O
juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, disse nesta segunda-feira, sem
citar o escândalo envolvendo os desvios de recursos da Petrobras, que
políticos desonestos têm vantagens sobre políticos honestos e, por isso,
é sempre preciso rastrear o dinheiro movimentado ilegalmente para “se
chegar ao chefe”.
Numa aula sobre lavagem de dinheiro na Escola
de Magistratura do Paraná, Moro afirmou que, nesses casos, a
investigação contra políticos deve ser tal qual se faz contra chefes de
tráfico de drogas: é preciso seguir o “velho conselho norte-americano”
se quiser chegar ao chefe “follow the money“, ou “siga o dinheiro”.
Nesta
terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enviar
ao Supremo os pedidos de abertura de inquéritos contra políticos e
pedirá o fim o sigilo das investigações da Operação Lava-Jato contra
algumas autoridades suspeitas de integrar o esquema, o que deve ser
feito pelo relator do processo, o ministro Teori Zavascki, alguns dias
depois.
- Numa democracia, o político desonesto tem vantagens que um político honesto não tem ao usar dinheiro de origem ilícito para ganhar apoio popular para suas ideias – disse Moro.
Para o
juiz, se as investigações não forem suficientes para punir o chefe do
crime, é preciso fazer com que ele fique sentado sobre o dinheiro sujo e
não consiga usar para nenhuma finalidade.
Moro lembrou que as
lei que punem a lavagem de dinheiro, no mundo todo, são novas, surgiram a
partir da década de 80 (Brasil, é de 1998), e apenas a sanção privativa
da liberdade não é suficiente.
- É preciso privar o criminoso do “produto” de sua atividade. O crime não deve compensar – assinalou.
Moro
explicou que raramente os chefes estão diretamente envolvidos nos atos
criminais mais básicos, pois ele é o último beneficiário da atividade
criminosa. Por isso, acrescentou, é preciso seguir o “velho conselho
norte-americano” se quiser chegar ao chefe “follow the money”, ou “siga o
dinheiro”.
- Fatalmente o dinheiro vai chegar em quem tem o poder de controle sobre o grupo criminoso.
O
juiz lembrou que o “lavador” de dinheiro tem sido um terceirizado
profissional, que “recebe informações ótimas sobre origens e destino do
dinheiro”. O Globo.
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