Um trabalho coordenado garantiu, na última sexta-feira (04/7), a devolução à natureza de um gavião-real que havia sido resgatado no dia 19 de junho na margem direita do rio Xingu, em Senador José Porfírio. A operação começou no Centro de Estudos Ambientais da Norte Energia, empresa responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, onde a ave de rapina permaneceu sob cuidados de técnicos e veterinários durante 16 dias. E, combinando transporte fluvial e terrestre, terminou no local onde funcionários da Belo Sun, mineradora que desenvolve o Projeto Volta Grande, resgataram a ave após ela se chocar com um fio de alta tensão.
“Deu tudo certo”,comemorou a bióloga Helena Aguiar, doutoranda do curso de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que, com o escalador Olivier Jaudoin, coordenou o trabalho de soltura. “É uma fêmea adulta com seis quilos e envergadura de asa a asa de 2,08 metros”, explicou Helena, que é pesquisadora do Programa de Conservação do Gavião-Real (PCGR) do Inpa.
De volta à natureza, o gavião-Real, agora, também está a serviço da ciência. Durante os procedimentos que antecederam à soltura, a ave recebeu anéis de identificação e um radiotransmissor que enviará por satélite a uma central de processamento informações que ajudarão identificar a região aonde vive. Helena aposta em informações repetidas de locais de pouso para localizar mais um ninho da espécie na região. Desde 2013, o Inpa monitora um ninho na localidade de Novo Mundo, em Altamira.
Ave de rapina mais possante das Américas, conhecida cientificamente como Harpia harpyja, o gavião-Real, alimenta-se de mamíferos de pequeno e médio portes, como preguiças, macacos e porcos-espinhos. Suas principais características são as garras e a força, podendo carregar uma carga igual ao seu peso – a ave devolvida à natureza sexta-feira levava uma preguiça quando caiu. Caçadora solitária, habita a parte mais alta das florestas, onde constrói ninhos em árvores como castanheira, angelim, jatobá e samaúma. A cada dois ou três anos, o casal reproduz um filhote. A espécie é conhecida na Amazônia como gavião-Real devido a seu porte e à coroa de penas na cabeça.
Fotos: Jaime Souzza
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