O juiz Danilo Alves Fernandes, titular da Vara Única de Itupiranga, pronunciou os policiais militares João Oliveira dos Santos Júnior, Allan Douglas Branco Rodrigues, Rony Marcelo Alves Paiva, Josaf Pinheiro da Silva, Welbert Santana da Silva e Francisco Silva dos Santos, além do civil Railson Oliveira da Luz, pelo homicídio e tentativa de homicídio dos conselheiros tutelares Rondinele Wagner Salomo Maracape e Jorge Edilson Ferreira da Silva, respectivamente. Outro acusado, Elvis Fernandes da Silva, foi impronunciado.
O crime em questão, que teve grande repercussão em todo o estado, ocorreu no dia 11 de janeiro de 2017, por volta das 13h10, na esquina entre a Travessa Santo Antônio e a Avenida Brasil, no centro da cidade.
A denúncia realizada pelo Ministério Público do Estado do Pará aponta que os acusados seriam integrantes de um grupo de extermínio em Itupiranga, cheado pelo sargento da Polícia Militar Josaf Pinheiro da Silva, apontado como responsável por monitorar, organizar e cobrir ações criminosas. A promotoria defende que boa parte dos homicídios ocorridos em Itupiranga possuem, em regra, o mesmo modus operandi: executores utilizam motocicletas e carros, efetuam disparos de armas de fogo – no mais das vezes, uma quantidade excessiva e desarrazoada, em especial na região da cabeça -, ameaçam as testemunhas, prometendo-lhes represálias caso venham a indicar a autoria dos crimes, e fogem sem deixar qualquer vestígio.
Neste contexto, além do ataque aos conselheiros, as investigações apontaram que outras mortes teriam sido praticadas por membros do grupo, dentre elas, de André Ferreira Marinho, o Andrezinho, de Rosivaldo Luz dos Santos, de Ivanilson Santos Fontes, de Andreilson da Silva, o Banana e de Erick Ferreira Marinho, além de tentativa de homicídio contra Wellington dos Santos Silva, o Fala Fina.
Os conselheiros foram alvejados enquanto trafegavam em uma moto Honda Biz por pessoas que estavam em uma picape Strada, preta. Conforme a investigação da Polícia Civil, um dia antes do crime, um irmão de Rondinele procurou a Delegacia de Conitos Agrários de Marabá para comunicar que temia por sua vida, bem como de familiares, uma vez que teriam presenciado outro homicídio, com características de participação de grupo de extermínio.
Na ocasião, ele diz ter reconhecido o denunciado Elvis Fernandes, que responde a outros crimes de homicídio, e que teria sabido, por meio de Rondinele, que policiais militares haviam feito ameaças de morte contra ele, além de estar sendo monitorado por policiais que utilizavam duas picapes Strada, uma vermelha e uma prata. Pronunciados, os réus deverão ser levados a júri popular.
O juiz ainda indeferiu pedidos de revogação de prisão preventiva dos acusados, que poderão recorrer da pronúncia. Foi mantida, inclusive, a prisão de Elvis, pois, conforme o juiz, apesar de não ser pronunciado pelo caso dos conselheiros há fortes indícios de ele seja, em tese, um dos integrantes da organização criminosa, tendo sido apontado como um dos executores de outros crimes.
Blog do Xarope via Luciana Marschall
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