Parte da decisão do ministro, publicada na noite desta terça-feira (28), cita a tese do Marco Temporal das Terras Indígenas e cobra indenizações
A Apyterewa tem cerca de 774 mil hectares de extensão e um dos principais povoados é a Vila Renascer, onde se concentram a as ações da operação de desintrusão que visa retirar cerca de 2 mil famílias da área e destinar a 1 mil indígenas da etnia Parakanã (Foto: Wesley Costa / Fato Regional)
A operação de desintrusão da Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, foi suspensa na noite desta terça-feira (28). A decisão foi do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolhendo o pedido de associações que representam moradores da área. A mudança ocorre na véspera da audiência da CPI das ONGs, nesta quarta-feira (29), no município, com foco na investigação sobre a influência de organizações para a operação.
No texto da decisão, Nunes Marques reconhece como procedentes alguns argumentos apresentados pela Associação dos Agricultores do Vale do Cedro e Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto Paredão. Entre eles, que a ocupação indígena na área é posterior a um processo de assentamento de 1997, quando 216 famílias foram assentadas pelo Ministério da Justiça.
Para o ministro, os argumentos das entidades são válidos ao apontarem para a iminência de “prejuízos irreparáveis de ordem social e econômica” devido aos conflitos na área. Nunes Marques cita, em partes, a tese do Marco Temporal das Terras Indígenas, para determinar a indenização de ocupantes de boa-fé da Apyterewa por benfeitorias na terra.
Por fim, o ministro determina “…a imediata paralisação de todos os atos dele decorrentes, especialmente as providências coercitivas de reintegração adotadas por forças policiais, assegurando aos colonos, assim, o livre trânsito, na área objeto de impugnação, com seus pertences e semoventes”.
É importante ressaltar que a decisão de Nunes Marques é liminar e pode ser alterada ou suspensa. E essa decisão não cita a possibilidade de retorno de famílias que já deixaram a Apyterewa.
A Extensão Apyterewa, por decisão do ministro presidente do STF, Luís Roberto Barroso, deveria ser destinada exclusivamente à vivência dos indígenas da etnia Parakanã e à preservação ambiental. A área tem 774 mil hectares de extensão e o povo indígena tem cerca de 1 mil pessoas.
(Da Redação do Fato Regional)
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