Caso aconteceu em Goiânia (GO). Além de pároco, sacerdote era professor de Filosofia da PUC Goiás e foi afastado da igreja.
Vizinhos da Paróquia Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos (foto em destaque), no Setor Sudoeste de Goiânia, comentam com sussurros o caso que levou um dos fiéis a tirar a própria vida no último domingo de fevereiro, dia 24. Pouco antes, ele descobrira que a esposa estava tendo um romance com o padre da igreja que o casal frequentava e denunciou o caso em seu perfil no Facebook.
Veja: Muito chateado com os homens que estragam tudo o que tocam... pegam uma coisa maravilhosa que e a religião e destroem, vc mesmo Padre Antônio Rocha Souza , uma pessoa que esta no maior cargo da paróquia vem e trai a comunidade e me trau da maneira mais cruel... a pessoa que devia salvar uma crise no meu casamento, usou da sua inteligência maquiavélica para iludir e seduzir minha esposa ,num evento religioso, a festa da padroeira em maio de 2018..., que até então era sua secretária e depois virou amante , estava sendo enganado desde aquela época até janeiro de 2019, que foi qdo descobri... e o pior de tudo, este lobo na pele de cordeiro, ainda me aconselhou,como padre, a me afastar dela, dizendo que eu estava sendo muito grudento, isto mesmo, pasmem, ele foi me dar conselhos , me pedindo para dar um tempo, espaço a ela, provavelmente para que ele tivesse exclusividade... no relacionamento conjugal que ele estava tendo... agora o pior foi quando descobri... ele tramou uma viagem de lua de mel, para cidade natal dele em Correntina BA , com minha esposa, meu filho ,meu sogro, a mãe dele...( detalhe eles não sabiam que os dois tinham um caso) desrespeitou a todos . Me humilhou da pior forma possível! Pe. Antonio Rocha Souza , que Deus tenha misericordia de vc seu canalha, te tratava como amigo! Me decepcionei com a igreja por 2 vezes essa foi a primeira, na segunda , quando a arquidiocese tomou ciencia do ocorrido e o que me deixou mais chateado, é o que ficou de punição para aquele canalha traidor, vai ficar 1 ano sem celebrar as custas da arquidiocese e depois pega outra paróquia como se nada tivesse acontecido para destruir outra família enganando a comunidade como fez la na Auxílio dos Cristãos. Ele deveria ser excomungado da igreja!!!! ... Pedro Augusto meu filho ! Te amo demais! Como te disse hj! Vc sempre estará no meu coração! Te amo filho!
Todas as semanas, em um dos 36 bancos distribuídos em duas fileiras da igreja, sentava-se o bancário Pedro Nélio Batista, 41 anos, que acabou tirando a própria vida. Ao lado, ficava a sua esposa, identificada apenas como Mara, e o filho do casal, 7. Juntos, eles assistiam às missas celebradas por Antônio Rocha Souza. O pároco é sacerdote e professor canônico da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Segundo o irmão de Pedro, Júnior Batista, 40, o bancário descobriu o caso pouco mais de um mês antes de morrer. “Ele foi ficando alegre e triste. No domingo, fizemos um churrasco na casa dele. Estava apreensivo porque a igreja apenas suspendeu o padre e não o expulsou”, contou.
Júnior, que viu o relato de Pedro logo após a postagem na rede social (veja acima), correu para a casa do irmão, mas já era tarde. “Tentei fazer massagem [de reanimação]. Vi meu irmão morrendo, por isso cobro que o responsável pela morte seja expulso da igreja”, desabafa Júnior.
Acusação pública
Ao publicar no Facebook, horas antes da tragédia, que a mulher tinha um caso amoroso com o clérigo, Pedro, conhecido como Pedrão, despertou a atenção e a curiosidade dos paroquianos. A história se espalhou e foi agregando fofocas e invencionices. Uma delas de que o filho de 7 anos não seria de Pedro. Júnior, no entanto, desmente. “Um exame de DNA concluiu que meu irmão é o pai”, assegurou.
A mulher, que era secretária do padre no turno da manhã desde que o religioso foi designado pela Arquidiocese de Goiânia para o paróquia há quatro anos, não foi encontrada pela reportagem.
O padre é considerado “exemplar”, “atencioso” e “inteligente” pelos fiéis, mas no texto de Pedro, ganha outros adjetivos: “canalha”, “traidor” e “maquiavélico”.
No relato, Pedro revelou que ele e Mara procuraram o sacerdote para tentar salvar o casamento, que estava em crise. “[…] a pessoa que devia salvar uma crise no meu casamento, usou da sua inteligência maquiavélica para iludir e seduzir minha esposa, num evento religioso, a festa da padroeira, em maio de 2018 […]”, escreveu.
inda segundo o desabafo, o sacerdote teria ido, com a esposa de Pedro, para Correntina (BA), em uma espécie de “lua de mel”.
Secretária, Mara ficava em uma sala no térreo do prédio de dois andares da igreja. Era vista, pelo menos pelos frequentadores que falaram com a reportagem, como uma “boa mãe”, “atenciosa” e “temente a Deus”.
O padre morava no andar de cima, com a mãe. Do lado de fora da paróquia, ainda hoje é possível ver uma cortina azul na janela de onde, quando em vez, o padre aparecia para espiar o céu e a rua, segundo relatos de frequentadores.
O prédio é quase um labirinto de salas e corredores mal iluminados, com santos, velas apagadas e quadros com imagens de Jesus Cristo. No altar da igreja, há um mosaico de barro com várias feições do messias. Na maioria, Cristo parece olhar de soslaio, para baixo, entristecido – como em uma escultura maior no centro da tela, que parece espiar um crucifixo abandonado ao lado de uma lata de refrigerante em cima do segundo banco à esquerda.
Veja imagens da paróquia:
Bancário descobre traição da mulher com padre e tira a própria vida
Mara, a mulher de Pedro, era secretária paroquial: o casal tem o filho de 7 anos e, após da tragédia, teve gente que questionou a paternidade do menino.
O padre foi transferido, não responde mais pela paróquia. Contudo, não foi expulso da igreja Católica, como pede o irmão de Pedro.
Era em um dos bancos da igreja que a família de Pedro se sentava para acompanhar os sermões do padre Antônio.
Para a reportagem, apenas um fiel da igreja quis comentar o assunto sem resguardar a sua identidade. Geraldo Rodrigues, de 64 anos, viu a transmutação da pequena capela, feita de taipa e folhas de bananeira, na atual paróquia, frequentada por centenas de pessoas.
Quando soube que jornalistas queriam entender a trágica histórica do bancário, da mulher e do padre, tratou de apontar e sentenciar um culpado. “Olha, o diabo faz isso. É coisa da carne”, acusou ele, dentro da oficina que funciona na garagem da casa a quatro quadras da igreja.
Negro, barba por fazer, calvo, com o pouco que lhe resta de cabelo mais branco do que preto, barrigudo e com pouco mais de 1,60m de altura, o mecânico teceu elogios ao padre. Para Geraldo Rodrigues, o religioso não demonstrava nada que o desabonasse diante da comunidade católica e não católica. “Era um homem que prezava a liturgia. Ele dizia que tinha ideia para escrever um livro”, contou.
Foi na oficina de Rodrigues que, durante meses, ficou estacionado um fusca do padre para reforma. “Ele era muito simples, não tinha luxo nenhum”, lembra o mecânico, que prefere atribuir as responsabilidades à natureza da espécie: “Não vou culpar nem ele nem ela. Errar é humano”.
Igreja sabia
Sob anonimato, dois fiéis disseram que a igreja – ou seja, os superiores do padre – já sabia do ocorrido antes do suicídio do bancário Pedro, mas manteve sigilo. Apenas no dia 14 de fevereiro, o arcebispo dom Washington Cruz optou pela “suspensão preventiva canônica total do uso de ordens do padre Antônio Rocha de Souza”.
A Arquidiocese não soube responder se Pedro foi acompanhado por um profissional de psicologia quando a história veio à tona. Em nota enviada ao Metrópoles, a Arquidiocese de Goiânia informou que, em janeiro de 2019, recebeu do padre “a solicitação de afastamento de suas atividades como administrador da Paróquia Auxílio dos Cristãos, por motivo pessoal.” Um novo sacerdote foi colocado em seu lugar.
A nota não revelou se deu o afastamento. Contudo, a Arquidiocese afirmou que, “enquanto isso, surgiram algumas denúncias contra o Pe. Antônio Rocha de Souza, que levou a Arquidiocese a suspender preventivamente o referido sacerdote de suas atividades sacerdotais para melhor investigar estas alegações (cf. Decreto 05/2019).”
Em um segundo e-mail, a reportagem quis saber se a família de Pedro, inclusive o filho, têm recebido algum acompanhamento por parte da igreja. “As famílias estão sendo assistidas por um padre, atual responsável pela Paróquia Auxílio dos Cristãos”, respondeu a Arquidiocese.
Nomeado desde o 1º de fevereiro pelo arcebispo dom Washington Cruz para ser o novo pároco da congregação, o padre Rodrigo de Castro Ferreira não foi encontrado pela reportagem.
Por telefone, a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Goiás afirmou que a ocorrência da morte de Pedro Nélio Batista foi registrada na 20ª Delegacia de Polícia (DP) de Goiânia, como suicídio.
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