segunda-feira, 10 de março de 2025

Caso Vitória: diretor da Polícia Civil aponta ‘coautoria de outros elementos’ em assassinato

Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi morta com três facadas. Segundo a avaliação dos peritos, apresentava sinais de tortura e o assassinato teria ocorrido em outro local.

Caso Vitória - Foto : Fantástico / Reprodução 

Ela foi sequestrada quando voltava do trabalho na Grande São Paulo. A polícia encontrou o corpo dela uma semana depois, com marcas de violência.
A família recebeu a equipe do Fantástico para contar como Vitória era uma jovem feliz e trabalhadora. 
Em casa, a família estava feliz com o novo emprego de Vitória. 
Era a caçula da família de seis irmãos.
“Feliz, brincalhona, brincava bastante, com as crianças principalmente. 
Vitória era menina de coração bom. 
Quando precisava comprar leite para o meu filho e eu não tivesse dinheiro, prontamente ela me mandava”, conta Weronica Alves de Sousa, irmã de Vitória.
Vitória tinha deixado o colégio em função do trabalho, mas sonhava em voltar a estudar.
“Eu chamava ela de minha princesa, minha princesa. 
Ela era muito linda, sempre satisfeita com a vida. 
Não caiu a ficha. 
Para mim, ela está viva lá na casa do pai dela”, diz a avó Virginea Maria de Souza.
Noite de quarta-feira, 26 de fevereiro. 
Vitória Regina deixou o shopping onde trabalhava, pegou um ônibus e seguiu para casa. 
Vinte minutos depois, Vitória apareceu atravessando a avenida. Ia pegar um segundo ônibus. 
Já no ponto, publicou uma foto em uma rede social e mandou a seguinte mensagem para uma amiga:
"Tem uns dois meninos aqui do meu lado. 
Estou com medo”.
Segundo a polícia, a imagem mostra a jovem e os dois rapazes embarcando no ônibus por volta da meia-noite. 
A viagem durou quase meia hora. 
Ao descer, Vitória estava mais tranquila:
"Nenhum deles desceu no mesmo ponto que eu. 
Então, está de ‘boaça’. 
Não tem problema nenhum”, disse.
Essa era a rotina de Vitória na volta do trabalho. 
Pegava dois ônibus e, ao descer, era recebida pelo pai. 
Só que nesse dia, o carro dele estava quebrado e a jovem teria que caminhar sozinha por quase 1 km até chegar em casa. 
Logo depois de dar os primeiros passos, ela voltou a mandar mensagem de áudio para a amiga.
“Passou uns caras em um carro e eles falaram: ‘E aí, vida, está voltando?’. Ai, meu Deus do céu. 
Vou chorar. 
Vou ficar mexendo no meu celular. 
Não vou nem olhar para eles. 
Ai, Jesus do céu, eles entraram para dentro da favela”.
O relógio marcava 0h30 e, a partir de então, ninguém mais soube do paradeiro dela.
O bairro onde a jovem morava com a família fica em uma área rural de Cajamar
Mais de 100 pessoas, entre homens da Guarda Civil Metropolitana e policiais civis e militares, participaram das buscas. 
O corpo foi encontrado uma semana depois em uma área de mata fechada, localizada a cerca de 5 km da casa dela.
Vitória foi morta com três facadas. 
Segundo a avaliação dos peritos, apresentava sinais de tortura e o assassinato teria ocorrido em outro local. 
Mas o cativeiro ainda não foi encontrado.
Repórter: Uma pessoa sozinha não teria feito isso?
Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil da Grande São Paulo: Ali tem participação e a coautoria de outros elementos.
A polícia apontou como primeiro suspeito Gustavo Vinícius Moraes, ex-namorado de Vitória.
“O ex-namorado falou que fazia quatro meses que não falava com a vítima”, diz Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil.
Mas os investigadores apuraram que, no dia do desaparecimento, Vitória teria ligado para ele. Gustavo teve a prisão pedida, mas a Justiça negou alegando falta de provas. 
O rapaz se apresentou e, em um segundo depoimento, alegou que estava com outra pessoa naquela noite. 
Para a polícia, o ex-namorado segue como suspeito porque a geolocalização do celular apontou que ele estaria perto da casa de Vitória no momento do crime.
“Ele não mora ali perto. 
Então, era fácil de detectar que justamente naquele momento estaria lá”, afirma Luiz Carlos do Carmo.
Dezesseis pessoas já foram ouvidas, e o Fantástico teve acesso aos depoimentos. Pelo menos duas testemunhas indicaram a possível participação de Maicol Sales dos Santos. 
A primeira disse que viu o carro dele nas proximidades do local onde Vitória desapareceu. 
A perícia encontrou um fio de cabelo no veículo e um exame de DNA vai apontar se era ou não da vítima. 
Um outro depoimento indicou que havia movimentação no portão da casa de Maicol durante a madrugada do dia 27 de fevereiro. 
Ele foi preso na tarde de sábado (8).
A terceira pessoa investigada é Daniel Lucas Pereira. 
O celular dele foi apreendido e já está na perícia.
“Ele fez filmagem entre o ponto de ônibus onde ela desceu até a sua residência. 
Ele faz esse trajeto dentro do celular dele”, diz Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil .
Foram feitas buscas na casa dele para a produção de novas provas. 
A polícia chegou a pedir a prisão dele também, mas a Justiça negou.
Repórter: A polícia já sabe a motivação desse crime?
“A motivação é o segundo momento. 
O primeiro momento é a colheita das provas. 
Passando por isso, colocando as pessoas na cena do crime, mostrando quem são realmente essas pessoas, aí nós vamos em busca da motivação. 
O que ocasionou essa morte tão violenta”, explica o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil .
Em depoimento à polícia, os três suspeitos negaram a participação no crime.
Vitória foi enterrada na quinta-feira (6).
“Porque todo pai e toda mãe que ouvir essa entrevista, eu só falo uma coisa para ele: cuide bem de quem anda ao redor dos seus filho, porque você não sabe quem é”, diz Carlos Alberto Souza, pai de Vitória.
Fonte : Fantástico

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe do Blog do Xarope e deixe seus comentários, críticas e sugestões.