Pelo segundo ano consecutivo e sem a tradicional romaria que arrasta cerca de 2 milhões de fiéis pelas ruas centrais de Belém, ainda assim os cofres públicos continuam a bancar a “Varanda de Nazaré”, da cantora Fafá, que embora tenha retirado de seu nome artístico o “de Belém”, apresenta-se como embaixadora da festa sob o argumento de que, com isso, atrai turistas para a cidade, o que não corresponde à verdade dos fatos.
Em 2020 e neste 2021, Fafá e sua Varanda embolsaram em torno de R$ 1 milhão, verba pública que somada aos onze anos desse convescote dito religioso alcança valores que superam R$ 5 milhões. Não é sem razão que nas redes sociais muita gente, nos últimos dias, critica com veemência a liberação desse dinheiro pelo governo estadual. Há até quem cobre manifestação do Ministério Público, que se mantém silente a respeito do caso.
Aliás, o governador Helder Barbalho faz exatamente o que criticava nos seus antecessores, Simão Jatene, Ana Júlia Carepa e Almir Gabriel, que usaram os cofres do estado para bancar a tal Varanda da Fafá. Os veículos de comunicação dos quais Helder é um dos proprietários foram contundentes nos ataques, mas hoje se calam e aplaudem, como se tal desperdício de recursos fosse a coisa mais natural do mundo.
É preciso que se diga que se Fafá, ex-de Belém, quer trazer e homenagear sua meia dúzia de celebridades durante o Círio de Nazaré, que ela faça isso com seus próprios recursos ou promova uma “vaquinha” entre os representantes da elite da terra, que certamente não iriam fugir de tal colaboração. Fora disso, não há nenhum sentido em manter esse gasto bancado pelos contribuintes.
Além do mais, o povo paraense e a festividade do Círio são os únicos que atraem turistas de todas as partes do país e até do exterior. São as celebridades anônimas que vêm para cá atraídas pela fantástica manifestação de fé e devoção dos paraenses em sua padroeira.
O Pará tem muitos desafios pela frente – sociais, principalmente -, mas só irá vencê-los se as vaidades pessoais e políticas estiverem muito abaixo das expectativas por verdadeiras mudanças almejadas por sua população. A “Varanda de Nazaré” não possui nenhuma afinidade com o sentimento desta população.
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