terça-feira, 25 de novembro de 2025

PROJETO FINANCIADO PELA FASEPA MAPEIA A BIODIVERSIDADE DOS TERROTÓRIO INDÍGENAS

'Vozes da Amazônia Indígena' pesquisa a riqueza socioambiental a partir do conhecimento ancestral dos povos da floresta
Apoiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), o projeto “Vozes da Amazônia indígena: processos históricos da sociobiodiversidade frente aos desafios do Antropocentro" foi contemplado pela chamada expedições da iniciativa Amazônia +10, e reúne pesquisadores para um estudo inédito sobre a biodiversidade amazônica e suas interações com os povos originários ao longo do tempo.
Clara Massa (Ceramista de Tacaruá) , e a filha , Larissa Duarte
Bolsista CNPQ do Projeto , e a Arqueóloga , Helena Lima .
O estudo tem a parceria dos povos indígenas de três regiões de alta relevância socioambiental: o Alto Rio Negro, no Estado do Amazonas; a Terra Indígena Alto Xingu, no Estado do Mato Grosso: e a Terra Indígena Kayapó, no Estado do Pará.
A pesquisa integra as ciências humanas e biológicas com os conhecimentos tradicionais, ampliando a eficiência da produção de conhecimento sobre a Amazônia. 
Pesquisadores ressaltam que cada região abriga conhecimentos 
etnobiológicos , acumulados por gerações de povos
A coordenadora das pesquisas no Pará, doutora Helena Pinto Lima é arqueóloga do Museu Emilio Goeldi (MPEG), e conta com parcerias do CNPq e FAPs.
Integram a equipe de pesquisadores responsáveis: Filippo Stampanoni Basi, do Museu da Amazônia (MUSA); Jennifer Watling, da Universidade de São Paulo (USP); Bruna Franchetto do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ); Thiago Chacón, da Universidade de Brasília (UnB); e Manuel Arroyo-Kalin, da University College London (UCL).
Pesquisa une ciência e saber ancestral, a partir da vivência
do dia a dia dos povos indígenas
Em Belém, durante a COP 30 (30ª Conferência Mundial sobre as Mudanças do Clima), evento encerrado no dia 22 deste mês, a pesquisadora Helena Lima participou do painel Iniciativa “Amazonia +10: três anos fortalecendo Ciência e Inovação na Amazônia”, no espaço Estação Amazônia Sempre, no Museu Emílio Goeldi.
Também participaram do painel, o diretor-presidente da Fapespa, Marcel Botelho e Ellen Acioli, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Grupo BID). 
A conversa contemplou dados e resultados das chamadas do programa Amazonia +10 em três anos de atuação da iniciativa, que promove Ciência, tecnologia e inovação na região Amazônica.
“Nós acreditamos que os maiores conhecedores desses territórios são os próprios povos e as próprias comunidades. 
Trazendo uma ponte de diálogo entre o conhecimento científico produzido na academia, o conhecimento das ciências humanas, o conhecimento das ciências da natureza junto das ciências indígenas. Então, nós acreditamos que nós podemos criar soluções para os desafios que cada um desses territórios e que a Amazônia enfrenta como um todo”, detalha a arqueóloga.
Ela ressaltou que esses territórios destacam-se pela diversidade biológica e pelas complexas configurações étnicas, históricas e culturais. 
Cada região abriga conhecimentos etnobiológicos específicos, acumulados por gerações de povos indígenas que desenvolveram modos próprios de manejo e convivência com a floresta.
O projeto que está no seu primeiro ano de execução, tem como ações previstas: inventários biológicos em áreas pouco conhecidas pela ciência, mapeamentos participativos, com uso de sensoriamento remoto, trocas de conhecimentos com comunidades indígenas e registros de mudanças ambientais causadas por atividades humanas ao longo do tempo. 
 E, futuramente, como resultado, a produção colaborativa de documentação etnográfica, linguística e sociocultural.
Ancestralidade - A iniciativa busca unir ciência e saber ancestral na defesa da Amazônia e de seus povos, oferecendo novas perspectivas para enfrentar os desafios do Antropoceno, em um contexto de crise socioambiental e mudanças climáticas que ameaçam florestas, recursos naturais e modos de vida tradicionais.
A abordagem permitiu uma análise em larga escala da diversidade biológica e cultural da região, contribuindo para reduzir lacunas no conhecimento científico sobre áreas bem preservadas, mas ainda pouco estudadas da Amazônia Legal. 
Os estudos incluirão descrições de novas espécies, revisões taxonômicas, análises genéticas e modelagens da distribuição e riqueza da fauna e flora locais.
"Assim, a produção de conhecimento e o impacto social do projeto deve aumentar bastante ao longo do seu desenvolvimento", informa a pesqusadora.
Para Helena Lima, “o maior propósito é trabalhar junto em parceria com as comunidades, com cientistas em locais, trazendo esses diálogos. 
Entre diferentes formas de construir conhecimentos, mapeando os desafios para cada território e construir juntos, local e contextualmente, soluções para cada um desses territórios. 
Nós trabalhamos a partir da perspectiva da biodiversidade ou da sociobiodiversidade, ou seja, a relação dos plantas e animais com os povos e comunidades, a partir da longa duração. ”.
Iniciativa Amazônia +10 - A Chamada Expedições Científicas contou com a participação de 19 FAPs, o CNPq e 4 agências internacionais: o British Council e o UK Research and Innovation (UKRI), a Swiss National Science Foundation (SNSF) e o Centro Universitário da Baviera para a América Latina (Baylat). 
A proposta mobilizou mais de 1.400 pesquisadores de 181 instituições de ciência e tecnologia (ICT). 
No total, foram 24 agências financiadoras, 22 projetos selecionados, em um valor de aproximadamente R$ 76 milhões, e o total de recursos disponibilizado pela chamada foi de aproximadamente R$ 95 milhões.
“A partir da pesquisa arqueológica, nós estamos, também, mapeando a profundidade temporal desses conhecimentos e dessas tecnologias, conhecer a fundo tecnologias que são milenares e que podem ser soluções para o nosso futuro aqui na Amazônia”, avaia a pesquisadora.
*Texto de Jeisa Nascimento, estagiária, sob supervisão da jornalista Manuela Oliveira
Fonte : Agência Pará
Blog do Xarope via Agência Pará

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