segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Novo presidente da Geórgia aprova leis repressivas e dá mais poder à polícia contra manifestantes

Mikhail Kavelachvili assumiu presidência no domingo (29) e já aprovou seus primeiros projetos de lei. 

Novo Presidente da Geórgia Mikhail Kavelachvili

A crise política na Geórgia continua apesar da posse do novo presidente, o ex-jogador de futebol Mikhail Kavelachvili.
Os opositores ao governo eram mais numerosos no domingo (29), em frente do Parlamento, animados pelo discurso de Salomé Zourabichvili, ex-presidente que deixou o cargo e tem visão pró-Europa.
As manifestações vão continuar.
Manifestantes disparam fogos de artifício contra a polícia na Geórgia
Um grande comício está previsto para terça-feira, véspera de Ano Novo.
A ex-presidente estará lá, em seu novo papel de líder da oposição.
É nesse contexto tenso que o novo presidente assumiu oficialmente suas funções.
Kavelachvili "mal se instalou" na cadeira presidencial e já assinou seus primeiros projetos de lei, todos de caráter repressivo.
Os poderes da polícia para realizar prisões foram ampliados, e as multas contra manifestantes foram aumentadas.
Agora, a multa custará 2000 laris (cerca de R$ 4,5 mil) se a polícia prender alguém por usar um artefato de laser durante os protestos.
Além disso, há o risco de agressão física.
Ontem, seis pessoas foram presas de forma violenta.
No entanto, na avenida Roustaveli, essas ameaças não parecem frear a mobilização:
"Eles querem nos assustar, é claro, mas isso não funciona.
Não temos medo e vamos continuar porque sabemos que sempre haverá alguém para nos ajudar", disse uma manifestante.
A ex-presidente Salomé Zourabichvili planeja percorrer o país para manter viva a força da contestação e, principalmente, usar sua rede de contatos no exterior.
A ex-diplomata tenta convencer a União Europeia a aumentar a pressão sobre o novo governo para a realização de novas eleições.
Manifestantes prometem continuar mobilização
O partido Sonho Georgiano, pró-Rússia, agora controla todos os poderes.
Os opositores pró-europeus se preparam para um movimento de longo prazo.
Em Tbilisi, o bar de um pequeno hotel serve de base de apoio para os manifestantes.
Tamar Tchigadze está lá todas as noites, há 31 dias.
E não é algo que vá mudar tão cedo:
"Sabemos que essa luta não vai acabar, nem hoje, nem amanhã.
Vai ser longa, estamos prontos para isso e não vamos desistir", afirmou.
Para essa terapeuta especializada em dependência, a contestação é mais uma maratona do que um sprint.
"Há alguns dias, ouvia-se que havia menos gente, mas de repente, 300 mil pessoas apareceram.
Isso significa que, quando for necessário, 300 mil ou mais pessoas se mobilizarão na avenida Roustaveli."
Mas até agora, a mobilização não foi suficiente para fazer o governo ceder.
Tamar Tchigadze se mantém otimista.
"O que mudou é que muitos georgianos que não entendiam o que estava acontecendo, viram a realidade.
A Europa também ouviu nossa voz."
Tamar garante que vai estar ao lado de Salomé Zourabichvili, que ao deixar o palácio presidencial pediu a seus apoiadores que passassem a véspera do Ano Novo com ela em frente ao parlamento georgiano.

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