Fórmula infalível do 171
Tudo que se possa pensar de ruim era encontrado em pai Carlinhos da Oxum. Apesar de ser devoto de Orixás e outros santos, Pai Carlinhos na verdade não passava de um tremendo 171; autêntico salafrário lobo em pele de cordeiro. Vez por outra o Babalorixá da safadeza era chamado na Seccional da Civil para se explicar ao delgado Nélson: quando não era indiciado por atentado ao pudor, era por atrevimento puro, tomando intimidade com a mulher dos outros e receitando caldo de piranha preta para velhos impotentes.
E assim pai Carlinhos de Oxum levava sua vida; tanto em seu terreiro quanto na vida íntima, ele fazia as mesmas lambanças. E foi num dia desses que pai Carlinhos recebeu a visita de um prefeito da região da Transamazônica que desejava ver seus caminhos abertos e seus desafetos políticos fora de seu caminho. “pai Carlinhos, eu preciso que o senhor me ajude”, disse o prefeito desesperado. “isso não é problema, desde que vossa excelência tenha dinheiro, nós vamos até o fim do mundo”, respondeu o macumbeiro salafrário.
E foi assim que Pai Carlinhos e seus chamados “Orixás de força” passaram a tomar conta dos caminhos do gestor municipal. Tudo aparentemente corria ás mil maravilhas, até o momento em que o prefeito resolveu que iria se candidatar a reeleição. “Vai ser preciso matar sete bois, vinte e um carneiros e cinqüenta galinhas”, receitou o pai de santo safado. “Vou providenciar agora mesmo” falou o prefeito, cheio de esperança no taco maléfico e nos búzios de azar de Pai Carlinhos.
E assim o prefeito de um município conhecido na Transamazônica mandou buscar as criações e o gado em uma fazenda recém adquirida com dinheiro desviado da educação e da saúde. Não importava se o povo de sua cidade iria ficar sem médicos e sem remédio ou se as crianças iriam sofrer sem merenda escolar. Fosse o que fosse o prefeito queria mesmo era ser reeleito, o resto era lambança pura.
E assim o “grande” trabalho foi feito, na sexta-feira ao meio dia, o prefeito compareceu vestido todo de branco. Filhos e filhas de santo faziam roda no meio do terreiro, entre velas coloridas e muitas galinhas mortas em vasilhas de barro. Tudo lambança para enganar o prefeito abestado. E no meio de tudo isso, o pai de santo “safado todo”, mais feliz do que nunca por ter mais uma vítima para enganar.
“seu prefeito, o senhor tem que tirar a roupa toda”, disse pai Carlinhos de Oxum. O prefeito mais que depressa obedeceu a ordem inusitada “se é para eu ser reeleito, faço qualquer coisa”, pensou o prefeito. E assim fez, ficando nu em pelo, enquanto pai Carlinhos dava um banho de cachaça no prefeito “cabeçudo”. Depois da cachaça, veio a urtiga que o pai de santo “171” esfregava no corpo do prefeito. E o gestor municipal a tudo suportava, sem reclamar. E foi assim com o álcool, com as folhas de mato e erva braba que o safado passava no prefeito sem vergonha, que apesar das dores e da humilhação achava que estava abafando.
Depois do “trabalho do Diabo”, que trouxe mais azar do que o prefeito já tinha e que foi pago com dinheiro vivo, “roubado dos cofres públicos”, o pai de santo viajou para sua cidade, esperando o resultado das eleições, onde com certeza seu nome estava como prefeito reeleito. Para sua surpresa, aconteceu o contrário, como muita gente esperava. Dono de uma rejeição muito grande em seu município, o “cabeçudo” não foi reeleito. Ficou sem o cofre da prefeitura, com dívidas no tribunal de Contas, contas rejeitadas e ainda corre o risco de passar o resto de sua vida na cadeia.
Após alguns anos o prefeito otário morreu vitima do azar do dito Pai de Santo 171.
Pai de santo Carlinhos de Oxum continua aprontando, já fez o mesmo trabalho para uma prefeita da região que foi obrigada a beber sangue de galinha, esperma de boi e urina de bode, “sem fazer cara feia”, pois do contrário o trabalho pode não dar certo, avisou o Pai de santo pilantra. Observação, o trabalho do Diabo, feito pelo pai de santo salafrário foi tão bom que antes mesmo das eleições a prefeita já está correndo o risco de ser cassada. “Tiro e queda” da prefeita, claro.
Sabedor da situação, a prefeita ligou para o vagabundo que se dizia pai de santo pedindo explicações; ”prefeita, arrume mais dinheiro que nós temos que fazer outro trabalho, urgente”, respondeu o apóstolo 171 do Diabo. A prefeita está desconfiada: Não quer mais tomar banho de urtiga com sal grosso, por que seu corpo, cheio de curubuçus, celulites e varizes arde até agora. Maria Madalena, coitadinha...
AÍ SIM EM
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