A primeira unidade inspecionada foi a da
Cabanagem, onde apenas dois investigadores garantiam o funcionamento do
local. Sem delegado e escrivão e apenas com dois policiais, o plantão
funciona muito mais para garantir o prédio aberto do que necessariamente
atender à população. Essa é a opinião da diretoria do Sindpol após a
inspeção no local. Além da falta de efetivo, a delegacia também não
possui alojamento para o descanso noturno da equipe. Assim como as
demais delegacias visitadas, na Cabanagem os casos são encaminhados para
a Seccional da Marambaia. Ontem, por volta das 20h30, havia registro de
quatro ocorrências, uma delas era um caso de tentativa de homicídio.
“Com certeza, a pessoa que precisa desse serviço à noite, não vai até a
Marambaia fazer o boletim de ocorrência devido à distância. É mais um
caso que não vira estatística”, questiona o diretor do Sindpol, José
Pimentel.
À LUZ DE VELAS
À LUZ DE VELAS
Na seccional urbana do PAAR, em Ananindeua,
uma das áreas mais perigosas da RMB, o quadro é ainda pior. Dois
investigadores e dois policiais garantem o funcionamento da delegacia.
A reportagem flagrou a prisão de dois
assaltantes que tiveram que passar a noite na delegacia porque não havia
equipe o suficiente para realizar o procedimento habitual de fazer o
comunicado ao juiz e conduzi-los ao Instituto Médico Legal para fazer o
corpo de delito.
O bloco carcerário não tem luz elétrica, os
presos ficam à luz de velas e a cela é fechada apenas com uma algema
porque não tem cadeado. O local é totalmente insalubre, já que não há
banheiro para os detentos e até ratos e baratas foram vistos no interior
das celas. É visível a falta de estrutura da delegacia, pois parte das
janelas está quebrada, as cadeiras possuem os assentos rasgados, o
telhado ameaça desabar e parte do forro já foi deteriorado.
Os funcionários admitem que o problema já é
antigo e que sentem receio de ter a delegacia invadida. “Em 2011, os
bandidos invadiram e a gente fica aqui totalmente sem segurança e sem
proteção”, disse um funcionário que pediu para não se identificar.
Outras seccionais vivenciam a mesma
dificuldade. Na Cidade Nova, que a partir das 18h recebe todas as
ocorrências dos bairros do entorno, os banheiros destinados ao público
estão interditados e nem mesmo água tem para os funcionários. “A gente
faz coleta todo dia há mais de um ano, é o jeito pra não ficarmos com
sede”, disse uma servidora.
O problema não para por aí. A delegacia
possui apenas um alojamento que é dividido por homens e mulheres e com
somente duas camas para um efetivo diário de cinco pessoas. Na Central
de Flagrantes dois investigadores, um escrivão e um delegado realizam as
ocorrências quando o ideal, segundo o Sindpol, seria o dobro desse
efetivo devido à grande procura no local. A Central realiza, em média,
de 6 a 10 ocorrências por noite.
Nem mesmo a Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP) do Pró-Paz recém-inaugurada no bairro do Distrito Industrial de
Ananindeua possui estrutura de trabalho. Apelidada no meio policial como
“elefante branco”, o prédio ostenta beleza, no entanto, os plantões
noturnos, segundo os funcionários são realizados apenas por um
investigador e um policial militar, que realiza atividade administrativa
no lugar. Até anteontem nem mesmo a única viatura funcionava porque a
chave do veículo não ficava na delegacia. “A UPP tem boa estrutura, mas
não tem efetivo, o que não justifica em nada a sua existência”, reclama o
vice-presidente do Sindpol, Gibson Silveira.
RELATÓRIO
RELATÓRIO
Segundo o Sindpol, todas as situações
presenciadas pelo Sindicato farão parte de um relatório que será
encaminhado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Ministério
Público do Estado para providências.
Procurada ontem pela reportagem do DIÁRIO, a assessoria da Polícia Civil informou que falará sobre o assunto em nota apenas hoje.
Procurada ontem pela reportagem do DIÁRIO, a assessoria da Polícia Civil informou que falará sobre o assunto em nota apenas hoje.
(Diário do Pará)
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