"Dos 81
ex-parlamentares que perdem o foro, 66 responderão às acusações na primeira
instância, da mesma forma que os demais cidadãos. Dois foram eleitos
governadores e serão processados no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os
demais ocupam cargos que os permitem responder perante os Tribunais de Justiça
de seus estados. Os parlamentares são de 19 partidos e somente no estado de
Sergipe não foi encontrado ninguém nessa situação".
Ações contra os que não se reelegeram vão do Supremo para outras instâncias |
BRASÍLIA
- Pelo menos 81 parlamentares federais deixarão de responder processos abertos
no Supremo Tribunal Federal (STF) contra eles porque não se reelegeram e já não
têm, desde sábado, direito ao foro privilegiado. As ações e inquéritos irão
para outras instâncias da Justiça. Ao todo, 228 deputados e 23 senadores deixam
de ser parlamentares, sendo que alguns renunciaram anteriormente para assumir
outros cargos. Ao todo, quatro senadores e 77 deputados eram processados ou
investigados no STF.
Há na
lista crimes desses parlamentares de homicídio a trabalho escravo. São acusados
de assassinato os agora ex-deputados Júlio Campos (DEM-MT), Alexandre Roso
(PSB-RS) e Paulo César Quartiero (DEM-RR). Respondem por trabalho escravo João
Lyra (PSD-AL), Camilo Cola (PMDB-ES) e Urzeni Rocha (PSD-RR). A maior parte dos
procedimentos contra parlamentares é por crimes contra a administração pública,
como peculato, corrupção, contra a lei de licitações, ou eleitorais.
Dois
viraram governadores
Dos 81
ex-parlamentares que perdem o foro, 66 responderão às acusações na primeira
instância, da mesma forma que os demais cidadãos. Dois foram eleitos
governadores e serão processados no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os
demais ocupam cargos que os permitem responder perante os Tribunais de Justiça
de seus estados. Os parlamentares são de 19 partidos e somente no estado de
Sergipe não foi encontrado ninguém nessa situação.
Quartiero
é quem tem o maior número de pendências no STF. São sete ações penais e cinco
inquéritos, quando a investigação está ainda no começo. Ele foi eleito
vice-governador de Roraima e responderá às acusações no TJ local. Uma das
investigações aparece no sistema da Corte como homicídio. Seu advogado, Ticiano
Figueiredo, afirmou que a acusação é de tentativa de homicídio. De acordo com
ele, o MP apontou Quartiero como responsável em um conflito entre arrozeiros e
indígenas na época da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol.
No
confronto, um indígena foi alvejado, mas não morreu. Figueiredo afirmou que seu
cliente não estava na região e não tem ligação com o caso. E alegou que as
ações são fruto de perseguição política.
A acusação
de homicídio contra Júlio Campos também envolve conflito por terra. Ele é
acusado de mandar matar duas pessoas em 2004, para se apropriar de terras em
Mato Grosso que seriam ricas em diamantes e outras pedras preciosas. Campos não
foi localizado. A defesa negou que ele tenha participação no crime.
Alexandre
Roso, por sua vez, é médico e a acusação contra ele é pela morte de cinco
pessoas por complicações decorrentes de cirurgias de gastroplastia entre 2001 e
2003. Rafael Favetti, seu advogado, disse que está esperando o fim da perícia
pedida. Segundo ele, não há nexo entre as cirurgias e as mortes.
As acusações
de trabalho escravo são todas relativas à possível exploração de trabalhadores
em fazendas. João Lyra já foi o parlamentar mais rico do Congresso e o grupo de
usinas que leva seu nome está em situação falimentar. O coordenador jurídico do
grupo, Flávio Moura, negou a ocorrência de crime nas fazendas de Lyra.
São sete
os ex-parlamentares do Rio na lista. Entre eles está Anthony Garotinho (PR-RJ).
Ele é réu em uma ação penal que trata de corrupção passiva, quadrilha e lavagem
de dinheiro. Responde ainda a um inquérito por peculato. Adrian (PMDB-RJ) é
investigado por crimes eleitorais. Dr. Paulo César (PR-RJ) responde a inquérito
para apurar crimes da lei de licitações e contra a paz pública. Rodrigo Bethlem
(PMDB-RJ) responde a inquérito por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Vitor Paulo (PRB-RJ) é réu em ação penal por crime eleitoral. Walney Rocha
(PTB-RJ) é réu por corrupção passiva e investigado em outro inquérito pelo
mesmo crime. Eurico Júnior (PV-RJ) é investigado por crimes na lei de
licitações.
O
ex-presidente do STF Carlos Velloso é crítico da prerrogativa de foro, que leva
a constantes mudanças de juizado. Segundo ele, essa “dança de foro” favorece a
impunidade.
Por André de Sousa e Eduardo Bresciani
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe do Blog do Xarope e deixe seus comentários, críticas e sugestões.