Painel destacou metas climáticas, história urbana e estratégias para transformação econômica no Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia
O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (SEMAS), participou ontem, segunda-feira (17), da abertura do “Movimento Nova Economia – Edição Amazônia COP30: Biofuturos”, no Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, em Belém.
O painel também reuniu o professor de História Michel Pinho e especialistas do ecossistema de inovação e da economia verde. Paulo Dallari, Diretor de Reputação e Governo da Natura; Patrícia Daros , Diretora Executiva do Fundo Vale; Marcos Da Ré, diretor de Economia Verde da Fundação CERTI e Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, além de Camille Bemerguy.
Desenvolvimento socioeconômico e combate ao desmatamento
Ampliando e pavimentando que a Bioeconomia passa por este processo de associação entre progresso e preservação.
“Você pode combater desmatamento, mas se você não associar estratégias econômicas e sociais, não vai atingir um desenvolvimento justo e sustentável”, afirmou Camille.
Plano Estadual de Bioeconomia como política inédita de participação social
Camille apresentou o processo colaborativo que estruturou o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio).
“A gente constrói um plano com diversos setores da sociedade — academia, governo, terceiro setor, setor privado — e povos indígenas, quilombolas, extrativistas, que pela primeira vez conseguiram fazer parte de uma construção a partir do zero.
Na época eram 92 ações; hoje já temos 122 para esses segmentos”, explicou.
A construção de uma nova lógica de desenvolvimento para o Pará, por meio da valorização dos povos da Amazônia e da floresta viva, já promoveu mais de 2.300 negócios beneficiados, com impacto direto em mais de 404 mil pessoas e já permitiu investimentos da ordem de 600 milhões de reais.
O PlanBio ainda desenvolveu o Inova Sociobio, que tem como foco o fortalecimento de negócios comunitários, em especial mulheres e jovens em comunidades indígenas, quilombolas , extrativistas e agricultores familiares.
O Parque nasceu como o maior polo desse segmento da América Latina, e único parque tecnológico do planeta que usa o potencial da floresta para atender comunidades tradicionais e startups da área. Sendo o mais importante projeto dessa máquina da Bioeconomia no Pará.
“Eu vejo o Parque como um elemento que sintetiza essa caminhada, esse lugar que queremos chegar.
Um espaço que convive com o diferente, onde negócios comunitários, startups e indústrias podem conversar, aprender uns com os outros e avançar na construção de um novo modelo com prosperidade, natureza, clima e um olhar central para as pessoas”, disse Camille.
Bioeconomia como eixo estratégico da nova economia paraense
Ao tratar da mudança de paradigma econômico no Estado, Camille ressaltou que a bioeconomia se tornou base de uma transição mais ampla.
“Um plano que passa a ser parte essencial dessa estratégia macro do Estado, de fazer uma transição, de fazer uma transformação econômica, procurando estabelecer as bases para um novo modelo econômico.
Um modelo econômico para o qual a gente ainda não tinha todas as respostas.
Mas que hoje está trilhando um caminho estável e próspero.”, concluiu.
Conexão entre história urbana e futuro da Amazônia
O painel também contou com a presença do professor de História Michel Pinho, que apresentou uma reflexão aprofundada sobre a formação urbana de Belém, suas dinâmicas socioambientais e os desafios históricos da gestão hídrica e territorial.
Ele destacou como decisões do passado influenciam os processos de urbanização e vulnerabilidades climáticas atuais.
Entre os pontos levantados, o professor citou propostas urbanísticas do século XVIII e XIX que buscavam enfrentar alagamentos e organizar os fluxos naturais da cidade.
“Estudando a história urbana de Belém, percebemos que já havia a ideia de construir canais para escoar áreas pluviais, transformando o espaço urbano e prevenindo alagamentos.
Mas essas intervenções não foram realizadas, e a cidade cresceu sem esse planejamento.
Isso explica muitos dos problemas que enfrentamos hoje”, explicou.
O historiador também destacou registros sobre a economia regional na mesma época.
“Quando observamos o movimento econômico da segunda metade do século XIX, vemos produtos como castanha, laranja e outras espécies da floresta motivando transformações no território e no cotidiano urbano.
Isso mostra como a sociobiodiversidade sempre foi parte essencial da economia amazônica”, afirmou.
O painel reuniu ainda organizações do ecossistema de inovação e especialistas ligados ao desenvolvimento sustentável, fortalecendo o papel do Parque de Bioeconomia como espaço de convergência entre ciência, mercado, comunidades e governo.
Essa articulação reforça o objetivo central do Movimento Nova Economia: consolidar caminhos para uma transição que valorize a floresta, a diversidade sociocultural e a criatividade da Amazônia.
Texto de Lucas Maciel / Ascom Semas
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