Iniciativa do Ideflor-Bio reforça adaptação climática, geração de renda e restauração florestal na agricultura familiar amazônica
O Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), apresentou nesta quinta-feira (13), durante a COP30, o projeto de irrigação em sistemas agroflorestais (SAFs) conduzido na região do Xingu.
A iniciativa foi destacada como uma das experiências de maior impacto socioambiental da Amazônia, integrando adaptação climática, geração de renda e recuperação ambiental.
A apresentação ocorreu durante o painel “Transformação de Realidades Socioeconômicas e Climáticas na Agricultura Familiar: o Projeto PROSAF-Xingu e os Estudos sobre a Irrigação na Produtividade dos SAFs com Cacau e Açaí”, realizado na programação oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Integração entre reflorestamento, renda e segurança hídrica
Moderado pela analista ambiental Poliana Cardoso, o painel reuniu profissionais com atuação direta na região, como as analistas ambientais Maria das Chagas e Nayara Dias; o gerente do Escritório Regional do Xingu, Israel Oliveira; e o pesquisador Robert Davenport, especialista em SAFs no Brasil.
Maria das Chagas apresentou o histórico do Escritório Regional do Xingu e o papel do PROSAF-Xingu na transição de áreas degradadas para modelos produtivos sustentáveis com foco em agricultura familiar.
Nayara Dias destacou os avanços das experiências de sociobioeconomia conduzidas pelas famílias atendidas e a importância da assistência técnica contínua para manter os resultados.
Modelo de política pública sustentável
Segundo Israel Oliveira, a adoção de sistemas de irrigação fortalece políticas públicas ambientais do Governo do Pará ao conciliar produtividade, conservação e justiça climática.
“A renda de um sistema agroflorestal é maior que a de áreas com pecuária extensiva, e isso redefine a lógica econômica da região.
Com áreas menores, porém mais produtivas, conseguimos maior retorno por metro quadrado e incentivamos cadeias florestais estratégicas, como o cacau e o açaí”, afirmou.
Ele também destacou que a implantação de sistemas de irrigação tem sido essencial para mitigar os efeitos das mudanças no regime de chuvas na Amazônia.
“Estamos enfrentando esses desafios com capacitação, entrega de mudas e apoio direto à instalação dos sistemas nas propriedades.
A COP30 dá visibilidade a esse modelo, que pode ser replicado em outros territórios”, reforçou.
O pesquisador Robert Davenport apresentou estudos recentes que mostram o aumento da produtividade e a maior resiliência de lavouras irrigadas frente a períodos prolongados de seca. Segundo ele, o território do Xingu se tornou um verdadeiro “laboratório vivo de inovação socioambiental”, com experiências que aliam ciência, tecnologia e saberes locais.
Um exemplo citado foi o trabalho com a Associação dos Produtores Rurais e Urbanos Carlos Pena Filho (APRUCAPEFI), que reúne agricultores beneficiados pelo PROSAF-Xingu. Maria das Chagas relatou que, antes do apoio do projeto, as famílias enfrentavam dificuldades para manter a produção.
Hoje, atuam coletivamente e participam da recuperação de áreas degradadas, com ganhos sociais e ambientais expressivos.
Reconhecimento e perspectivas
Ao encerrar o painel, Israel Oliveira destacou que a presença do projeto na COP30 reforça o protagonismo do Pará na construção de soluções integradas para a Amazônia.
“A experiência de irrigação em SAFs no Xingu é hoje um dos modelos mais robustos de conciliação entre desenvolvimento econômico, justiça climática e conservação florestal.
O reconhecimento conquistado aqui abre caminho para mais investimentos e para a replicação dessa política em outras regiões do bioma”, finalizou.
Texto em colaboração com Sinval Farias (Ascom/Ideflor-Bio)
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