Juíza Rosileide suspeita de corrupção passiva |
O
desembargador João Maroja, do Tribunal de Justiça do Pará, é quem vai
atuar na denúncia movida pelo Ministério Público contra a juíza
Rosileide Maria da Costa Cunha, acusada de corrupção passiva. O nome da
juíza envolve fatos apontados na Operação Rêmora, realizada em 2006
pela Polícia Federal, que prendeu empresários e servidores públicos
envolvidos em um esquema de fraudes em licitações públicas e da
previdência social.
Nessa operação da PF foram flagradas
conversas do marido e de assessores da juíza, que era titular da 3ª
Vara de Fazenda de Belém, supostamente negociando pagamento de propina
sobre processos de interesse do empresário Chico Ferreira – atualmente
cumprindo pena na Penitenciária de Americano por ter mandado matar os
irmãos Ubiratan e Uiraquitan Novelino - e também de prefeitos do
interior do Estado, quando ela igualmente exercia a função de juíza
eleitoral.
Os autos do processo já estão conclusos
desde janeiro passado, inclusive com a defesa
Empresário Choco Ferreira |
apresentada pela juíza
por meio de seus advogados. Maroja vai dizer se admite ou não a ação
penal. Caso admita, a juíza será processada criminalmente. Se não
admitir, ela poderá retornar à magistratura e poderá, inclusive,
pleitear, por antiguidade, uma vaga no colegiado de desembargadores do
TJE.
Uma ligação telefônica grampeada pela PF
levantava suspeita de troca de sentença favorável entre o marido da
juíza e Ferreira. Desta vez, segundo a denúncia, eles negociavam a
ascensão da magistrada ao desembargo, por meio de lobby de Ferreira
junto ao governo do Estado. Também foi revelada a gravação na qual
Ferreira comemorava a suspensão de licitação pública na Secretaria
Estadual de Educação (Seduc), quando a juíza acumulava a 3ª Vara da
Fazenda.
Por conta desse fatos que vinculavam o
nome da juíza a três investigados pela Polícia Federal que apurava a
existência de um esquema de fraudes em licitações públicas, a juíza foi
punida com uma simples censura pelo TJE, mas o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) entrou no caso e agravou a penalidade do TJE, aplicando a
pena de disponibilidade com vencimentos proporcionais. No CNJ, o
processo teve como relator o conselheiro Jefferson Kravchychyn.
Em seu relatório, ele enfatizou que a
magistrada “não agiu de maneira correta para, mediante troca de
favores, auferir vantagem indevida, desrespeitando-se, assim,
explicitamente, os princípios da administração pública e, por
conseguinte, comportando-se de modo incompatível com a dignidade de seu
cargo”.
Antes de o desembargador João Maroja
aceitar sua atuação no processo, dois desembargadores, Ronaldo Valle e
Rômulo Nunes, julgaram-se suspeitos. Rosileide pediu que o processo
tramitasse em segredo de justiça, alegando que se isso não ocorre ela
teria sua imagem abalada. Maroja rejeitou a pretensão, afirmando que o
processo contra a juíza “não correspondia a qualquer hipótese legal de
segredo de justiça”.
Ele entendeu que a pretensão do sigilo
pelo simples fato da denunciada ser magistrada, implicaria em quebra da
isonomia e que o processo é público por natureza. Rosileide, em sua
defesa, afirmou que as conversas entre seu marido e pessoas influentes
no governo do Pará não têm relação com ela. A citação desses diálogos,
argumentou, teria apenas o propósito de dar a impressão de que estaria
envolvida. Além disso, afirma que a única falta que cometeu, conforme
avaliação do TJ do Pará, foi ter conversado por telefone com o filho do
ex-governador do Estado para pedir que intercedesse junto a Almir
Gabriel para ajudar no seu processo de ascensão.
(Diário do Pará)
espera em Deus e tudo mais ele fará confia nele
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