segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Banpará cobra que agência Griffo devolva R$ 1,2 milhão

Auditoria do banco mostra que a empresa do publicitário Orly Bezerra recebeu recursos do ex-governador Simão Jatene para instalar propaganda em TVs nas agências, mas muitos equipamentos sequer existem.
AGriffo Comunicação parece ter inventado um novo tipo de publicidade: a propaganda fantasma. Ainda na administração do ex-governador Simão Jatene, ela recebeu quase R$ 1,2 milhão do Banco do Estado do Pará (Banpará), para a propaganda dos serviços da instituição através de monitores de TV, em 42 agências de municípios interioranos e do Distrito de Mosqueiro, em Belém. Mas em 19 agências os monitores nunca foram instalados. E em outras 23, a cobrança pelo serviço começou meses antes, ou até anos antes, da instalação do aparelho. No último 8 de julho, após um longo pente-fino que comprovou os pagamentos indevidos, o Banpará ajuizou um processo contra a Griffo, para que ela devolva esse dinheiro, com juros e correção monetária.
A Griffo pertence ao marqueteiro Orly Bezerra, que coordenou as campanhas eleitorais dos ex-governadores Almir Gabriel e Jatene, além do ex-prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho. Depois que esses políticos foram eleitos, a empresa ganhou todas as milionárias licitações de propaganda que eles realizaram. Foi assim com Almir Gabriel, que governou o Pará de 1995 a 2002; com Jatene, governador de 2003 a 2006 e de 2011 a 2018; e com Zenaldo Coutinho, prefeito de Belém de 2013 ao ano passado. Só entre 2014 e março de 2019, a Griffo recebeu mais de R$ 160 milhões, apenas do Governo e do Banpará, em valores atualizados pelo DIÁRIO, pelo IPCA-E de junho. Os números-base são de um levantamento da Auditoria Geral do Estado (AGE), de janeiro do ano passado.
A Ação de Responsabilidade Civil do Banpará contra a Griffo, por descumprimento contratual, tem o número 0839170-17.2021.8.14.0301 e tramita na 4ª Vara Cível e Empresarial de Belém. A propaganda fantasma começou a ser exorcizada, em janeiro do ano passado, quando a AGE foi informada de que o Banpará jamais recebera quaisquer prestações de contas da Griffo, apesar de o contrato prever o envio de relatórios mensais sobre os anúncios produzidos e veiculados. Essa e outras irregularidades levaram a AGE a suspender a empresa de licitações. O Banpará suspendeu o contrato e abriu investigações internas. Uma resultou na aplicação de multa de R$ 500 mil e na suspensão da empresa de licitações, por dois anos. A outra, no processo que pede a devolução desse R$ 1,2 milhão.

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