Segundo pesquisador da Embrapa, há uma baixa oferta no mercado. Reportagem encontrou produto por até R$ 170
O vídeo, que mostra a empolgação do vendedor ao concluir a negociação, dividiu opiniões na internet.Enquanto alguns internautas criticaram o valor, outros defenderam o preço como compatível com a qualidade e a escassez do produto.Segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Urano Carvalho, o valor elevado da castanha tem uma explicação: a baixa oferta no mercado. "Este ano, a safra foi menor do que em 2023. A média de produção mundial gira em torno de 73 mil toneladas por ano, o que é muito pouco quando comparado com outras castanhas, como a de caju ou amêndoas, que ultrapassam 3 milhões de toneladas", explicou.O especialista acredita que a redução em 2024 faz parte do ciclo natural da planta. "A castanheira tem um comportamento alternante. Um ano produz muito, no outro, pouco. Tivemos boas safras em 2022 e 2023. Era esperado que em 2024 fosse menor".Ele reforça que o extrativismo tradicional já não dá conta da demanda. "O cultivo é a única saída viável para aumentar a oferta, mas requer pesquisa e investimento".
A safra da castanha acontece entre novembro e março, e os preços costumam cair ligeiramente logo após esse período.
No entanto, a preferência dos paraenses pela castanha fresca (úmida e descascada na hora) também influencia o preço.
"Na feira, a castanha que parece fresca foi colhida há seis ou oito meses.
Eles mantêm a umidade com água, para dar a sensação de produto recém-colhido", explica.
A castanha torra
da, seca e pronta para exportação, é mais resistente e tem menor teor de umidade.
"Os padrões internacionais exigem castanhas bem secas, com menos de 7% de umidade.
É o tipo que vai para os Estados Unidos, consumido no Natal e no Dia de Ação de Graças", explica.
Na feira da 25, bairro do Marco, em Belém, a castanha-do-pará é um dos produtos mais procurados.
A vendedora Nívea Santos, 55 anos, comanda o box "Castanha da Nívea" há mais de 15 anos.
"Hoje o quilo da castanha natural está entre R$ 140 e R$ 150, e a torrada, entre R$ 150 e R$ 170.
Mas a gente vende também em pacotes menores, de 70g por R$ 10 e 150g por R$ 20.
Isso facilita para quem não pode levar o quilo".
Segundo Nívea, a castanha torrada pode durar até um ano, o que a torna ideal para levar em viagens. "Tem muita saída.
Quem compra uma vez, volta ou pede de novo.
Entregamos para todo o Brasil", diz.
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O vendedor Evanilson Ferreira, 34, comanda o box "Mix de Castanhas".
"Muitos clientes são paraenses que moram fora ou turistas que conheceram aqui.
A gente já embala a vácuo, pronto para viajar".
Ele já se prepara para o Círio de Nazaré e a COP 30, dois eventos que devem atrair mais turistas.
"O preço está mais alto, mas a gente se prepara para ter estoque e atender bem", diz.
"Eu como todo dia.
É bom para a saúde.
Dizem que previne várias doenças", conta Firmina da Silva, turista de 81 anos.
No entanto, segundo Urano Carvalho, a produção atual não seria suficiente para manter esse hábito para todos os brasileiros.
"Se dividíssemos toda a produção mundial para a população do Brasil, daria cerca de 40 castanhas por pessoa.
O suficiente para apenas 20 dias de consumo anual".
A castanha-do-pará enfrenta desafios para manter sua produção.
"A castanha é, para mim, o produto mais importante do extrativismo florestal não madeireiro.
Mas vive à margem de políticas públicas, com produção estagnada e pesquisas escassas.
Se nada for feito, ela vai continuar sendo um produto caro, raro e valorizado apenas por quem entende seu verdadeiro valor", conclui Urano.
Produção a castanha que abastece Belém vem principalmente da região do Baixo Amazonas, de municípios como Óbidos e Oriximiná.
Há também produção extrativista em áreas próximas, como o Vale do Acará, além de cultivo em municípios como Tomé-Açu.
Para saber mais, acesse a edição eletrônica do jornal Diário do Pará
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