sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Arma invisível da Rússia torna crise com Ucrânia ainda mais delicada



Uma arma invisível da Rússia com poder de afetar a economia global torna a crise com a Ucrânia ainda mais delicada.

“Isso tudo é muito maior do que a Ucrânia.” O secretário de Estado americano, Antony Blinken, falava sobre os impactos globais da atual crise.

Um deles tem a ver com uma arma invisível que a Rússia tem na mão: a maior reserva de gás natural do mundo. Quarenta por cento do gás natural usado na União Europeia vêm do vizinho. Sem ele, milhões de europeus poderiam ficar no escuro e no frio em pleno inverno.

Para os russos, o gás é uma arma poderosa e complicada. Durante a Guerra Fria, a economia russa era extremamente dependente do gás natural. Mas, hoje, calcula-se que o governo russo tenha mais de US$ 600 bilhões em reservas no Banco Central. Por isso, poderia se dar ao luxo de fechar as torneiras dos gasodutos. É o que explica Michael Stoppard, que estuda a indústria de gás há três décadas.

“Cada vez mais, a Rússia tem lucro com o petróleo e depende menos do gás natural. Além disso, os russos começaram a vender volumes maiores de gás para China. Então poderiam ficar um tempo sem vender gás para Europa”, diz Michael Stoppard.

Uma preocupação extra, segundo Michael, é que os europeus começaram este inverno com os estoques de gás abaixo dos níveis históricos.

Não seria a primeira vez que a Europa viveria uma crise desencadeada pela dependência da Rússia. Em 1948, a então União Soviética interrompeu acesso por terra e por mar à parte ocidental de Berlim para forçar os Estados Unidos e os europeus a desocuparem, dando o controle total da cidade aos soviéticos.

Os governos americano e britânico fizeram mais de 200 mil voos em um ano, com quase 5 mil toneladas diárias de suprimentos, para Berlim Ocidental e conseguiram manter a cooperação com a Alemanha.

Dessa vez os americanos também estão fazendo esforço para proteger os aliados: há pelo menos seis semanas, o governo de Joe Biden negocia com empresas de energia e países produtores de gás natural liquefeito para garantir que a Europa não fique no escuro. Na segunda-feira (31), o presidente americano vai receber o líder do Qatar para falar sobre esse assunto.

Enquanto isso, Michael explica: o mercado já sente no bolso os efeitos da crise.

“O preço do gás está estratosfericamente alto. No pior cenário, podemos ver fábricas tendo que reduzir a produção ou fecharem as portas. O preço alto vai afetar todo mundo que importa gás natural. Alguns países, como o Brasil, que têm contratos de longo prazo, podem ter o impacto amortecido”, afirma.

Repórter: Ou seja, tudo isso é muito maior do que só a Ucrânia?

Michael Stoppard: Sim.

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com informações JORNAL NACIONAL

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