No Pará, somente nos dois primeiros meses de 2015, foram assassinadas 638 pessoas, sendo 355 em janeiro, e 283 em fevereiro. Pela média, 10,8 pessoas morreram por dia.
Os dados que provam a veracidade da informação foram cedidos ao DIÁRIO, com exclusividade, pelo Sindicato dos Servidores Públicos da Polícia Civil (Sindpol), e confirmam que a escalada de violência no estado não tem dado trégua.
Os índices são claros ao apresentar, que de 1º de janeiro de 2011 a 28 de fevereiro de 2015, nos quatro anos e dois meses do governo Jatene, 15.945 tiveram a vida ceifada. Por mais estarrecedor que pareça, o número ultrapassa a quantidade de habitantes de alguns municípios do estado.
Na noite de terça-feira, 17, em frente ao Conjunto Tapajós, dois homens numa motocicleta atiraram contra mototaxistas que estavam no ponto, próximo a uma parada de ônibus.
Um deles foi morto, outro baleado e dois foram atingidos de raspão. Um dos mototaxistas que conhecia as vítimas, e pede para não ser identificado, conta que o crime teria sido motivado por briga.
“Eu conhecia eles. O que morreu dependia disso. O pessoal do conjunto diz que eles vieram pra matar por causa de rixa. Nessa hora a parada estava lotada. Graças a Deus eu não estava na hora. Foram me contar lá em casa. Eles ainda ameaçaram um outro mototáxi. Um deles fugiu quando viu os caras e eles disseram que o próximo seria ele. Eles ainda roubaram uma das motos de outro mototáxi’’, conta.
O medo de atuar na própria profissão impere entre eles. “Medo a gente tem. Isso é em toda parte de Belém. São cinco anos que rodo de mototáxi. É uma profissão perigosa. Por enquanto é minha única função. Estou esperando abrir concurso’’, diz.
Próximo à parada de ônibus onde ocorreu o homicídio, a professora Laudiceia Lima, 48 anos, lembra um marco na carreira da docência: a morte do inspetor Antônio Carlos Vieira, 58 anos.
Há um ano como professora na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Príncipe da Paz, localizada na Rua Principal do Curuçambá, em Ananindeua, Laudiceia teme entrar para dar aula.
Por lecionar pela manhã, não conheceu o adolescente que estudava no turno da tarde e disparou contra o inspetor. Entretanto, trabalhava e conhecia muito bem Antônio. O que inquieta a professora, é o fato de o aluno ter matado um pai de família e estar solto.
“Eu trabalho no turno da manhã, ele era da tarde. Não o conheci, mas ele está solto. Essa lei está errada. Pra trabalhar lá, só precisando muito. Lá não tem segurança”.
A professora destaca que dentro da sala de aula ninguém está imune de ser roubado. “Esse é meu primeiro ano lá e já teve muita questão de assalto. Se a gente sair e não pegar logo o ônibus, é difícil. Os policiais só aparecem quando a diretora chama. Tem roubo dentro da sala de aula. A gente não sabe se são os próprios alunos que roubam ou se é gente de fora que entra”, diz.
(Diário do Pará)
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