sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Força-tarefa Delegacia de Conflitos Agrários assume investigação de assassinato de líder de assentamentos no Pará

A polícia trabalha com a hipótese de que o crime com características de execução tenha motivação na disputa por terras.
A Delegacia Especializada de Conflitos Agrários (Deca) com sede em Santarém, oeste do Pará, assumiu o comando das investigações do assassinato do líder de assentamentos agroextrativistas Elso Sandro Cerqueira Armini, 43 anos, ocorrido no fim da manhã do último dia 8, no município de Placas.
A vítima estava em sua motocicleta em frente a uma farmácia na Perimetral Norte conversando com um casal de amigos, quando surgiu outra motocicleta e o carona atirou acertando a cabeça de Elso Sandro. O líder de assentamentos caiu da moto na calçada da farmácia, onde morreu antes da chegada de socorro.
De acordo com o delegado titular da Deca, Fábio Amaral, pelo fato de Elso Sandro ter sido uma forte liderança dos assentamentos da região do travessão do Pulu, em Placas, supõem-se que ele tenha sido executado devido à disputa por terras naquela região.
“Assim que tivemos notícia do que tinha ocorrido, montamos uma força-tarefa e deslocamos para Placas uma equipe da Inteligência da Polícia Civil, uma equipe da Deca e outra da Superintendência Regional do Tapajós. Fizemos o levantamento dos fatos e está constatado o homicídio com características de execução. Crime provavelmente com motivação de conflito agrário. Estamos trabalhando para identificar os autores e se houve mandante”, explicou Fábio Amaral.
Atentados
Não é a primeira vez que lideranças de assentamentos são alvos de crimes contra a vida no município de Placas. Em janeiro de 2018, Gilson Temponi foi assassinado na porta de sua casa. Ele era presidente da Associação de Agricultores Nova Aliança, que representa os assentamentos Castanheira, Artur Faleiro e Avelino Ribeiro.
Em setembro de 2020, João Batista Luz Lopes, então presidente da Associação Nova Aliança sofreu um atentado e precisou deixar o cargo. Ele deixou inclusive o município temendo ser vítima de outro crime e acabar perdendo a vida, ou que atentassem contra sua família, como já haviam ameaçado.
Elso Sandro foi assassinato dia 8 de fevereiro de 2021, quatro meses após ter assumido o comando da associação que era presidida por João Batista, que foi vítima de atentado em 2020 — Foto: Reprodução/Redes sociais
Com a saída de João Batista da presidência da associação, Elso Sandro que ocupava o cargo de vice-presidente assumiu o comando da associação em setembro de 2020, e de acordo com o filho da vítima, o pai já havia sido ameaçado por pessoas que têm interesses nas terras dos assentamentos.
“Esse tipo de crime tá sempre acontecendo na região. Lideranças dos assentamentos acabam sendo vítimas da ganância de poderosos. Já aconteceu com o Gilson, com o Mineiro, e agora com o meu pai. Ele estava na associação e sofria ameaças. A justiça não faz nada, a justiça abandonou esses casos. Mas eu como filho quero justiça pela morte do meu pai”, disse Rafael Armini.
Crime registrado por câmeras
Era por volta das 11h38 de segunda-feira (8), quando o líder de assentamentos Elso Sandro Cerqueira Armini, de 43 anos, foi assassinado a tiros em frente a uma farmácia da Perimetral norte, no município de Placas, oeste do Pará.
A policia investiga morte de sindicalista no município de Placas
Câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais registraram o momento do crime. Elso Sandro estava em sua motocicleta acompanhado da esposa conversando com um casal de amigos. Quando se preparava para sair do local, foi alvejado com disparos de arma de fogo na cabeça. A vítima caiu da moto na calçada da farmácia, onde morreu em seguida.
No vídeo é possível ver que os tiros foram disparados por um homem que estava na garupa de uma motocicleta Bros de cor vermelha. O atirador nem chegou a descer do veículo que permaneceu ligado pelo condutor, o que facilitou a fuga após o crime ser consumado.
Blog do XAROPE via G1 Santarém 

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