A Polícia Federal transferiu para a superintendência do Pará o inquérito, antes conduzido no Distrito Federal, da operação Akuanduba – que tem, entre os alvos, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Com a mudança, o caso sai das mãos do delegado Franco Perazzoni, que conduziu desde o início as investigações sobre crimes como exportação ilegal de madeira e uso de documentos falsos.
A informação foi publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada pela TV Globo. Em nota (leia íntegra mais abaixo), a Polícia Federal informou que a troca de delegados aconteceu em razão da mudança de competência do inquérito na Justiça.
A operação Akuanduba foi deflagrada pela superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal em maio, sob orientação do delegado Franco Perazzoni.
Na ocasião, o inquérito teve de ser autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque Salles ainda era ministro e tinha foro privilegiado.
Ricardo Salles, no entanto, foi exonerado do cargo de ministro do Meio Ambiente em maio – e perdeu o foro.
Relator do inquérito no STF, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que as investigações deveriam passar à supervisão da Justiça Federal do Pará.
A TV Globo apurou que, mesmo com essa mudança na Justiça, a operação continuou sob responsabilidade do delegado Perazzoni.
O próprio superintendente da PF no Pará, Wellington Santiago, pediu que o caso fosse mantido com as equipes da capital federal.
Em meados de outubro, no entanto, Santiago mudou de opinião e enviou novo documento à PF no Distrito Federal, desta vez para afirmar que a PF do Pará estava pronta para seguir com a investigação.
Empossado no cargo naquele mesmo mês, o novo superintendente da corporação no DF, Victor César Carvalho dos Santos, aceitou o pedido e encaminhou o inquérito às equipes do Pará.
Sob condição de sigilo, fontes afirmaram à TV Globo que a mudança de posicionamento de Wellington Santiago ocorreu depois que o superintendente da PF no Pará foi promovido. Agora, ele será adido da Polícia Federal na Colômbia.
À TV Globo, Santiago negou que tenha mudado de opinião por causa da promoção.
Operação Akuanduba
Em maio, Salles, o presidente afastado do Ibama, Eduardo Bim, e mais nove ocupantes de cargos de confiança no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente foram alvo de operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O grupo é investigado por crimes contra a administração pública como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação ao contrabando.
De acordo com as investigações, o esquema seria operado por esses funcionários públicos e empresários do ramo madeireiro.
Perícia realizada pela Polícia Federal reforça indícios do suposto esquema de exportação ilegal de madeira A PF aponta a possibilidade de uso de documentos falsos pelo grupo.
De acordo com os investigadores, os elementos indicam a ocorrência de uma "lavagem" de produtos florestais. Em outras palavras, uma tentativa de "legalizar" materiais extraídos de forma ilegal com a utilização de documentos expedidos oito meses após a exploração das áreas.
A perícia criminal da PF foi realizada a partir de informações levantadas pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos da América – órgão equivalente ao Ibama.
fonte: G1SANTARÉM
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