Operação " Rosa Vermelha".
Coronel da PM presa por verder veículos oficiais
"A
coronel e diretora de Apoio Logístico da Polícia Militar, Ruth Léa
Costa Guimarães, foi presa durante a operação “Rosa Vermelha”, da
Polícia Civil (PC), que apura o envolvimento dela com uma quadrilha que
fazia supostas doações de veículos militares tidos como inservíveis a
entidades filantrópicas, mas que na verdade eram vendidos e o dinheiro
rateado entre os membros da organização criminosa".
O decreto de prisão preventiva foi
assinado e expedido pelo juiz da 1ª Vara de Inquéritos Policiais, Pedro
Sotero. Além dela, o sargento Raimundo Nonato Sousa Lima, do Centro de
Suprimento e Manutenção da PM, também foi preso. Outras três pessoas
também tiveram a prisão decretada. O esquema teria beneficiado a
quadrilha inicialmente com mais de
R$ 6 milhões.
R$ 6 milhões.
Mandados de busca e apreensão foram
expedidos e cumpridos. Para desvendar as fraudes, a polícia usou GPS
para seguir os veículos “doados”, filmou vários deles desfilando pelas
ruas, além de fazer escutas telefônicas, tudo com autorização judicial.
Ruth Léa está há 27 anos na PM e foi a primeira mulher a chegar ao
posto de coronel em 190 anos de existência da corporação no Pará.
A investigação policial já durava um ano
e meio, mas as informações apuradas pelo DIÁRIO apontam que o desvio
de veículos da PM e da Polícia Civil ocorria desde 2004. Os cinco
presos estão sendo acusados de formação de quadrilha, corrupção
passiva, peculato, estelionato e falsificação de documento público.
Ruth Léa e os outros militares estão presos no quartel da PM, enquanto
os outros servidores foram levados para a penitenciária de Marituba.
A imprensa não teve acesso aos presos,
mas os advogados deles, que não quiseram falar com o DIÁRIO, informaram
que precisariam ter acesso ao inquérito para ingressar com pedido de
habeas-corpus para que respondam ao processo em liberdade. Para a
assessoria de comunicação da Polícia Civil, os PMs não poderiam ser
fotografados ou falar com os jornalistas porque precisavam “ter a
imagem preservada durante as investigações”.
O delegado geral, Nilton Atayde, alegou
que o caso ainda está sob investigação e que os detalhes do fato só
poderão ser divulgados após a conclusão do inquérito. Mas divulgou que
até para o estado de São Paulo se tem notícias de carro desviado.
“Após dois anos de uso, os carros já não servem para rondas policiais e
precisam ser trocados. O processo de doação é regular. O que está se
investigando são desvios nesse caminho legal”, argumentou.
Já o comandante-geral da PM, coronel
Daniel Mendes, justificou que não tinha qualquer informação sobre a
investigação até ontem. “O alvo da investigação não era a Polícia
Militar, por isso quem estava tomando conta disso era a Polícia Civil.
Agora que tomamos conhecimento de possível envolvimento de nosso
pessoal, iremos investigar também através da nossa corregedoria”,
prometeu.
ESQUEMA
ESQUEMA
Segundo o promotor Aldir Viana, dos
direitos humanos, que deu parecer favorável no caso para a prisão dos
acusados, a coronel seria a chefe do esquema e teria como parceiro
principal o corretor de veículos e sucateiro Micanor Joaquim da Silva. O
pedido de prisão preventiva a ele encaminhado pela delegada da Divisão
de Investigações e Operações Especiais (Dioe), Paula Nyandra de
Oliveira, responsável pelo inquérito, na avaliação do promotor, está
bem fundamentado.
“Ela apresentou elementos suficientes
para que a prisão fosse decretada pelo juiz Pedro Sotero. Há no
inquérito indícios de autoria, provas da materialidade dos crimes e a
justificativa de que a coronel e os outros militares envolvidos, sendo
agentes do Estado, podem influir nas investigações”, disse Viana ao
DIÁRIO.
O papel de Micanor era identificar os veículos, arrecadá-los e encaminhá-los para São Paulo. Lá, os carros eram reparados e depois vendidos. A doação a entidades de assistência social era apenas uma fachada. A estimativa da investigação aponta que mais de 900 veículos oficiais foram vendidos para compradores particulares de maneira ilegal.
A suspeita é de que o aparente
sucateamento da frota militar tenha sido o argumento utilizado pelo
governo estadual em 2010 para alugar 450 carros da empresa Delta
Construções por R$ 20 milhões anualmente, com prorrogação por igual
período. O contrato, iniciado no governo de Ana Júlia Carepa, continuou
em vigência no governo de Simão Jatene e até sofreu reajuste de R$
37%.
Nilton Atayde nega que o caso tenha algo a ver com as polêmicas viaturas alugadas da Delta Construções S.A. “A troca de viaturas é algo rotineiro, que independe desse caso”, enfatizou o delegado-geral.
Nilton Atayde nega que o caso tenha algo a ver com as polêmicas viaturas alugadas da Delta Construções S.A. “A troca de viaturas é algo rotineiro, que independe desse caso”, enfatizou o delegado-geral.
(Diário do Pará)
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