Após o episódio, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que a Polícia Militar proteja os trabalhadores que são lideranças rurais em assentamento na zona rural de Trairão.
Um casal de agricultores encontrou duas covas ao saírem de casa para fazer colheita de maracujá em Trairão, no oeste do Pará. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ambos são ameaçados há seis anos por madeireiros e fazendeiros da região. A Polícia Militar (PM) informou que, à pedido do Ministério Público Federal (MPF), aumentou a frequência de rondas na área.
Os dois trabalhadores rurais estão inclusos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos mas, segundo a CPT, as ameaças continuam e fazem parte do cotidiano do casal.
“Eles querem nos matar, é difícil ver isso, querem acabar com nossas vidas. Não podemos mais sair de casa… parece que estou aqui enterrada ao lado dele (do companheiro)”, disse a mulher.
Segundo a CPT, eles chegaram ao município em 2001 e conseguiram um lote, chamado sítio Nova Esperança, de 100 hectares pelo Projeto de Assentamento Areia, localizado a 40 km do centro de Trairão. O assentamento fica na base de três unidades de conservação – Floresta Nacional do Trairão, Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e Parque Nacional do Jamanxim.
De acordo com uma ação judicial do Ministério Público Federal, os conflitos se intensificaram na região por conta da atuação de posseiros que controlam o acesso à área e utilizam-na como entrada para retirada ilegal de madeira nas unidades de conservação.
A ação também cita que uma extensa rede de estradas ilegais foram abertas no meio da floresta.
O casal tornou-se liderança entre mulheres camponesas e fundaram a Associação de Mulheres do Areia II para incentivar atividades sobre direitos e de produção agrícola.
“Tudo que eu tenho está aqui, aqui eu vou ficar. Me sinto segura e agora que vou trabalhar. Se quiserem me matar vão me matar aqui, na minha casa, no meu lote”, disse a liderança.
Moradores da área disseram à CPT que passaram a viver com medo e acabam não denunciando ações criminosas de madeireiros, incluindo assassinatos. Vítimas foram lideranças de assentamentos que faziam denúncias às autoridades.
O MPF informou que também solicitou à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), à Polícia Civil de Trairão e ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Pará o reforço na proteção aos ameaçados, mas ainda aguarda respostas a esses ofícios enviados na semana passada.
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