Pré-Preparo de
Carnes, há de tudo um pouco: tomadas ausentes, fiação exposta, janela
quebrada. Acima de um balcão, um batente está coberto por uma substancia
amarelada. Pode-se ver um ralo aberto.
Abaixo dos balcões, canos de
esgoto aparentes, sujos de lama.
Na parede, um avental sujo de sangue aguarda o próximo dia de trabalho.
Numa área separada, luvas velhas, usadas para lavagem de louça. Nas pias, ainda há utensílios lavados há pouco tempo.
Mais adiante, fica o local de preparo dos
alimentos. Grandes fogões industriais estão cobertos de ferrugem. Há
restos de alimentos estragados, caídos entre os bocais. Bem ao lado dos
fogões, há poças d’água estagnada.
Há também dois caldeirões para o preparo de
alimentos. Apesar de velhos e enferrujados, ainda funcionam, de acordo
com depoimentos de funcionários que, evidentemente, desejam permanecer
no anonimato. Um deles está com o isolamento térmico exposto. No outro, o
sistema de resfriamento não funciona.
No local há um forno elétrico queimado há
pelo menos seis meses. Atrás deste forno, material em desuso: bandejas
de metal enferrujadas e cadeiras quebradas.
De acordo com funcionários, o forno elétrico
quebrado impossibilita à cozinha servir alimentos assados, o que limita
a qualidade do serviço.
Os funcionários têm que usar freezers para o
armazenamento de alimentos perecíveis. A câmara frigorífica está
quebrada há pelo menos quatro anos. Atualmente, serve de depósito de
entulhos e lixo. As paredes estão descascadas, sujas e rachadas. Há
rachaduras e buracos pelo chão e as janelas estão sujas e quebradas.
Um grande ralo no chão tem restos de
alimentos e um cano exposto. Um verdadeiro banquete para baratas e
ratos. A exatos quatro passos de distância do balcão de preparo de
refeições, um ventilador está em estado lastimável: imundo, coberto de
poeira, com fiação exposta.
De acordo com fontes da Santa Casa, são
servidas em média 3.000 refeições por dia no hospital. São 1.800 para
pacientes, 900 para funcionários e 300 para acompanhantes.
Todas as pessoas consultadas são unânimes em
ressaltar a dedicação e o empenho dos funcionários da cozinha da Santa
Casa. Apesar das terríveis condições de trabalho, eles conseguem
fornecer as refeições e de alguma forma, por enquanto, impedem que
infecções e outros problemas piores agravem ainda mais a situação do
hospital.
RISCO
Na quinta-feira, dia 11, uma equipe doDiário Online esteve na Santa Casa. A equipe foi admitida no hospital e
visitou o novo prédio, o refeitório, a área interditada e a UTI
Neonatal. Apesar de ter acesso à UTI Neonatal, a equipe não teve
autorização para visitar a cozinha.
A justificativa apresentada foi de que não
seria conveniente a presença de uma equipe de reportagem na cozinha, por
se tratar de local de manipulação de alimentos.
Supõe-se, emboranão tenha sido informado,
que a equipe de reportagem não podia entrar na cozinha porque havia
risco de contaminar os alimentos.
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