Elas querem melhores condições de tratamento e não transferência de seus maridos
O Brasil é o País que tem um dos piores
sistemas carcerários do mundo, com ênfase para a problemática da
superlotação e condições sub-humanas. O excesso de presos e
infraestrutura precária contribuem para transformar os presídios e
cadeias em verdadeiros barris de pólvoras. Em Itaituba a reportagem do
jornal O Impacto foi procurada por um grupo de seis mulheres, todas
esposas de presidiários, para denunciar o que elas consideram desumano,
o tratamento dado a eles no presidio de Itaituba.
Para garantir que sejam atendidas em
suas reivindicações, elas estão acampainhadas e algumas acorrentadas em
frente ao Fórum. Elas querem que a Justiça reverta a decisão de
transferir os seis detentos para Belém, alegando que são pessoas
humildes e não tem condições financeiras para visitá-los na capital.
Elas alegam que eles estariam sofrendo humilhações diversas e que a
alimentação servida não serve nem para porcos, já que no cardápio
estariam servindo até peixe podre (pela má conservação), além de que
colocaram seus esposos de castigo num isolamento na gíria conhecido por
Corró, mas que se trata de uma Medida Disciplinar (MD).
A medida de transferência dos seis
presos foi determinada pela juíza Tainá Monteiro da Costa, da Vara
criminal de Itaituba. Em seu despacho entre as várias alegações a Juíza
enfatiza que a transferência está se dando em razão dos seis detentos
estarem sendo acusados de promoção e incentivo de desordens, de terem
amarrado a porta das celas com lençóis para evitar entrada dos agentes,
assim como numa revista de homens do Comando Tático foram encontrados
estoques, armas branca, drogas etc. o que teria agravado a questão
disciplinar dos acusados.
Mas para M.S.A., uma das mulheres dos
detentos, essas informações não são verdadeiras, já que não houve nenhum
motim ou nenhuma rebelião para justiçar o que dizem sobre seus esposos.
O protesto com armação de barraca em
frente ao Fórum dura vários dias e elas pretende se retirar só quando
forem atendidas em suas reivindicações, sendo a principal delas a não
transferência dos presos para Belém. Os presidiários que a justiça local
quer mandar para Belém, são: Lucas Nascimento Freitas, art.157
(assaltos) em regime fechado, Jeferson Andrade Viana, Wanderson Gomes
Mendes, FrancineySilva de Souza, Meque Silva Albuquerque.
Para Gisela Daiane Campanela, de 25
anos, o que elas estão pedindo é apenas os direitos dos presos. Ela
disse que está grávida de três meses e que não condições de ir a Belém
visitar o esposo por ser distante e ela não dispor de condições
financeiras para isso.
Gisela, que está acorrentada num portão
em frente ao Fórum, tem esperanças que a Justiça não transfira seu
esposo e das amigas que estão envolvidas no movimento de protesto. Elas
criticam a direção, alegando que o diretor do presídio não tem
competência, por se tratar de um técnico em enfermagem e não ter
conhecimentos do setor. Uma parente de detento disse que seu esposo
havia sido transferido para Belém sem que eles soubessem, já que não
teria ocorrido nenhum ato administrativo nesse sentido.
De acordo com o diretor do presídio, o
pedido de vistoria foi feito por prevenção a uma iminente rebelião, já
que os presos a serem transferidos estariam impedindo a vistoria. Para o
diretor o uso de bala de borracha e spray de pimenta foi necessário,
haja vista a resistência dos presidiários.
Por: Nazareno Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe do Blog do Xarope e deixe seus comentários, críticas e sugestões.