quinta-feira, 23 de julho de 2009

Caso KAROLINA

"Ninguém segurou a minha filhinha"

"A menina Andrezza Ketellen
foi uma das vítimas do
barco Karolina do Norte"


Em Santarém parentes de passageiros que conseguiram se salvar, comentam sobre o acidente.Na casa da menina Andrezza Ketellen uma das vítimas fatais o clima foi de comoção.A filha de Rosimar Bastos estava entre os 185 passageiros do barco Karollina do Norte que tombou na tarde de terça-feira (21) em um porto de Manaus.Laíse Mineli de 24 anos ligou para o pai assim que conseguiu se salvar logo após o acidente.
“Ela ligou não sei nem de que telefone. Ela estava desesperada. Eu todo tempo pedindo calma. Ela falou pra mim: ‘Pai o barco afundou’. Eu perguntei como ela estava. Num primeiro momento eu pensei que ela estava numa bóia, num salva-vida, em alguma coisa assim. Só depois que ela me falou que estava no porto. Que estava com a perna machucada. De repente ela apagou e não falou mais nada.” Contou Bastos.
A agonia tomou de conta de Rosimar que mesmo tendo falado com a filha, queria saber mais notícias sobre o que aconteceu. Laíse havia perdido a saída do barco e precisou seguir em outra embarcação ao encontro do Karollina do Norte.

A jovem estava há uma semana em Manaus. Tinha ido visitar alguns parentes.A sorte de Laíse , faltou a pequena Andrezza Ketellen Amorim de Sousa, de 10 anos. Ela é uma das vítimas fatais do acidente e estava passando férias em Manaus. Andrezza viajou com a irmã Adriana Mônica de 24 anos, que também estava na embarcação.
Na casa da menina em Santarém, o clima foi de muita comoção. A mãe da criança, a dona-de-casa Zuleide Amorim contou emocionada como soube da morte da filha caçula.“Eu estava aqui em casa sozinha. Não tinha ninguém. Eu já ia sair para a casa da minha sogra. Eu cuido dela. Aí o telefone tocou a primeira vez e não consegui atender. Esperei ligar de novo. Quando eu vi o código 92 eu imaginei que fosse alguma notícia de Manaus. Eu não sabia de nada, não tinha visto a notícia na televisão. Quando minha filha me falou eu comecei a gritar. Eu não consegui mais falar. Meu sobrinho que estava aí na frente correu e chamou a mãe dele. Apareceram meus parentes e meus vizinhos que vieram me acudir. A única informação que tive foi que o barco virou e que ninguém segurou a minha filhinha. Todo mundo caiu em cima dela.”Andrezza era a filha mais nova entre os cinco filhos de Zuleide.
A mãe ressalta que a menina era sua companheira. “Ela era a caçula. Estava sempre próxima de mim. Dormia comigo. Ficava todo tempo comigo.” Chorando a amiga Aline Sousa relatou o lado humano de Andrezza.“Ela gostava muito da gente. Quando a gente não tinha nada para comer ela comprava. Pegava o dinheiro, comprava comida e repartia com a gente.”E durante a organizaçao dos pertences da filha, Zuleide encontrou uma carta que a menina escreveu antes de viajar. O destinatário: Jesus.Ela dizia assim: - Meu querido Jesus. Escrevo estas poucas linhas para lhe pedir perdão por todos os meus pecados.
Perdoa-me senhor. Quero lhe pedir algumas coisas, pois não tenho pai, só tenho mãe e meus irmãos, mas nem sempre eles podem me dar tudo que quero. Por isso quero lhe pedir uma bicicleta grande, pois minha mãe está sem emprego. Peço também um emprego para minha mãe e para minha irmã e lhe agradeço por tudo que fez por nós. Mando um beijo para o senhor e um abraço pro meu pai (já falecido). Fim.O corpo de Andrezza deve chegar ainda hoje a cidade. O velório acontecerá na casa da família e o enterro está previsto para a manhã desta quinta-feira (23).

Com informações de Tatiane Lobato

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