O governador Simão Jatene tenta emplacar no
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o companheiro de inquérito,
Sérgio Leão. Leão deixou recentemente a Secretaria de Proteção para
concorrer à vaga do TCM.
Na época, segundo o inquérito policial, R$
16,5 milhões foram repassados para Jatene e Sérgio Leão, após o perdão
de uma dívida de R$ 47 milhões em recolhimento do Imposto Sobre
Circulação de Mercadoria (ICMS), que a empresa deveria ter recolhido aos
cofres públicos.
O
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) está analisando
representação impetrada pelo paraense Osório Pacheco Alves Filho. O
morador de Tucuruí cobra do órgão a responsabilidade do Ministério
Público por não ter dado encaminhamento célere ao Inquérito Criminal
465, que tramita desde 2004 no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O
inquérito apura as responsabilidades do governador tucano, Simão Jatene,
e de seu fiel escudeiro, Sérgio Leão, no escândalo que ficou conhecido
como o Caso Cerpasa.
Os dois respondem pelos crimes de corrupção
passiva; falsidade ideológica; crimes contra a fé pública e corrupção
ativa. Simão Robinson de Oliveira Jatene é réu neste inquérito, iniciado
em 2004, quando um fiscal do Ministério Público do Trabalho flagrou uma
funcionária da Cervejaria Paraense S.A. distribuindo em envelopes um
alto volume de dinheiro em notas miúdas para pagamento de funcionários
que que estariam fora dos registros oficiais da empresa.
VERBA E CAMPANHA:Durante a fiscalização os documentos da empresa foram apreendidos e posteriormente foi constatada a existência de relatórios detalhados com nomes, datas e valores descrevendo, entre outros achados, a decisão registrada em ata de reunião da diretoria da empresa, de se pagar propina aos então secretários do governo Almir Gabriel, Simão Jatene e Sérgio Leão. Além da propina, a empresa deu dinheiro à campanha na qual Jatene se elegeu para o governo, em 2002, em troca de benefícios fiscais de ICMS para a empresa.
VERBA E CAMPANHA:Durante a fiscalização os documentos da empresa foram apreendidos e posteriormente foi constatada a existência de relatórios detalhados com nomes, datas e valores descrevendo, entre outros achados, a decisão registrada em ata de reunião da diretoria da empresa, de se pagar propina aos então secretários do governo Almir Gabriel, Simão Jatene e Sérgio Leão. Além da propina, a empresa deu dinheiro à campanha na qual Jatene se elegeu para o governo, em 2002, em troca de benefícios fiscais de ICMS para a empresa.
Decorridos mais de nove anos de tramitação, o
processo continua parado, agora no STJ. Foi esta lentidão que fez com
que o paraense Osório Pacheco Alves Filho entrasse com uma
representação. Em 23 de agosto deste ano ele encaminhou ao Conselho
Nacional do Ministério Público - CNMP - um documento por Excesso de
Prazo, previsto no artigo 87 do Regimento Interno do Ministério Público.
A representação é em desfavor de Roberto Gurgel Santos, ex-Procurador
Geral da República, e de Célia Regina Souza Delgado, sub-Procuradora da
República.
Dentro do CNMP a representação teve rápida
deliberação. Em 17/09/2013 o relator do processo no órgão - criado para
ser um mecanismo do controle externo do Ministério Público – Jarbas
Soares Júnior, encaminhou um ofício à Subprocuradora da República
concedendo prazo de 15 dias para que ela respondesse sobre a demora na
resposta ao Inquérito 465 do STJ.
Ela não respondeu no prazo, conforme consta
no andamento do processo nº 0.00.000.001130/2013-92, que tramita no
CNMP. De acordo com a assessoria do Conselho, o processo vai ter
prosseguindo normal, independente da resposta da subprocuradora.
O relator, Jarbas Soares Júnior, não tem
prazo para dar prosseguimento, mas, segundo a assessoria, deverá se
manifestar e encaminhar para análise do Conselho, sem data determinada.
Nove anos depois, denúncia não foi apresentada
A assessoria da Procuradoria Geral da
República disse que, “conforme o andamento processual do CNMP, a
subprocuradora-geral da República Célia Regina Souza Delgado, por meio
do Ofício CRSD/PGR/156, já respondeu o Ofício 67/2013/Gab/JS-CNMP”. Mas a
resposta não consta no trâmite do processo, que pode ser acessado por
qualquer um no site do Conselho Nacional do Ministério Público.
O representante, Osório Filho ressalta em
seu documento que, decorridos quase nove anos da distribuição do
Inquérito ao Relator ministro Luiz Fux, “os autos continuam a se
arrastar morosamente sem que denúncia seja apresentada, os réus se vejam
processados pelos hediondos crimes de corrupção, falsidade ideológica,
entre outros, e à sociedade seja dado conhecimento das providências que
foram ou estão sendo adotadas pelo Ministério Público Federal”.
Cerca de R$ 16 mi foram repassados em 2002
Dando prosseguimento à sua representação,
Osório Alves Filho ressalta que os autos do Inquérito 465 foram
redistribuídos para o ministro Napoleão Nunes Maia Filho em 24 de
janeiro de 2013, “tendo havido, desde então, uma única manifestação da
Procuradoria da República em 17/06/2013 (fls 2074/2076), estando os
autos conclusos no Gabinete do ministro relator desde 21/06/2013”.
“.... é chegada a hora dos membros do Ministério Público Federal que atuam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) prestarem contas à sociedade das razões de tanta demora e de tanta impunidade, e dos riscos de prescrição dos crimes cometidos pelo Governador do Estado do Pará e demais autoridades”, alerta Osório Alves Filho.
“.... é chegada a hora dos membros do Ministério Público Federal que atuam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) prestarem contas à sociedade das razões de tanta demora e de tanta impunidade, e dos riscos de prescrição dos crimes cometidos pelo Governador do Estado do Pará e demais autoridades”, alerta Osório Alves Filho.
O “Caso Cerpasa” é um dos maiores escândalos
de desvio de recursos Já visto na história da administração pública
paraense. Em agosto de 2002, em plena campanha eleitoral, as anotações
apreendidas pelo Ministério Público do Trabalho no escritório da Cerpasa
deixavam claras as relações entre a empresa e a campanha tucana: “Ajuda
a campanha do Simão Jatene para o Governo, reunião feita com Dr. Sérgio
Leão, Dr. Jorge, Sr. Seibel, a partir de 30/08/02 (toda sexta-feira),
R$ 500.000, totalizando seis parcelas no final”. Para a campanha a
empresa passou um total na época de R$ 3milhões de reais, que corrigidos
, se aproxima de R$ 6 milhões a valores de hoje.
PERDÃO FOI PAGO
PERDÃO FOI PAGO
Na época, segundo o inquérito policial, R$
16,5 milhões foram repassados para Jatene e Sérgio Leão, após o perdão
de uma dívida de R$ 47 milhões em recolhimento do Imposto Sobre
Circulação de Mercadoria (ICMS), que a empresa deveria ter recolhido aos
cofres públicos.
O prejuízo causado ao Estado pela dupla de
denunciados pode chegar a valores atuais a mais de R$ 140 milhões,
considerando o débito da empresa registrado em 1999.
As ex-secretárias da Fazenda na época do
“benefício” dado à cervejaria eram Tereza Lusia Martires Coelho Cativo
Rosa e Roberta Chiari Ferreira de Souza. As duas são acusadas dos mesmos
crimes que envolvem Simão Jatene e Sérgio Leão.
No final de agosto de 2002, poucas semanas
antes das eleições, a Cerpasa teria repassado mais R$ 202.050 para a
campanha tucana, de forma indireta, disfarçados de “patrocínio das
festividades do Círio de Nazaré”. Nenhum pagamento foi contabilizado
como doação de campanha.
Nove meses depois da posse, Jatene assinou três decretos num único dia, 29 de setembro de 2003, concedendo à companhia um desconto de 95% no ICMS devido ao Estado e prorrogando seus benefícios fiscais por mais 12 anos, ao lado de outras 37 empresas.
Nove meses depois da posse, Jatene assinou três decretos num único dia, 29 de setembro de 2003, concedendo à companhia um desconto de 95% no ICMS devido ao Estado e prorrogando seus benefícios fiscais por mais 12 anos, ao lado de outras 37 empresas.
O governador Simão Jatene tenta emplacar no
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o companheiro de inquérito,
Sérgio Leão. Leão deixou recentemente a Secretaria de Proteção para
concorrer à vaga do TCM.
(Diário do Pará)
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