terça-feira, 25 de novembro de 2025

BANCO MASTER : INVESTIGAÇÃO SOBRE VORCARO DEVE ATINGIR CAMPOS NETO , CIRO NOGUEIRA E ELO COM PCC

Irritados com resgate de R$ 41 bilhões que terá que ser feito com o Fundo Garantidor de Crédito, banqueiros apontam prevaricação de Campos Neto com Banco Master, de Daniel Vorcaro, para proteger grupo político do ex-governo Bolsonaro.

Com o banco Master liquidado pelo Banco Central (BC), as investigações da operação Compliance Zero em torno da rede de relacionamentos do (ex) banqueiro Daniel Vorcaro começam a se aprofundar e chegarão, em breve, a figuras proeminentes da política, representantes da ânsia neoliberal por lucros a todo custo, e à linha tênue que liga a Faria Lima às facções criminosas envolvidas com tráfico internacional de drogas e de armas.
Com ex-assessores e aliados imersos nas investigações recentes da Polícia Federal (PF), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) atuou como principal lobista de Vorcaro e foi um dos principais articuladores junto ao governo Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, nas negociatas para salvar o Master com dinheiro público via compra pelo Banco de Brasília (BRB).
Além disso, Nogueira é o elo das tramoias de Vorcaro com, ao menos, outras duas frentes.
Um dos principais nomes da articulação em torno da candidautra à presidência de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Ciro Nogueira teve um ex-assessor, Victor Linhares, investigado na Operação Carbono Oculto, que liga o Primeiro Comando da Capital (PCC) a um intrincado esquema de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis que passa por fintechs instaladas na Faria Lima, o coração financeiro da capital paulista.
Após liquidar o Master, o Banco Central, sob o comando de Gabriel Galípolo, desencadeou uma investigação interna que deve ser compartilhada com o Banco Central.
Na apuração, o BC estaria se aprofundando nas negociatas de Vorcaro com o fundo Bravo de investimentos, gerido pelo Master. Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC), o Brasvo declarava patrimônio de R$ 8 milhões mas nunca publicou um balanço entre sua abertura, em julho de 2023, e seu encerramento, em novembro de 2024.
O fundo Bravo é investigado pela Polícia Federal no âmbito da Carbono Oculto, como uma possível gestora de fundos que lavava dinheiro para o PCC.
Negligência de Campos Neto
A questão relacionada ao Master - e mais profundamente ao fundo Bravo - coloca uma outra figura proeminente do governo Jair Bolsoanro (PL) na mira da PF: o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Atual vice-presidente do conselho de administração e chefe global de Políticas Públicas do Nubank, cargo que assumiu em julho de 2025, Campos Neto assumiu o lobby das fintechs e tentou uma manobra após reclamar que essas entidades financeiras, que ganharam força durante a gestão Paulo Guedes no Ministério da Economia, enfrentavam uma carga tributária maior do que os bancos tradicionais.
Em lobby no Congresso, Campos Neto defendeu uma alíquota mínima da taxa de imposto efetiva (ETR, na sigla em inglês) em 17,5% para todas as instituições financeiras.
A equiparação com as fintechs irritou a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) que denunciou o "truque fiscal" para as fintechs pagarem "meia entrada".
Agora, com o avanço das investigações sobre o banco Master, os banqueiros começam a questionar os motivos que não levaram Campos Neto a investigar as políticas absurdas levadas a cabo pelo banco Master e, principalmente, pelo fundo Bravo.
Na confraternização de fim de ano da Febraban, banqueiros deixaram transparecer aos jornalistas a irritação com possível prevaricação de Campos Neto.
A negligência do bolsonarista em relação ao Master vai custar R$ 41 bilhões ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma espécie de poupança feita pelos agentes do sistema financeiros para bancar débitos com correntistas de instituições que quebraram.
Segundo Raquel Landim, no Estadão, a percepção dos banqueiros é que Campos Neto agiu para proteger não só Vorcaro, mas o grupo político de que fazia parte.
A desconfiança em torno de Campos Neto se fortalece com a insatisfação com Ciro Nogueira, que tentou jogar no colo dos grandes bancos a conta sobre a compensação da isenção do Imposto de Renda aos brasileiros que ganham até R$ 5 mil.
Após participar de evento na Faria Lima, em que prometeu blindar as fintechs, Nogueira propôs elevar a tributação sobre os bancos tradicionais, com lucros acima de R$ 1 bilhão, em troca da taxação às fintechs e plataformas de apostas, as chamadas Bets - que também tem o senador como principal lobista.
Proximidade com o bolsonarismo
A ascensão de Vorcaro em Brasília também se deu graças à parceria com seu sócio no Master, o baiano Augusto Lima. 
Em janeiro de 2024, Lima se casou com a ex-ministra bolsonarista Flávia Arruda, reforçando a ponte entre o círculo do banqueiro e figuras como Ibaneis Rocha, José Roberto Arruda e lideranças do PL no Distrito Federal.
Flávia, que já havia sido primeira-dama do DF e ministra de Bolsonaro, retomou o sobrenome Péres ao se casar com Lima e assumiu a presidência da ONG Terra Firme, fundada pelo marido. 
O casal passou a figurar com destaque em eventos políticos, ampliando o alcance de Vorcaro nos bastidores do poder.
As preocupações sobre o Master aumentaram quando a REAG Investimentos, ligada à instituição, se tornou alvo da Operação Carbono Oculto.
O Sindicato dos Bancários do DF alertou para o risco de o BRB absorver ativos “contaminados por suspeitas criminais”, caso a compra do Master fosse autorizada. Para analistas, esse episódio pesou na decisão final do BC de sustar a operação.
A PF também apura a fabricação e venda de carteiras de crédito sem lastro entre 2024 e 2025. Os títulos eram repassados a outras instituições e, após fiscalização do BC, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada. 
A manobra teria inflado artificialmente o patrimônio do Master.
Centrão e PCC
Além disso, a PF deve chegar a Antônio Rueda, presidente do União Brasil e parceiro de Nogueira na federação entre as duas siglas.
Piloto de jatinhos usados por líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), Mauro Caputti Mattosinho afirmou ter levado uma sacola, que teria dinheiro vivo, ao presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL).
Ele também afirma que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, seria o dono oculto de aeronaves usadas pela facção criminosa. 
Nogueira e Rueda são os principais articuladores da candidatura Tarcísio Gomes de Freitas, atuando como fiadores junto ao Centrão e à Faria Lima.
Em entrevista ao ICL Notícias, o piloto Mauro Caputti Mattosinho, 38 anos, afirma que as aeronaves são operadas pela empresa Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), na qual trabalhava, e teriam sido usadas por Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, líderes do PCC investigados pela PF, que estão foragidos.
Os dois pivôs do esquema, no entanto, estariam negociando um acordo de delação premiada, para retornarem ao Brasil e denunciarem o braço político do esquema.
No entanto, o advogado criminalista Celso Villardi, que atua na defesa de Jair Bolsonaro (PL) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), negou que seu outro cliente, Beto Louco, estaria negociando a delação para entregar políticos que, ao que tudo indica, pertencem ao mesmo grupo político do ex-presidente.
Fonte : Revista Fórum
Blog do Xarope via Revista Fórum

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