Sexta-feira maligna?
Fim do mundo está próximo, diz o calendário Maia
"A previsão fatalista fez até instituições respeitadas, como a Nasa, agência espacial americana, e o Vaticano, se manifestarem".
Não se fala em outra coisa nos últimos dias: pelo calendário maia, o
mundo vai acabar na próxima sexta-feira, dia 21 de dezembro. A previsão
fatalista fez até instituições respeitadas, como a Nasa, agência
espacial americana, e o Vaticano, se manifestarem. Enquanto isso, muitos
brasileiros preferem encarar a data com bom humor - várias festas estão
marcadas para o 'dia do apocalipse'.
Segundo Alberto Frederico Beuttenmuller, autor do livro 2012 - A
Profecia Maia, tudo não passa de uma interpretação equivocada de um dos
dois calendários maias - povo que habitou o México e a América Central
da Antiguidade. A civilização estabeleceu como início da contagem do
tempo o ano de 3113 a.C. e o desenhou até 5,2 mil anos à frente.
Dividiram tudo por cinco e convencionaram dizer que cada quinto era um
mundo - justamente daqui a cinco dias se daria o fim do quinto mundo.
'Como eles deram o nome de mundo, houve essa confusão. Mas é preciso
entender a concepção de mundo de cada civilização', afirma
Beuttenmüller.
Na seção criada em seu site para refutar a proximidade do apocalipse, a
Nasa chegou a convocar uma conferência via internet no fim do mês
passado. E, sob o tema Terra. Seu futuro.
Alto Paraíso,
município no interior de Goiás conhecido por ser um destino místico, vai
promover na noite de sexta-feira a festa Todo Mundo no Paraíso. 'Vai
ser de graça. Uma das atrações é (o cantor) Paulinho Moska', diz a
secretária de Turismo, Fernanda Montes. 'O cartaz é como se a cidade
fosse uma arca de Noé, com várias tribos de pessoas dentro dela.'
Com o 'fim do mundo' e o apelo da cidade, a temporada turística começou
mais cedo. 'Normalmente, os visitantes vêm a partir do dia 26 (de
dezembro). Neste ano, chegaram hoje. E, se a gente recebe 7 mil pessoas,
agora esperamos 10 mil.'
Em São Paulo, o fim do mundo virou até letra de música. 'Vende-se um
planeta usado, 7 bilhões de únicos donos, em médio estado, mas sem as
calotas, com o teto cheio de buracos e o radiador enguiçado', diz a
letra de Classificados, de Daniel Carezzato, Luciana Bugni e Marcos
Mesquita - com participação de Tom Zé. Foi a primeira gravada pela banda
½ dúzia de 3 ou 4 para o projeto O Fim está Próspero - Trilha Sonora
(Oficial) para o Fim do Mundo, iniciado em 2010.
De lá para cá, foram 12 músicas com videoclipe. O lançamento do disco
está próximo: será na terça-feira (18). 'É para dar tempo de curar a
ressaca para o dia 21', brinca o músico Thiago Melo, um dos integrantes
da banda.
Apostando no 'novo mundo', no sábado (22), 'primeiro dia
pós-apocalipse', o publicitário Roberto Machado, de 33 anos, organiza em
sua casa, na capital, A Balada do (Re)Começo do Mundo. 'A banda de
karaokê Cowbeatle vai atender aos pedidos de quem quiser cantar o fim de
uma era e o início de outra', diz.
Empresas também entraram no 'fim do mundo irreverente'. A Suíte Novotel,
do grupo Accor, lançou a ação 21/12/2012 - Revival. A partir de 75
euros, duas pessoas podem celebrar a noite de sexta-feira em uma das 29
unidades da rede pelo mundo. 'A ideia do pacote foi um approach inovador
e criativo', diz a gerente de Marketing para América Latina, Claudia de
Barros Barbosa.
Para a astróloga Cristina Mallet, o dia 21 tem a ver mesmo com o início
de uma nova era. 'Tudo na natureza se estrutura em ciclos, como as
estações do ano. Encerramos um ciclo e iniciamos outro, em que o mundo
será mais humano.'
Mensageiro - Danillo
Matos, de 56 anos, diz acreditar no fim do mundo. Para precaver o maior
número de pessoas, largou emprego em dezembro do ano passado para ficar
debaixo de sol e chuva na frente do Masp, na Avenida Paulista, o ano
'inteirinho, de quinta-feira a domingo'. Com cartazes sobre diferentes
profecias e distribuição de panfletos, explica para quem se aventura a
ouvir: 'Nós vamos virar seres de luz. Eu não tenho medo'.
Matos não precisa temer. Estudo da Universidade de Boston, publicado em
maio na revista Science, diz que o mais antigo calendário maia já achado
não acaba em 13 fases, como o que originou a profecia, mas em 17. As
pinturas estavam em um templo na antiga cidade de Xultún, na Guatemala.
Fonte: Estadão Conteúdo
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