O B/M Bom Jesus que naufragou após pegar fogo no dia 28 de março na região do Marajó, no Pará, foi comprado poucos dias antes pelo valor de R$ 112 mil e nem chegou a ter o registro atualizado com o nome do novo dono na Capitania Fluvial de Santarém, onde a embarcação está registrada. O desaparecimento também não foi reclamado à polícia pelo comprador da embarcação.
De acordo com informações da Marinha, repassadas em coletiva de imprensa em Belém, na última quinta-feira (14), a embarcação partiu de Santarém no dia 24 de março sem fazer o despacho necessário para informar entre outras coisas, a rota que seria seguida. Também foi informado pela Marinha, que o barco não tinha autorização para navegar em águas oceânicas por não atender aos requisitos exigidos pela Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário. O barco tinha pouco mais de 20 metros.
Na viagem que partiu de Santarém com destino a Chaves, no Pará, a embarcação estava sob a responsabilidade de Joelson da Silva Castro, que de acordo com informações prestadas à polícia em boletim de ocorrência que dava conta do desaparecimento dos 6 tripulantes do B/M Bom Jesus, também estava responsável por uma carga que seria entregue em Chaves.
Quando foram resgatados na Ilha das Flechas, distante 150 km de Belém, na tarde do último dia 13, exatos 17 dias após o naufrágio, os tripulantes informaram à Marinha que o barco Bom Jesus não levava nenhuma carga, e que a viagem para aquela região era de reconhecimento para uma futura rota comercial que o dono da embarcação pretendia operar.
Cristiano Azevedo, comandante da embarcação disse que o destino final seria o município de Soure, na região do Marajó, mas, que depois de passarem por Chaves e pela ilha de Nazaré, teriam se perdido e em meio a um temporal a embarcação começou a pegar fogo pela parte da cozinha, e que eles precisaram agir rápido para sair com o auxílio de boias salva-vidas.
Ainda conforme os relatos dos tripulantes, nove dias após o naufrágio, o maquinista Jefferson Marcos dos Santos teve a ideia de amarrar garrafas pet a uma boia-salva vidas e outro tripulante teve a ideia de colocar um bilhete dentro de uma das garrafas com pedido de socorro, a localização deles e números de telefones de alguns familiares. A boia com o bilhete foi encontrada por um pescador no dia 13 e na mesma data eles foram resgatados por uma aeronave da Marinha.
Na quinta-feira (14) os tripulantes chegaram a Santarém e reencontraram seus familiares. A partir de segunda-feira (18) começam a ser ouvidos pela Polícia Civil, que investiga entre outras coisas, se há indício de crime na viagem clandestina que resultou no naufrágio do barco Bom Jesus.
A Polícia Civil já fez levantamento de antecedentes criminais dos seis tripulantes: Antônio Oliveira dos Santos (maquinista mecânico), Leilane Carla Ferreira Guimarães (cozinheira), Cristiano de Azevedo Figueira (comandante), Joelson da Silva Costa (responsável pela suposta carga), Valdeney Dolzanes Reis (policial militar da reserva), Jefferson Marcos dos Santos (maquinista).
com informações G1 SANTARÉM
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