Nesta terça-feira (5) Dia Mundial do Meio Ambiente, o Fórum Regional de Combate aos impactos causados por agrotóxicos do Baixo Amazonas promoveu em Santarém o seminário “Os impactos dos agrotóxicos na mortandade de abelhas na região do Baixo Amazonas”, no auditório do MPPA em Santarém. Produtores, representantes da sociedade civil e estudantes ouviram especialistas no tema e trocaram experiências.
O Ministério Público de Santarém apoiou a programação, juntamente com Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) e Fase Amazônia. Dentre os encaminhamentos, foi formado o Grupo de Trabalho (GT) do Mel, constituído por instituições como a Ufpa, Ufopa, Fase, STTR, ONGs e meliponicultores de Santarém, Belterra, Mojui, Juruti, Alenquer e região do Arapins. O grupo deve trabalhar para fomentar e socializar as pesquisas, ações para proteger a produção de mel, facilitar o andamento da certificação artesanal, com legislação adequada para as características do mel produzido na região.
O professor doutor Francisco Plácido Magalhães, da Universidade Federal do Pará (Ufpa), fez a palestra de abertura, com o tema “As abelhas como bioindicadores de qualidade ambiental”. Ele explicou que problemas como uso de agrotóxicos, desmatamento, agricultura intensiva e outros, levam à fragmentação dos habitats. “As abelhas vão perdendo o lugar para coletar seus recursos. Não tem plantas, não tem flor, não tem alimento. O número de colônias reduziu drasticamente nos últimos anos”, relata.
Estudos apresentados apontam que as abelhas são responsáveis por 40% e 90% da polinização de espécies silvestres. “Um terço do que consumimos é polinizado pelas abelhas, e 73% das espécies vegetais do mundo inteiro”, informa. Embora seja grave a situação, é possível reverter quadros, recuperar colmeias e proteger a produção, por meio de “práticas amigáveis para a conservação das abelhas”, que incluem conhecer o entorno das áreas, conhecer as plantas que as abelhas mais visitam e aumentar o número dessas espécies, além de desenvolver sistemas de produção adequados para cada região.
O professor da Ufopa, Paulo Taube, abordou as características químicas do mel na região de Santarém, com apresentação de resultado de pesquisa que analisou o mel produzido. Ele enfatizou a importância da manipulação adequada do mel desde a sua colheita, armazenamento e comercialização. Outra pesquisa em andamento indica a presença de elementos químicos no mel, que poderiam ser oriundos do uso de agrotóxicos. “Vamos apresentar os resultados, que dependem de análises específicas”, informa.
À tarde, um dos temas foi o.impacto do uso de agrotóxicos próximo a áreas habitadas, com a participação do MPPA, Adepará e Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). De acordo com a médica oncologista Kalista Borges, os efeitos da exposição para a saúde humana são diversos, incluindo vários tipos de câncer. “Não existe limite seguro de exposição. Podem exercer seus efeitos por diversos mecanismos, que variam por dose, tempo e frequência”, alerta.
A promotora de justiça Lilian Braga relatou a atuação do MPPA, em casos de escolas na zona rural, cercadas por plantações de soja. “Estamos aguardando o resultado das análises da água feita pelo Instituto Evandro Chagas, para definir os próximos passos”.
O representante da Adepará, André Reale, falou sobre o processo de licenciamento para produtos artesanais de origem animal, incluindo mel e derivados. Atualmente no Pará, são 36 artesanais de origem animal licenciados, a maioria laticínios. “Estamos à disposição para promover e informar as condições para o licenciamento”, informou.
Texto e fotos: Lila Bemerguy
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