Pernas abertas, camisa desabotoada, o mesmo jeito malandro do
futevôlei. O Romário político lembra muito o jogador. A vaidade continua
afiada. A língua, embora presa, também. Candidato ao Senado nas
eleições de outubro, estreou a campanha no domingo, na Feira dos
Nordestinos. Vinte anos depois do tetra, ofuscou em segundos o candidato
ao governo do estado Lindbergh Farias (PT), considerado no meio
político um ás no corpo a corpo com eleitores. Mais uma vez, fez sucesso
com o eleitorado feminino. Em entrevista ao EXTRA, Romário comentou o 7
a 1, atacou a presidente Dilma Rousseff (PT) e outros adversários,
lembrou do tempo em que cursou moda e se rasgou em elogios ao falar de
seu assunto predileto: Romário de Souza Faria.
A Copa valeu a pena?
Não.
Mesmo que o Brasil tivesse sido campeão, não teria valido a pena, pelo
que foi gasto. As pessoas estão maravilhadas com o jeito do brasileiro
de receber as pessoas. Eu sabia que não seria diferente disso. Mas a
Copa foi o maior roubo da história do nosso país. Muitas pessoas
enriqueceram, muitos órgãos se promoveram, e muitos políticos também se
promoveram e enriqueceram ilicitamente.
O que acha do governo da presidente Dilma Rousseff?
O
governo dela é o passado. O que a Dilma fez? Nada. Só criou mais
ministérios, deu mais cabide de empregos, mais oportunidades para
políticos enriquecerem e roubarem. O resultado é que o país está esta a
merda que está. Tentei ser recebido mais de dez vezes por ela e nada.
Vai subir no palanque com ela?
Jamais.
De forma alguma. Se eu subir no palanque em que ela estiver, pode me
tirar, pois estarei de camisa de força. Não quero nada com o PT
nacional. O PT nacional tem que deixar o poder. Está na hora de sair.
Não existe a mínima possibilidade de eu apoiar o PT. Tem que sair logo
do governo. Se tem algum deputado do PT que não concorde comigo, é
problema dele. Só lamento. Eles sabem que não tem como eu mudar. Sou
assim.
No Rio, vocês vão se apresentar como a nova política?
Eu
e Lindbergh não precisamos nos apresentar como a nova política. Nós
fazemos parte da nova política. A política no Rio está muito velha, não
só pela idade, mas porque os políticos não querem fazer pelo povo e dar
mais qualidade à vida das pessoas.
Como reage aos que o criticam por não parecer político?
Muitos
falam que eu não tenho postura de político, porque ouço funk, hip-hop,
saio com os amigos. Eu respondo que postura de político é ser sério e
honesto. Isso, eu sou.
O que você tem que os outros candidatos não têm?
Honestidade,
seriedade, lealdade ao povo. Não sou político, estou político. Eu não
sucateei o Rio quando fui prefeito, por exemplo (referência ao
ex-prefeito Cesar Maia, candidato ao Senado).
Se eleito, vai trocar o Senado pela prefeitura em 2016?
Eu ainda quero ser prefeito do Rio, mas, hoje, penso em me eleger ao Senado. Depois a gente vê isso.
O candidato a presidente Eduardo Campos hoje está em terceiro lugar nas pesquisas. Acha que ele tem chances?
Se
o Brasil tivesse ganho a Copa do Mundo, o Eduardo não teria chance de
ir para o segundo turno, porque a Dilma ganharia no primeiro. Nessa
situação vexatória que o país está passando, no que se refere ao
futebol, eu posso te dizer que as chances do Eduardo cresceram muito. E
ele pode ser uma provável surpresa aí, bastante positiva.
O que acha do voto nulo?
Esse
desencanto com a política é natural. Só tem político ladrão e corrupto.
Isso faz com que as pessoas se afastem. É difícil escolher o candidato,
porque muitos não cumprem.
Pensa em conciliar a carreira política com os estudos? Voltaria a estudar moda?
Eu
quis ser estilista por um tempo (risos). Vivia no exterior, em meio aos
desfiles, e, quando voltei para o Brasil, fui estudar moda. Engraçado
que 80% do curso eram mulheres. Foi uma época muito boa na minha vida.
Saiu com muitas das alunas?
Isso é você que está falando... (risos de deboche)
Hoje, o assédio do público feminino com o político é maior do que com o jogador?
O
assédio aumentou muito. Agora, além de admirarem o ídolo do futebol,
também admiram o político, pois sabem quais são as minhas causas, o que
eu defendo. Elas vêm para cima mesmo. Beijar, abraçar, agarrar, passar a
mão... Tem de tudo. Na minha bunda, no meio das pernas, em tudo quanto é
lugar.
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