Ao
escrever o artigo “UMA LIÇÃO DE GESTÃO” na última quarta-feira,
18/09/2013, busquei mostrar a importância de uma gestão pública fundada
em um planejamento estratégico, com previsão mínimade dez anos. D
aí
exemplificar o planejamento do setor elétrico nacional, no que concerne a
geração de energia que, a rigor, teve início no governo Getúlio Vargas,
com a criação da Eletrobrás, avançou com o plano de metas do Presidente
Juscelino Kubitschek e foi sistematizado a partir da criação do
Ministério das Minas e Energias, nos governos militares, embalado pelo
Projeto RADAM que, sem dúvida, foi fundamental na descoberta e
levantamento dos grandes potenciais hidrelétricos da Amazônia, dos quais
alguns já estão sendo aproveitados e outros estão, ainda, em vias de
aproveitamento, como é o caso de BELO MONTE e das hidrelétricas do Tap
ajós, do Teles-Pires, de Marabá, do Rio Madeira, que, juntas, irão
injetar mais de 30 milhões de Kwatts no sistema, a partir de 2020.
É
claro que, como já dito, o setor elétrico nacional merece todo o
reconhecimento quanto ao seu planejamento estratégico no que se refere,
especificamente, a geração de energia, uma vez que o mesmo não acontece
em relação às linhas de transmissão, que, historicamente, sempre ficou em
segundo plano, como foi o caso do Tramoeste, por exemplo, cujo projeto
poderia ter sido implantado ao tempo em que se construiu a hidrelétrica
de Tucuruí e que só foi feito 14 anos depois, e, assim mesmo, depois de
uma enorme batalha, uma vez que muitos diziam que aquela obra não se
justificava em face da pequena carga de energia da Região Oeste do Pará e
da Transamazônica, fato que levou-me a lembrar, numa audiência com o
então Presidente Fernando Henrique Cardoso, daquela história de quem
veio primeiro, “se foi o ovo
ou a galinha”; uma vez que não se fazia o Tramoeste porque não havia
consumo que o justificasse; todavia, se o mesmo não fosse construído não
haveria perspectiva de desenvolvimento daquelas regiões. E foi assim,
com a ajuda do então presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz
Lopes, que prevaleceu o bom senso e a Eletronorte construiu o Linhão de
Tucuruí a Altamira e de Altamira a Rurópolis, de onde, por duas outras
linhas,de 138 mil volts, a energia chegou a Itaituba e Santarém.
Hoje,
passados 15 anos de sua inauguração, eis que Tramoeste, que era
considerado um exagero por não haver carga na região que justificasse a
sua construção, não está conseguindo supriras regiões da Transamazônica e
do Oeste do Pará,cujas populações voltaram a sofrer com recorrentes
apagões e queda de tensão que são debitados à CELPA, que é a empresa
distribuidora de energia, mas que, na verdade, deveriam ser debitados à
Eletronorte, que é a concessionária responsável peloTramoeste ou à
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério das Minas e Energia,
que, a rigor, deveria ter previsto a necessidade de se reforçar aquele
sistema de transmissão, com a construção de pelo menos dois linhões que
sairiam da subestação de Vitória do Xingú, sendo um direto para
Altamira, em face do aumento da carga devido as obras de Belo Mon
te e um outro para Santarém, uma vez que o Tramoeste está exaurido em
face do atendimento de todas as cidades, vilas, agrovilas e vicinais da
região da Transamazônica e do Oeste do Pará.
Aliás,
sobre este assunto, tomo a liberdade de sugerir, ou melhor, apelar aos
membros do Ministério Público do Estado (MPE),para que nas audiências
públicas realizadas em Santarém para debater os apagões do Oeste do
Pará, sejam convocados, além da CELPA, a Eletronorte (que é a
responsável peloTramoeste), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do
Ministério das Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), até para que se saiba doporquê desses novos linhões, que
reforçariam o Tramoeste, não terem sido incluídos no último leilão de
concessão realizado pelo Governo Federal, até porque, se assim tivesse
sido, esses linhões estariam concluídos e em fase de energização. Mas
como isso não ocorreu,só nos resta,agora,correr atrás do prejuízo ou
instalarmos uma termoelétrica em Santarém, para atender as necessidades do Oeste do Pará. Que coisa!
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