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Polícia cumpriu mandados na sede da ONG Saúde e Alegria |
Escritório do Projeto Saúde e Alegria, em Santarém, foi alvo de busca e apreensão de materiais nesta terça (26). Um funcionário da ONG, que também é brigadista voluntário na cidade, está preso preventivamente.
O diretor do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, em Brasília que desconhece os motivos que levaram uma ação policial a apreender computadores e documentos na sede da ONG em Santarém (PA).
"Não sabemos até agora do que a gente está sendo acusado, porque foram até o nosso escritório sem decisão judicial, com um mandado genérico, para apreender tudo. Do que a gente está sendo acusado? Não tivemos nem acesso ao inquérito”, disse Caetano.
A Polícia Civil suspeita que os voluntários da Brigada - entre eles o funcionário da ONG - tenham colocado fogo na floresta para receber doações e que a Saúde e Alegria tenha sido usada para captar recursos repassados para a Brigada. O uso irregular do CNPJ da ONG foi negado por Scannavino.
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"Para mim isso soa como uma piada, salvo que esses meninos sejam atores. Conheço eles, são pessoas que eu espero que a gente tenha mais pessoas como eles. (A acusação) é um tamanho absurdo que eu sinto dor pelas comunidades parceiras e pela nossa equipe, pelo que eles passaram hoje pela manhã" - Caetano Scannavino
O diretor da ONG refutou qualquer irregularidade no uso de dados da ONG e ressaltou que todas as prestações de contas da entidade são públicas.
"Daqui a pouco vão prender quem está limpando petróleo na praia" - Caetano Scannavino, diretor da ONG Saúde e Alegria
A ONG Saúde e Alegria está localizada em Santarém e tem diversos projetos na região, como a instalação de placas de luz solar em comunidades e o incentivo de produção agrícola sem o uso do fogo. A ONG tem, ainda, um projeto na Reserva Extrativista Tapajós-Aripuns, com a comunidade local.
Coletiva em Brasília
Depois da entrevista de Scannavino, que foi realizada em um dos corredores da Câmara dos Deputados, parlamentares conversaram com a imprensa sobre a operação. Entre as críticas, os deputados da oposição afirmam que houve armação na prisão para criminalizar as ONG, e lembraram que, no passado, o presidente Jair Bolsonaro já tinha acusado, sem prova, as entidades.
"Isso mostra claramente uma armação que está se montando e se construindo, uma narrativa para poder dar razão ao discurso feito pelo presidente (Jair Bolsonaro) que quer buscar a acusação a terceiros", disse o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA)
"Nós não vamos aceitar que desenvolvam uma tese de que foram os ONGs, os ambientalistas os criminosos. Daqui a pouco vão dizer que foram eles que fizeram o Dia do Fogo. Nós não vamos aceitar a criminalização de movimentos sociais e de ONGs."
Operação Fogo do Sairé
O delegado de Polícia Civil José Humberto Melo Jr. diz que, depois de dois meses de investigação, os indícios apontaram para o possível envolvimento de ONGs no incêndio, dentre elas a Brigada de Alter do Chão.
Segundo Melo Jr., os indícios que levaram à prisão dos quatro suspeitos vieram depois de escuta telefônica feita com autorização judicial.
O advogado de defesa dos suspeitos, Wlandre Leal, disse que só vai se manifestar depois que falar com os delegados. Em nota, a Brigada disse que está "em choque com a prisão de pessoas que não fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade, porém certos de que qualquer que seja a denúncia, ela será esclarecida."
O delegado apontou que toda a movimentação dos quatro suspeitos foi acompanhada no período. "Percebemos que a pessoa jurídica deles conseguiu um contrato com a WWF, venderam 40 imagens para a WWF para uso exclusivo por R$ 70 mil, e a WWF conseguiu doações como do ator Leonardo DiCaprio no valor de US$ 500 mil para auxiliar as ONGs no combate às queimadas na Amazônia”, disse Melo Jr.
Em nota, o WWF Brasil rebateu as afirmações.
"O WWF-Brasil não adquiriu nenhuma foto ou imagem da Brigada, nem recebeu doação do ator Leonardo DiCaprio. Tais informações que estão circulando são inverídicas. O WWF-Brasil está acompanhando o desenrolar da operação e está em busca de informações mais precisas das acusações." - nota do WWF Brasil
O delegado afirmou ainda que Brigada é um projeto que se autocontratava usando o CNPJ do Instituto Aquífero Alter do Chão e recebia doações pelo CNPJ do projeto Saúde e Alegria (PSA). E que as investigações apontaram que a intenção dos brigadistas com os focos de incêndio na APA Alter do Chão era captar dinheiro para o projeto.
Segundo Melo Jr, a polícia investiga a participação da ONG Projeto Saúde e Alegria (PSA) no recebimento de doações para a Brigada. Os voluntários, de acordo com o delegado, teriam recebido cerca de R$ 300 mil para a Brigada através do CNPJ do Saúde e Alegria e também da ONG Instituto Aquífero Alter do Chão.
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